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Meta Platforms (M1TA34) entrega lucro 50% maior no 4T24 e ações respondem com alta; anúncios são destaque positivo

O balanço trimestral da Meta indicou uma companhia com melhores produtos e serviços direcionados. Veja análise.

Por Enzo Pacheco, CFA

30 jan 2025, 11:26 - atualizado em 30 jan 2025, 11:26

meta m1ta34 facebook inc

Imagem: iStock/ Derick Hudson

Após o fechamento dos mercados na quarta (29), a Meta Platforms (B3: M1TA34 | Nasdaq: META) reportou os seus balanços do quarto trimestre de 2024.

Os números vieram acima das expectativas dos analistas, demonstrando a capacidade que a companhia tem tido de conseguir entregar melhores produtos e serviços para seus clientes.

Vendas e receita da Meta crescem no 4T24

Nos três meses encerrados em dezembro, as vendas da Meta foram de US$ 48,385 bilhões, um aumento de 20,6% em relação ao mesmo período de 2023. A empresa encerrou o trimestre com uma média de 3,35 bilhões de usuários diários ativos em seus aplicativos, crescimento de 5% na comparação anual (3,19 bilhões), e uma receita média por usuário de US$ 14,25 (+15,6%).

A receita proveniente dos aplicativos da companhia totalizou US$ 47,302 bilhões (+21,2% vs. 4T23), dos quais US$ 46,783 bilhões (+20,9%) são de publicidade, enquanto o segmento Reality Labs teve vendas de US$ 1,083 bilhão (+1,1%).

O crescimento na receita da Meta de ads (“advertisements“, anúncios em inglês) veio pelo maior número de impressões de anúncios (+6% vs. 4T23) e principalmente pelo preço médio 14% acima do reportado um ano atrás. Esse forte aumento nos preços cobrados se deu pela demanda crescente por anúncios, devido a melhor performance que os ads estão tendo nas suas plataformas.

Companhia segura gastos e eleva lucro operacional em 42%

Por outro lado, os custos e despesas da empresa tiveram aumento de apenas 5%, somando US$ 25,020 bilhões ao final do período. O total gasto no período teve um impacto favorável de US$ 1,55 bilhão por conta da redução em algumas despesas jurídicas.

Isso fez com que os gastos gerais e administrativos representassem apenas 2% da receita (ante 6% um ano atrás), enquanto todas as outras linhas se mantiveram estáveis — custos da receita, 18% (-1 ponto percentual vs. 4T23); pesquisa e desenvolvimento, 25% (-1 p.p.); e vendas e marketing, 7% (-1 .p.p.).

Dessa forma, o lucro operacional da Meta totalizou US$ 23,365 bilhões, valor 42,6% acima do reportado no ano passado e o equivalente a uma margem de 48,3% (+7,5 p.p.).

Importante salientar que o resultado poderia ser ainda melhor, dado que a companhia segue apresentando fortes prejuízos no segmento Reality Labs. No 4T24, foram mais US$ 4,967 bilhões em perdas (+6,9% vs. 4T23), enquanto a parte da Família de Aplicativos teve lucro operacional de US$ 28,332 bilhões (+34,7%), o que representa uma margem operacional do segmento de quase 60%.

Meta consolida lucro 60% maior em 2024

Na linha final de resultado, o lucro líquido da companhia foi de US$ 20,838 bilhões, ou US$ 8,02 por ação, crescimento de 50,5% em relação ao quarto trimestre de 2023. 

Os resultados referentes ao ano de 2024 também mostraram o bom momento da Meta.

A receita líquida no período foi de US$1 64,501 bilhões (+21,9% vs. 2023, +23% excluindo variação cambial), devido ao aumento de 11% nas impressões de anúncios e de 10% no preço médio cobrado dos anunciantes. 

Já os custos e despesas somaram US$ 95,121 bilhões, alta de 7,9% em relação ao ano anterior, permitindo que a empresa melhorasse substancialmente o seu lucro operacional, que totalizou US$ 69,830 bilhões (+48,4% vs. 2023) e uma margem de 42,2% (+7,5 p.p.).

No ano, o lucro líquido da Meta somou US$ 62,360 bilhões, o equivalente a US$ 23,86 por ação, valor 60,5% maior do que em 2023.

