Investimentos

Mesmo com a alta recente, preço das ações do Grupo SBF (SBFG3) segue atrativo

As ações do Grupo SBF (SBFG3) ainda estão sub precificadas e podem surpreender o consenso no balanço do 2T24. Entenda por quê.

Por Henrique Cavalcante

24 jul 2024, 11:31 - atualizado em 24 jul 2024, 14:13

Grupo SBF centauro nike SBFG3 (1)
Imagem: Divulgação/Centauro/Marcelo Pereira

O Grupo SBF (SBFG3) divulgará seus números trimestrais referentes ao 2T24 na próxima sexta-feira (26), após o encerramento do pregão.

Com o bom momento das ações da SBFG3, que acreditamos ainda estarem sub precificadas, aproveitamos para compartilhar nossas expectativas atualizadas para o trimestre, 2024 e 2025.

Os números do 2T24 devem ser positivos, com potencial para surpreender o consenso mais uma vez. Esperamos que o filme do trimestre seja parecido: baixo crescimento de receita e margens aumentando – em linha com a estratégia de aumentar a rentabilidade da operação.

O que esperar do Grupo SBF (SBFG3) no 2T24?

As principais alavancas da varejista no trimestre devem passar, novamente, pela evolução no processo de recomposição de preços da Nike/Fisia e por uma operação mais enxuta e eficiente. Inclusive, uma margem bruta maior que o 1T24, sem penalizar demais o crescimento, pode ser um gatilho importante para a revisão de lucros. Além disso, a desalavancagem financeira deve continuar em curso.

De forma mais estrutural, para 2024 e 2025, além desses dois fatores, os investimentos da companhia em capital mais conservadores, melhorias no capital de giro e um melhor resultado financeiro.

Todos esses fatores devem contribuir para um forte crescimento do lucro líquido do Grupo SBF, geração de caixa e zerar a alavancagem financeira.

Sem a presunção de tentar acertar a vírgula dos resultados, nossas projeções têm o objetivo de entender a margem de segurança presente no investimento em SBFG3 hoje.

As variáveis manipuladas foram apenas o ritmo de crescimento da receita e a margem bruta, os principais pontos da tese hoje. Uma vez que os ajustes principais de estrutura já foram realizados, não consideramos ganhos adicionais de eficiência nas despesas (no 2T24 tem efeito base).

O capex e o capital de giro também não mudaram significativamente em relação ao que foi visto no primeiro trimestre.

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Cenário 1. Plano de voo é implementado com sucesso

Elaboração: Empiricus.

Nesse cenário, a receita líquida do Grupo SBF consolidada cresce um dígito baixo, com a redução no nível de descontos tendo um impacto em linha com o esperado no volume de vendas.

Na Centauro, que já vem de uma margem bruta saudável, mas com algum espaço para otimizações na precificação e sortimento, projetamos uma pequena evolução de margem (com baixo crescimento), voltando a operar no patamar de 2019. Enquanto na Fisia, onde a oportunidade é bem maior, a recomposição gradativa dos preços é implementada e, apoiada também pelo crescimento do canal de vendas direto nos últimos trimestres, a margem bruta da Nike passa a operar acima dos níveis históricos.

Nesse cenário, o Grupo SBF estaria negociando a 8 vezes lucros para 2024 e 6 para 2025.

Para ser negociada no P/L precificado atualmente pelo mercado de 11 vezes para 2024 e 8 para 2025, se o cenário 1 se concretizar, as ações da companhia estariam com um upside acima de 30%.

Veja que não estamos colocando na conta uma possível expansão de múltiplos, que não é nada desprezível visto que a companhia negocia em torno de 20% abaixo da média do setor — em nossa visão, mais por uma queda de confiança, dado o potencial de crescimento da Nike (NIKE34) no Brasil.

Se os próximos resultados superarem as expectativas e/ou tivermos um re-rating mais generalizado decorrente de uma conjuntura melhor para a bolsa, o upside deve se tornar bem mais expressivo.

E podemos estressar o cenário…

Cenário 2: Volumes sofrem mais que o esperado com a remarcação de preço

Elaboração: Empiricus.

Aqui, a receita líquida consolidada contrai, com os volumes mais afetados devido às recomposições de preços, principalmente na Fisia.

A evolução da margem bruta, tanto em Nike como Centauro, é a mesma do cenário 1. Ou seja, a companhia seguiu focada em expandir a rentabilidade das operações, mesmo em detrimento de um crescimento negativo.

Nesta situação, o Grupo SBF ainda estaria negociando a 9 vezes os seus lucros para 2024 e 7 para 2025. Novamente sem considerar uma expansão de múltiplos, para ser negociada no P/L precificado hoje, as ações estariam com um upside de 20% nesse cenário bem mais pessimista.

No fim, a mensagem principal é que, nesse nível de preços e com forte expansão de lucros projetada, muita coisa parece estar fora do lugar.

Acreditamos que a grande desconfiança dos investidores hoje reside na capacidade da Nike operar estruturalmente com margens maiores. Em nossa visão, dado que a operação tem apenas 3 anos e passou por melhorias importantes durante esse período, ancorar as expectativas apenas em dados históricos nos parece equivocado – e a surpresa positiva no 1T24 reforçou essa leitura.

Por fim, mesmo com o bom momento das ações no ano (+18%), seguimos convictos de que ainda há boa margem de segurança nas ações do Grupo SBF (SBFG3). Na semana que vem voltaremos com os comentários sobre o resultado do 2T24.

Para ficar por dentro dos próximos resultados da temporada de balanços do 2T24, você pode receber direto no seu e-mail, gratuitamente, as avaliações dos analistas da Empiricus Research. Saiba mais aqui.

Sobre o autor

Henrique Cavalcante

Economista e pós-graduando em Finanças Corporativas pelo Insper, é Analista de Ações na Empiricus desde 2021 e possui a certificação CNPI. Integra as equipes das séries As Melhores Ações da Bolsa e Carteira Empiricus, cobrindo empresas de diferentes setores da economia. Possui experiências anteriores em áreas financeiras na PepsiCo e Santander.