Na última quinta-feira (10), a Mitre (MTRE3) divulgou seu resultado operacional do terceiro trimestre (3T22), com números ligeiramente abaixo das estimativas do consenso.
A companhia realizou dois lançamentos no trimestre: o Haddock 885 (primeiro empreendimento da linha Mitre Exclusive Collection, voltada para o altíssimo padrão) e o Raízes Reserve, localizado Vila Prudente (São Paulo), totalizando um VGV de R$ 547,7 milhões, crescimento de 89% em relação ao 3T21. Até o início deste mês, ambos os projetos alcançaram velocidade de vendas próxima de 25%.
Em suma, as vendas líquidas da companhia foram de R$ 165 milhões no período, 21% acima do 3T21. A receita líquida foi de R$ 171,4 milhões no período, alta de 11,2% em relação ao 3T21.
Por mais que seja uma linha crescente, o nível de distratos continua controlado, na casa de 1,8% da carteira, assim como a inadimplência, que ficou em 0,01%. O LTV (loan-to-value), que consiste no percentual do valor do imóvel que será concedido em financiamento, permanece saudável em 40,4%.
Diante de um cenário ainda desafiador na cadeia de suprimentos e no custo de mão de obra neste ano, a margem bruta ajustada foi de 29,53% no 2T22, queda de 7,2 p.p. na comparação com o mesmo trimestre do ano anterior. Por outro lado, nota-se uma melhora no indicador ao analisar o 2T22, influenciado pelo lançamento do Haddock 885.
Já o resultado bruto a apropriar foi de R$306,3 milhões, com margem de 37,4%.
Nas linhas finais, o resultado foi positivamente impactado pela variação do Total Return Equity Swap, que considera a oscilação no preço da ação (MTRE3). Desconsiderando este montante, o lucro líquido ajustado foi de R$ 8,6 milhões no 3T22, abaixo da comparação anual.
MTRE3 aprova distribuição de dividendos e segue como recomendação de compra
Na sequência, a companhia aprovou a distribuição de dividendos no montante total de R$12,4 milhões, equivalente a R$0,117 por ação ordinária.
No endividamento, a companhia encerrou o 3T22 com dívida líquida de R$ 154,7 milhões, após emissão de CRI nos últimos meses – no total, a relação dívida líquida / PL é de aproximadamente 15%, patamar que consideramos saudável.
Como evento subsequente, a Mitre lançou em outubro o Raízes Premium Butantã, com VGV de R$ 454 milhões e 30% vendido nos primeiros dias após seu lançamento, movimento bem interessante.
Ainda em cenário desafiador para as incorporadoras, a Mitre foi capaz de gerar números regulares para o trimestre, mesmo com um recuo das margens – vale citar que, com a desaceleração dos custos (arrefecimento do INCC), há possibilidade de um princípio de retomada das margens do setor.
Negociando a 2,5 vezes os seus lucros para 2023, a Mitre (MTRE3) segue como recomendação de compra da Empiricus.