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Metalúrgica Gerdau: desempenho morno no 4T22 não apaga bom ano e GOAU4 segue recomendada; saiba mais

Gerdau entregou bom resultado anual na comparação com 2021, que foi o melhor ano de sua história; veja detalhes do balanço e os motivos para manter GOAU4 na carteira

Por Fernando Ferrer

01 mar 2023, 14:52 - atualizado em 01 mar 2023, 14:52

Metalúrgica Gerdau (GOAU4)
Imagem: Divulgação

A Metalúrgica Gerdau (GOAU4) divulgou seus números referentes ao último trimestre de 2022 (4T22). Prejudicada por uma menor demanda por aço no período, a companhia entregou um resultado morno, em linha com as nossas expectativas e do mercado.

A produção de aço bruto no período foi de 2,8 milhões de toneladas, -12,6% em relação ao mesmo período em 2021.

A desaceleração na comparação anual já era esperada e foi observada nos últimos 3 trimestres, devido à forte base comparativa.

O volume de vendas no 4T22 acompanhou a menor produção, mas sofreu ainda um impacto adicional na demanda em função das eleições e da Copa, que reduziram os pedidos e contribuíram para a queda de -15,6% em relação ao 4T21.

A receita líquida atingiu R$ 18,0 bilhões no 4T22, queda de -16,7% na comparação anual, reflexo do resultado de vendas.

No ano, o número foi de R$ 82,4 bilhões, 5,2% superior ao registrado em 2021, beneficiado pelo melhor preço médio praticado e demanda ainda resiliente nos trimestres anteriores.

Crescimento no custo das vendas pede atenção

A pressão de custos segue como um ponto de atenção. Apesar de menor neste trimestre (-8,1% vs 4T21), o resultado de 2022 da Gerdau foi prejudicado devido ao crescimento nos custos das vendas, que avançaram 10,6% na comparação anual.

Isto, somado a queda no volume de vendas, implicou em uma pressão de -3,8 pontos percentuais na margem bruta do ano, que encerrou em 22,8%.

As despesas com vendas, gerais e administrativas (SG&A) como percentual da receita líquida cresceram marginalmente no trimestre (+0,6 p.p vs 4T21), mas, no ano, se mantiveram estáveis em relação a 2021, em 2,7%.

Assim, o Ebitda ajustado no 4T22 foi de R$ 3,6 bilhões, redução de -32,4% na comparação anual, com margem de 20,2% (-5,2 p.p vs 4T21).

No ano, o Ebitda atingiu R$ 21,5 bilhões (-7,4% vs 2021) e margem de 26,1%, -3,5 pontos percentuais inferiores na comparação anual.

Gerdau fecha ano com maior fluxo de caixa livre da história

O fluxo de caixa livre (FCL) no 4T22 ao contrário dos últimos trimestres, não foi de grande destaque, alcançando R$ 3 bilhões.

No ano, a Gerdau consolidou sua maior geração de FCL da história, no valor de R$ 10,5 bilhões, resultado de um Ebitda resiliente, disciplina na alocação de capital e gestão eficiente do capital de giro. Assim, a companhia encerra 2022 com um saudável nível de alavancagem, em 0,3x Dívida Líquida/Ebitda.

A companhia anunciou que aprovou R$ 5 bilhões em CAPEX para 2023, que serão distribuídos em projetos relacionados à manutenção, expansão e atualização tecnológica, fundamentais para suprir o crescimento e manter a competitividade da companhia.

Por fim, apesar do 4T22 mais fraco, a Gerdau entregou um bom resultado anual em comparação a 2021 — que foi seu melhor ano da história.

2023 apresentará desafios, mas GOAU4 segue como recomendação de compra

Olhando para 2023, acreditamos que não será um ano brilhante para a metalúrgica, onde suas margens devem seguir pressionadas em função da inflação global e a demanda por aço ainda morna, tendo em vista as projeções de crescimento econômico global.

Contudo, apesar do curto prazo mais difícil, a companhia negocia a atrativos 3,5 EV/Ebitda, possui um programa robusto de recompra ativo e dividend yield de 15% projetado para 2023.

Além disso, empresas desalavancadas e com forte geração de caixa, como a Gerdau, são um porto seguro no momento atual de taxas de juros muito elevadas.

A Gerdau (GOAU4) segue como uma recomendação de compra da Empiricus Research

Sobre o autor

Fernando Ferrer

Graduado em Engenharia Mecânica pela UFRJ e com MBA em Finanças pela mesma instituição, Fernando Ferrer atua na Empiricus como analista de investimentos há 5 anos cobrindo os setores de Varejo, Saúde e Infraestrutura. Atualmente, é responsável pela série best-seller As Melhores Ações da Bolsa e faz parte da equipe que comanda o Carteira Empiricus, o portfólio multimercado que é o carro-chefe da casa.