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Balano de M1TA34: dividendos, ações e capital investido

Esses ótimos números tem permitido que a companhia continue a investir no negócio (para se aproveitar do avanço da Inteligência Artificial nos próximos anos) assim como retornar altas somas de capital aos seus acionistas.

Em relação ao capex, a Meta investiu US$ 39,255 bilhões em 2024, um aumento de quase 40% em comparação com pouco mais de US$ 28 bilhões gastos no ano anterior. Grande parte desse aumento se deu nos últimos trimestres: no 4T24, por exemplo, o total investido foi de US$ 14,836 bilhões, ante US$ 7,899 bilhões no mesmo trimestre de 2023 (+87,8%).

Já em relação aos proventos pagos, a companhia recomprou quase US$ 30 bilhões de suas ações no ano, além de ter pago mais de US$ 5 bilhões em dividendos no período. 

Expectativas para 2025

Para o primeiro trimestre de 2025 (1T25), a Meta espera reportar receitas entre US$ 39,5 bilhões e US$ 41 bilhões, o que significaria um crescimento de 8% a 15% (+11% a +18%, sem considerar variação cambial) em relação ao 1T24. Apesar de não oferecer projeção para as vendas anuais, a direção acredita que os investimentos feitos no negócio vão permitir à empresa continuar entregando forte aumento de receita ao longo do ano.

Por outro lado, a companhia espera que os custos e despesas de 2025 fiquem no intervalo entre US$ 114 bilhões e US$ 119 bilhões, ou pouco mais de 11% ante 2024, com o principal vetor de alta nessa linha sendo os custos relacionados à infraestrutura (devido às maiores despesas operacionais e depreciação). Os custos com funcionários deve ser o segundo principal fator, com a companhia aumentando sua equipe (que totalizou pouco mais de 74 mil empregados no ano passado, 10% acima do número de 2023).

Inteligência artificial, RayBan e mais novidades

Os investimentos do negócio, conforme anunciado anteriormente pela companhia, devem ficar entre US$ 60 bilhões e US$ 65 bilhões no ano, mais de 50% o valor gasto no ano passado. Importante notar que os receios com os modelos de maior custo-benefício, como o DeepSeek, não afetaram os planos da empresa — o que mostra uma certa confiança da direção na necessidade de continuar gastando altos valores no campo de IA.

Segundo o CEO da Meta, Mark Zuckerberg, o fato da Meta ter alguns dos aplicativos mais utilizados no mundo dá à empresa uma vantagem competitiva interessante na próxima fase da companhia. 

Isso porque o executivo espera que, em 2025, mais de 1 bilhão de pessoas tenham acesso a um assistente de IA altamente inteligente e personalizada, e acredita que a solução da companhia (Meta AI) seja a principal escolha dos usuários. De acordo com Zuckerberg, o Meta AI já e o assistente mais utilizado do mercado.

Além disso, ele acredita que o desenvolvimento de modelos open source de IA, assim como o Llama (desenvolvido pela Meta) sejam mais avançados e utilizados pelo público. 

Sem falar das outras frentes de negócio da companhia, como os smart glasses desenvolvidos junto com a Ray-Ban, que tem sido um sucesso de vendas desde o lançamento. Uma possível adoção em massa dos óculos pode auxiliar o segmento Reality Labs a reduzir os seus prejuízos operacionais e, quem sabe, lucro no futuro — melhorando ainda mais os resultados da companhia.

Como o mercado encarou o resultado da Meta no 4T24?

Os investidores gostaram do que viram, com a ação valorizando quase 2% no pré-market.

Com resultados muito bons, além de uma perspectiva ainda extremamente positiva para o negócio (mesmo com possíveis solavancos no meio do caminho por conta das dúvidas ligadas a necessidade de investimento em IA), seguimos com recomendação de compra para ações M1TA34, que já entregou lucrros de mais de 110% desde a nossa sugestão inicial, e que não deve parar por aí…

Sobre o autor

Enzo Pacheco, CFA

Administrador pela Universidade Federal do Espírito Santo com pós-graduação em Operador de Mercado Financeiro pela FIA, Enzo Pacheco atua desde 2017 com análise de investimentos nos mercados internacionais. Hoje, é responsável pela série MoneyBets, voltada para os investidores brasileiros que querem expandir as fronteiras dos seus portfólios. Possui certificações CFA e CNPI.