O cenário atual joga a favor das ações de produtoras de commodities – principalmente de petróleo – e também de bancos. É o que disse Felipe Miranda, CIO e estrategista-chefe da Empiricus, em sua live semanal no Instagram (ofelipe_miranda), neste domingo (03/10).
O choque de oferta de gás na Europa e na China expõe vulnerabilidades para o crescimento das economias. O Reino Unido vem sofrendo escassez de combustíveis nos postos. O momento é de forte pressão sobre os preços do petróleo e todos os seus derivados.
Ao explicar sobre a crise energética global, Felipe disse que Vladimir Putin, o presidente da Rússia, um dos maiores países fornecedores de gás, está controlando a oferta e a cotação do combustível.
No entanto, de forma geral, a redução dos investimentos em combustíveis fósseis em prol das energias renováveis, justamente um momento desafiador em que as cadeias produtivas ainda estão desbalanceadas, precisando atender a volta rápida da demanda pós pandemia, gerou dificuldades de suprimento energético.
“A transição do fóssil para novas fontes de energia tem que ser mais bem organizada. O discurso ESG é válido, é bonito preservar o meio ambiente e devemos defender isso, mas essas coisas não acontecem do dia para a noite. E, nesse cenário, a conclusão é que é para comprar petróleo”, comentou.
O rotation trade, isto é, a rotação setorial está de volta. Segundo Felipe, nas últimas semanas, houve uma corrida no mercado em direção às companhias cujos fluxos de caixa estão no presente e que se beneficiam, em termos relativos, das altas taxas de juros. “O mercado está batendo nas empresas de crescimento, nas techs e em tudo o que é high quality ou múltiplo alto para comprar commodities e bancos. E eu acredito que esse movimento vai ganhar força porque me parece que os rendimentos dos Treasuries de 10 anos dos Estados Unidos podem buscar níveis de 1,75% ao ano”, explicou.
Faz sentido ter commodities e bancos um pouco mais pesados na carteira no curto prazo – Felipe Miranda
Em sua live, como não poderia faltar, ele comentou sobre diversos tickers e eu trago aqui os principais pontos:
Petrobras (PETR4) e 3R Petroleum (RRRP3): combinação para os próximos meses
Conforme Felipe, diante dos desafios energéticos globais e da proximidade do tapering, retirada gradual dos estímulos monetários pelo FED, banco central americano, o setor de petróleo tende a performar bem.
“Então, eu iria com Petrobras, que é a blue chip nessa história, e com a barata do setor entre as companhias privadas que é a 3R, pois vejo mais potencial do que a PetroRio (PRIO3)”, afirmou o analista que já entregou 502% de retorno a quem segue a sua carteira Oportunidades de Uma Vida desde 2015.
A Vale (VALE3) segue atrativa
Para o estrategista-chefe da Empiricus, mesmo com as recentes quedas do preço do minério de ferro, as ações da Vale seguem atrativas e com alto potencial de valorização no médio e longo prazo.
Felipe comentou em diversas ocasiões que a cotação do minério acima de US$ 200 por tonelada era insustentável e que seria natural ocorrer uma correção. Mesmo com o minério no longo prazo abaixo de US$ 100 por tonelada, a empresa tem condições de gerar caixa de forma consistente, pois tem custos de produção eficientes e consegue vender o seu minério de alta qualidade com prêmio em cima do preço do mercado internacional.
“Essa é a minha posição favorita do setor de metais e mineração, tem boa assimetria e paga bons dividendos. O múltiplo é baixo ainda, a ação está barata”, destacou.
O múltiplo é de pouco mais de 3x Ev/Ebitda para 2022, o que representa um desconto em relação às suas concorrentes australianas.
Cosan (CSAN3) é a queridinha, mas Raízen (RAIZ4) também é interessante
Na live, Felipe disse aos seus seguidores que a Cosan (CSAN3) continua sendo a maior posição da sua carteira Oportunidades de uma Vida.
Ele já se manifestou sobre o negócio, que na sua visão, é bem administrado e diversificado, uma vez que a companhia atua nas áreas de energia, lubrificantes e logística.
