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Mercados internacionais mostram entusiasmo na manhã desta quarta-feira (10); veja os destaques do dia

Mercado espera que a SEC se comunique hoje sobre os ETFs de criptomoedas à vista. No Brasil, recorde histórico do superávit comercial é destaque

Por Matheus Spiess

10 jan 2024, 09:12 - atualizado em 10 jan 2024, 09:12

mercados internacionais
Imagem: Freepik

Bom dia, pessoal. Os mercados internacionais mostram entusiasmo nesta manhã. No cenário global, muitos estão aguardando o comunicado oficial da SEC dos EUA, o xerife do mercado de capitais, sobre os ETFs de criptomoedas à vista. Embora as tensões geopolíticas ainda preocupem os investidores, gerando volatilidade, especialmente nas commodities energéticas, pelo menos essas preocupações parecem não impactar significativamente os ativos nesta manhã.

Os mercados europeus iniciam o dia predominantemente em alta. A agenda do dia destaca a fala do presidente do Banco da Inglaterra, Andrew Bailey, no Parlamento Britânico. Surpreendentemente, ao contrário do que se pensava anteriormente, o BoE pode ser o primeiro grande banco central a flexibilizar a política monetária, considerando que o Reino Unido é uma economia mais sensível aos juros do que muitos mercados desenvolvidos.

Na Ásia, o dia não foi tão otimista, exceto no Japão, onde o principal índice, o Nikkei 225, atingiu o maior nível em 34 anos. Isso ocorre em meio às crescentes expectativas de um adiamento nos planos do Banco do Japão de apertar a política monetária ultra-dovish em 2024, especialmente após um terremoto devastador no centro do Japão. A reconstrução e os esforços de estímulo fiscal após a catástrofe devem compensar em grande parte qualquer ideia de uma política mais restritiva por parte do BoJ, indicando perspectivas positivas para as ações japonesas. Vale ressaltar que o Nikkei já foi o índice de ações com melhor desempenho em 2023, registrando um ganho de 30%, impulsionado principalmente pela postura pacifista do BoJ.

A ver…

· 00:49 — Um superávit histórico

No Brasil, com uma agenda ainda não muito relevante, os investidores estão atentos às declarações das autoridades monetárias, como é o caso hoje do diretor de Política Econômica do BC, Diogo Guillen, que participa de um evento virtual do JPMorgan sobre a conjuntura econômica. Simultaneamente, os conflitos em Brasília continuam chamando a atenção, especialmente com a saga da MP da reoneração da folha. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, pretende resolver a questão até sexta-feira, mas as perspectivas não são tão otimistas, levando a equipe econômica a considerar alternativas.

Enquanto o ambiente político brasileiro não é tão promissor, o mesmo não pode ser dito da balança comercial em 2023. O superávit comercial atingiu US$99 bilhões, 61% acima do recorde de 2022. Esse desempenho excepcional é resultado principalmente do aumento do volume exportado e da diminuição dos preços das importações. No lado das exportações, os destaques são as commodities agrícolas, impulsionadas pelo forte crescimento da safra, e os produtos ligados ao setor extrativo, como petróleo e minério de ferro, com ênfase na aceleração das exportações de minério de ferro.

Olhando para o futuro, mesmo que haja uma normalização após um ano tão robusto (com previsão de menor safra agrícola devido às condições climáticas desfavoráveis causadas pelo El Niño), esperamos continuar observando resultados comerciais estruturalmente sólidos no Brasil. Para 2024, muitas instituições projetam um superávit na ordem de US$90 bilhões, um pouco abaixo de 2023, mas ainda muito acima de anos anteriores. A crescente importância do petróleo na balança comercial, além do tradicional destaque do agronegócio, deverá contribuir para a arrecadação (melhoria fiscal) e o fluxo positivo de dólares, conforme discutido anteriormente.

· 01:51 — Esperando pela correção dos Treasuries americanos

Nos Estados Unidos, as negociações encerraram na terça-feira sem uma direção única, com alguns índices corrigindo os ganhos do dia anterior. No mercado de títulos, houve pouca movimentação, embora o rendimento dos Treasuries de 10 anos tenha aumentado 2 pontos-base, alcançando novamente a marca de 4%. Hoje pela manhã, ele recuou abaixo de 4%, beneficiando os futuros americanos. O grande destaque da semana está reservado para amanhã, quinta-feira, com a divulgação dos dados de inflação de dezembro. Em seguida, a temporada de divulgação de resultados corporativos do quarto trimestre terá início na sexta-feira.

Dependendo do desempenho da inflação amanhã, a perspectiva do renomado investidor de renda fixa Bill Gross (co-fundador da Pimco) pode se confirmar. Ele tem apostado nos últimos meses que a T-note de 10 anos a 4% está valorizada demais. Para se ter uma ideia, os Títulos do Tesouro protegidos contra a inflação com prazos semelhantes e um retorno de 1,8% seriam a escolha mais prudente para quem procura adquirir títulos. Em outras palavras, o yield de 10 anos precisa diminuir. Se isso acontecer, o movimento deverá ser positivo para os ativos de risco, especialmente se vier acompanhado de um programa de flexibilização do Federal Reserve (Fed).

