Nesta quarta-feira (9), a Mitre (MTRE3) divulgou seu resultado operacional do segundo trimestre do ano (2T23), com números impactados por eventos isolados.
Conforme adiantado na prévia operacional, o lançamento do trimestre (abril) foi o ML Brooklin, localizado no bairro do Brooklin, em São Paulo. O Valor Geral de Vendas (VGV) do empreendimento é de R$ 208 milhões (R$ 104 milhões no %Mitre), sendo que 27,7% das unidades foram vendidas até o início de agosto.
A receita líquida foi de R$ 180,5 milhões no trimestre, cerca de 2,5% abaixo na comparação anual. A margem bruta também apresentou retração (-7,6 p.p.), encerrando o período na casa de 23,7%.
Além do carrego de operações com margens menores (safra de 2020 e 2021), dois eventos isolados impactaram negativamente os números:
- i) oscilação no reconhecimento de receita (POC) em função da evolução das obras;
- ii) ajuste a valor presente da carteira de recebíveis.
Este movimento proporcionou uma queima de caixa no trimestre, que pode pressionar a performance da ação no pregão de hoje.
Lucro líquido foi de R$ 55,9 milhões no 2T23
Em contrapartida, a companhia realizou movimentos interessantes no contexto financeiro, a partir da venda de participação (35%) no projeto Haus Mitre NY (Michigan) e do retorno da operação de Total Return Swap (TRS).
Com isso, o lucro líquido atingiu R$ 55,9 milhões no período, totalizando R$ 74,6 milhões no semestre. O ROE dos últimos 12 meses atingiu 9,2%, mais próximo do objetivo da companhia (ROE de dois dígitos).
Diante do resultado, a Mitre optou por realizar uma distribuição extraordinária de dividendos, na casa de R$ 53 milhões (R$ 0,50 por ação), o que representa um dividend yield interessante de 7%.
Ao final do período, a companhia segue com um endividamento controlado, na casa de 35% do patrimônio líquido. Além disso, a Mitre segue com uma safra de estoque recente (cerca de 91% só será entregue a partir do 2S24), o que é importantíssimo para suportar este período menos favorável no mercado imobiliário.
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MTRE3: recomendação de compra
Para o 3T23, a empresa já informou a realização de dois lançamentos: o Haus Mitre Capote Valente (VGV de R$ 270 milhões) e o MEC GIO (VGV de R$ 230 milhões).
Ou seja, na parcela operacional, a melhora no ambiente doméstico ainda não trouxe reflexos positivos para a Mitre. A partir do segundo semestre, com estabilização das margens e lançamentos mais assertivos, espera-se que a companhia volte a gerar lucro operacional.
Além disso, no médio/longo prazo, a empresa pode aproveitar as mudanças do Plano Diretor (SP) e do programa Minha Casa Minha Vida (apropriado para o landbank da linha Origem).
Negociando a 0,74 P/B e 8 vezes os seus lucros para 2023, a Mitre (MTRE3) segue com recomendação de compra da Empiricus.