A gigante Microsoft (Nasdaq: MSFT | B3: MSFT34) divulgou ontem (25) seus resultados referentes ao segundo trimestre de 2023.
Desde o início de 2023, o setor de tecnologia acumula ganhos importantes. A Microsoft, até o fechamento de ontem, subia cerca de 47%, uma performance excepcional, especialmente se considerarmos que ela já é a segunda maior empresa do mundo (atrás apenas da Apple).
No consolidado, a receita somou US$ 56,2 bilhões, um crescimento de 8% frente ao ano passado, ou 10% em moeda constante.
Entre os investidores, a expectativa era de receitas de US$ 55,5 bilhões.
A divisão Intelligent Cloud brilhou
Entrando em detalhes, mais uma vez, merece destaque a vertical “Intelligent Cloud”, que compila o Azure, o serviço de computação em nuvem, que cresceu 26% na comparação anual, além dos tradicionais SQL Server e Windows Server.
Mesmo diante das pressões dos clientes por otimizar workloads, reduzir custos gerais de infraestrutura em nuvem e postergar projetos que não sejam vitais, o crescimento foi notável.
Apesar de não crescer mais num ritmo absurdo, superior a 40% ao ano (como durante a pandemia), é difícil argumentar que os números sinalizam uma recessão, ao menos quando o assunto é cloud computing (isso não quer dizer que você não verá notícias com manchetes negativas por aí, afinal, elas dão mais cliques).
More Personal Computing (PCs e Xbox) encolheu
Na linha “More Personal Computing”, que agrega as linhas de negócio de PCs e Xbox, a receita encolheu 4% contra o 2T23, totalizando US$ 13,9 bilhões.
Os grandes vilões do segmento foram novamente as vendas de PCs, que desaceleraram 20% na comparação anual.
Compensando parcialmente a desaceleração no mercado de computadores, as receitas advindas do Xbox e seus serviços cresceram 5% na comparação anual.
Fazia tempo que essa linha de negócios não apresentava crescimento, apesar de todos os investimentos, especialmente as aquisições.
Por falar nelas, o mercado aguarda a conclusão da novela envolvendo a aquisição da Activision Blizzard. Há cerca de 12 meses, a Microsoft fez uma oferta (aceita pelos acionistas), de comprar por US$ 69 bilhões a maior publisher independente de games do mercado.
A aquisição está pendente de aprovação de órgãos reguladores no mundo inteiro, num processo marcado por idas e vindas complexas.
Nossa opinião é que o desfecho será positivo para a Microsoft, porém não terá impacto material nas ações.
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Productivity and Business Processes teve crescimento anual
Na linha “Productivity and Business Processes”, que compila as receitas com Office 365, do Linkedin e do Dynamics, as receitas totalizaram US$ 18,3 bilhões, crescimento de 10% contra o 2T22 e 12% em moeda constante.
Interessante notar que, ao analisar os números, nota-se que no segmento comercial (ou seja, corporativo), o Office apresentou um crescimento de 15%. No segmento pessoal, porém, as receitas avançaram apenas 3%.
Em outras palavras, o segmento corporativo novamente carregou o resultado nas costas.
Num ambiente econômico incerto como o atual, em que as empresas buscam otimizar ferramentas, a Microsoft é sem dúvidas um dos fornecedores mais completos.
Se ela não oferece as melhores ferramentas para todos os segmentos, ela sem dúvidas oferece produtos bons o suficiente para quebrar um galho enquanto o cenário não se torna menos volátil.
Também foi do Office as notícias recentes que ajudaram a puxar as ações da Microsoft: em breve, o Copilot — assistente de inteligência artificial para os principais softwares da empresa — estará disponível para os clientes nos EUA, por um valor mensal de US$ 30 por usuário, somando-se ao valor padrão da subscrição ao bundle do 365.
Essa nova avenida de crescimento, em nossas estimativas, pode adicionar mais de US$ 8 bilhões em lucro líquido para Microsoft nos próximos anos (como referência, a Microsoft lucrou US$ 72 bilhões em 2022).
O destaque negativo, em minha opinião, foi o Linkedin, que cresceu apenas 5% na comparação anual.
Em certa medida, a desaceleração do Linkedin sinaliza alguma fraqueza no mercado de trabalho, ainda que na margem.
Sobre a rentabilidade, a receita operacional somou US$ 24,3 bilhões, um crescimento de 18% na base anual e 21% em moeda constante.
O lucro por ação foi de US$ 2,69, um crescimento de 21% versus 2022, acima do esperado pelo mercado.
O que achamos, afinal?
No geral, os números foram sólidos, porém não surpreendentes (como aconteceu no caso do Google).
Em resposta aos números, as ações estão relativamente paradas no pregão noturno, caindo menos de 1%.
A empresa vai realizou também sua teleconferência e compartilhou seu guidance para o próximo trimestre. Essa informação tem muito potencial de movimentar o preço da ação, e estaremos de olho.
Negociada a 33x os lucros estimados para os próximos 12 meses, a Microsoft faz parte do portfólio MoneyBets Revolution da Empiricus Research, que investe em teses especulativas relacionadas à tecnologia.