Contudo, ele vê alto potencial na Raízen – joint venture entre a Cosan e a Shell, que fez seu IPO em agosto deste ano, levantando R$ 6,9 bilhões, que serão direcionados para acelerar seu crescimento – novas plantas, parques de bioenergia, infraestrutura de armazenagem e logística.
A empresa, que possui múltiplo atrativo, é beneficiada pela alta do preço do açúcar e do etanol. “A companhia deve vir com um resultado espetacular. Está andando muito bem. Eu teria Raízen também”, ressaltou.
BDRs da XP Inc valem a pena?
Os BDRs da XP Inc, certificados que representam as ações da corretora listada nos Estados Unidos, começam a ser negociados nesta segunda-feira (4/10) na B3. O ticker é XPBR31.
Esse lançamento marca a saída do Itaú do capital da XP. Com essa cisão, aproximadamente 90 milhões de BDRs passarão a ser negociados na Bolsa brasileira, representando cerca de R$ 20 bilhões.
Com isso, os investidores brasileiros poderão ter acesso direto na B3 aos papéis da XP, que tem capital aberto na Nasdaq.
Felipe foi direto ao ponto ao comentar em sua live: “A XP é vencedora, uma empresa bem tocada, apesar de eu achar o múltiplo um pouco alto”, disse.
Portanto, é uma empresa que vale a pena entrar, a depender de uma análise do nível de preço.
Infracommerce (IFCM3) tem espaço para andar
No início da semana passada, a Infracommerce, provedora de soluções para e-commerce e Customer Experience as a Service (CXaaS), anunciou a compra da concorrente Synapcom, por R$ 1,2 bilhão.
Com a transação, a companhia agregou à sua carteira clientes como Samsung, Philips e Porto Seguro, além de uma receita recorrente anualizada de R$ 275 milhões.
Em nota, a Infracommerce informou que se encontra com uma receita anual líquida recorrente de R$ 710 milhões, cerca de três vezes a receita total apurada no ano de 2020”.
De acordo com Felipe, apesar de tudo isso, a ação da empresa ainda não andou e é uma oportunidade de compra.
“Essa grande aquisição é transformacional, muda a companhia de patamar, representa crescimento mais rápido, uma boa cadeia de clientes e maiores margens”, destacou.
A notícia de um banco que vai comprar uma empresa de tecnologia: BPAN4 e MOSI3
Neste domingo, Lauro Jardim, colunista de O Globo, escreveu que hoje seria anunciada a primeira fusão de um banco listado em Bolsa com uma empresa de tecnologia, também com ações na B3 – mas sem revelar os nomes.
Essa nota despertou muita curiosidade e discussões nas redes sociais e Felipe Miranda chamou seus seguidores para discutirem quais seriam as possíveis empresas.
Inicialmente, Felipe Miranda descartou os grandes bancos por se tratar de uma fusão. Então, pressupôs que a transação envolveria o Banco Inter (BIDI11) ou o Banco Pan (BPAN4). E, do outro lado, como companhias prováveis: Méliuz (CASH3), Bemobi (BMOB3), Mosaico (MOSI3), Dotz (DOTZ3) e Neogrid (NGRD3).
E, eis que, por coincidência, no final da live, saiu a notícia no Estadão de que o Banco Pan anunciou a fusão com a Mosaico, dona dos sites Buscapé, Zoom e Bonfaro. Com isso, o Banco Pan, que é controlado pelo BTG, pretende acelerar a sua estratégia na área de marketplace.
Na live deste domingo, Felipe Miranda também falou sobre sobre as incorporadoras Mitre (MTRE3) e Direcional (DIRR3), sobre as varejistas Magazine Luiza (MGLU3) e Marisa (AMAR3). Ele também explicou sobre a polêmica em torno da Instrução 476 da CVM sobre IPOs com esforços restritos. Assista ao vídeo completo clicando aqui.
Além disso, eu gostaria de te contar que o Felipe abriu sua série Palavra do Estrategista, totalmente de graça, por 30 dias.
Os objetivos são dar acesso à lista de 24 ações promissoras que fazem parte da carteira Oportunidades de Uma Vida e aos relatórios, e ainda contribuir com educação financeira e informações sobre o mercado por meio de aulas, plantões de dúvidas online e acesso ao grupo exclusivo no Telegram.