· 02:45 — Atritos em alto-mar

Os rebeldes Houthi do Iémen executaram um dos seus ataques mais significativos com mísseis e drones contra rotas comerciais no Mar Vermelho na noite de terça-feira. Este ataque desencadeou uma resposta de cinco navios de guerra dos EUA e do Reino Unido, que patrulham a região crucial para o comércio global. Dezoito drones, dois mísseis de cruzeiro antinavio e um míssil balístico antinavio foram interceptados pelas forças aliadas, conforme relatado pelo Comando Central dos EUA. O receio de uma escalada do conflito persiste, relacionado à guerra em curso entre Israel e o Hamas na Faixa de Gaza.

Há evidências no mercado de opções que alguns operadores estão se posicionando para um possível aumento das tensões no Oriente Médio. Nos últimos dias, cerca de 30 milhões de barris de petróleo Brent foram negociados em operações estruturadas com opções de compra. Aqueles que investiram nessas operações irão lucrar se o preço do barril do Brent atingir ou ultrapassar US$ 110 até o final de março ou abril, dependendo do contrato. Atualmente, o preço está em US$ 77 por barril. Essa movimentação é interpretada como uma aposta na escalada das hostilidades.

· 03:37 — Guerra Civil na América do Sul

No contexto de uma escalada da violência no Equador, o presidente recentemente empossado, Daniel Noboa, conhecido como o “príncipe das bananas” ou “herdeiro das bananas” devido à sua conexão com o império produtor de bananas (o Equador lidera as exportações mundiais desse produto), oficialmente decretou um “conflito armado interno” no país. Essa declaração, essencialmente, inaugura uma guerra civil contra o narcotráfico. Algumas análises indicam que os acontecimentos atuais têm raízes mais profundas, remontando ao acordo de paz entre o governo colombiano e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) em 2016.

As FARC controlavam as rotas de tráfico de cocaína da Colômbia para os portos equatorianos. Sua desmobilização resultou em um vácuo de poder rapidamente preenchido por cartéis mexicanos, facções equatorianas e até mesmo pela máfia albanesa, que transporta cocaína para a Europa camuflada em carregamentos de bananas. Em poucos anos, o Equador se transformou no maior exportador de cocaína para a Europa. Gradualmente, o país foi envolvido na disputa territorial do narcotráfico.

Anteriormente reconhecido como um dos países mais pacíficos da América Latina, o Equador agora enfrenta uma crise complexa, caracterizada por superlotação nos presídios, corrupção entre políticos, baixos salários dos policiais e ineficiência militar. Esta situação representa a segunda crise com um vizinho brasileiro desde as disputas territoriais da Venezuela com a Guiana em relação a Essequibo, declaradas por Maduro. O cenário é desafiador para a América Latina.

· 04:28 — As previsões do Banco Mundial

O relatório de “Perspectivas Econômicas Globais” do Banco Mundial apresentou projeções para o crescimento do PIB nos próximos cinco anos, mantendo a previsão de 2,4% para o crescimento global em 2024. Esse cenário indicaria o terceiro ano consecutivo de desaceleração, colocando a economia mundial em um desempenho que pode ser o mais fraco em meia década desde 1990, após uma expansão de cerca de 2,6% em 2023. A desaceleração é atribuída aos efeitos retardados do aperto na política monetária, condições financeiras restritivas, além de investimento e comércio globais enfraquecidos, sem mencionar as questões geopolíticas em jogo.

Simultaneamente, os cortes de juros na América Latina abrem caminho para a recuperação do crescimento, à medida que o alívio contínuo na inflação proporciona espaço para uma campanha de relaxamento monetário nos maiores países da região. Nesse contexto, a entidade estima que o PIB latino-americano tenha crescido 2,2% em 2023 e revisou para cima as projeções de crescimento em 2024, passando de 2,0% para 2,3%. No entanto, para o Brasil, a previsão para 2024 é menos otimista, com uma projeção de alta de 1,2%, ligeiramente abaixo da mediana do Focus, que aponta para um crescimento de 1,5%. Como sugeriu Simone Tebet, do Planejamento, nunca se sabe; pode haver surpresas e o país registrar um crescimento de 2%.

· 05:13 — Queimou largada, mas ainda está valendo

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Sobre o autor

Matheus Spiess

Estudou finanças na University of Regina, no Canadá, tendo concluído lá parte de sua graduação em economia. Pós-graduado em finanças pelo Insper. Trabalhou em duas das maiores casas de análise de investimento do Brasil, além de ter feito parte da equipe de modelagem financeira de uma boutique voltada para fusões e aquisições. Trabalha hoje no time de analistas da Empiricus, sendo responsável, entre outras coisas, por análises macroeconômicas e políticas, além de cobrir estratégias de alocação. É analista com certificação CNPI.