O Itaú Unibanco (ITUB4) divulgou ontem (7), após o fechamento do mercado, seus números do 4T22. O resultado veio em linha com a expectativa, o que já é um grande alívio para qualquer credor das Americanas.
Mesmo com o efeito negativo da varejista, o banco entregou um lucro líquido de R$ 7,7 bilhões, com retorno sobre patrimônio líquido de 19%, um bom patamar. Sem esse efeito, estimamos que o ROE teria sido de 23%, com uma melhora sequencial de rentabilidade.
A carteira de crédito cresceu 3% na comparação trimestral, totalizando R$ 1,1 trilhão. A alta foi puxada por crédito imobiliário (+5%), cartão de crédito (+5%) e pelo portfólio do Chile (+11%).
A companhia ainda teve um ganho de spread, que ficou em 8,7% no trimestre (em bases anuais), ganho de 0,1p.p. contra o tri anterior. A melhora veio principalmente do custo de captação mais baixo, já que a carteira de crédito vem se tornando mais conservadora.
Puxada pelo caso Americanas, inadimplência cresce 23% no trimestre
Agora, vamos ao grande ponto de atenção: como era esperado, a inadimplência subiu, mas bem menos para Itaú do que para Santander, que divulgou seus números na semana passada.
No caso do Itaú, a despesa total de inadimplência foi R$ 9,8 bilhões, crescimento trimestral de 23%, principalmente pelo caso Americanas.
O banco provisionou 100% da sua exposição à varejista, de R$ 1,3 bilhão, como perda de crédito, o que consideramos uma decisão acertada, já que “zera a pedra” e permite ao investidor olhar adiante. Excluindo esse efeito, a despesa de inadimplência teria crescido 6% trimestralmente, algo ainda controlado.
Itaú destoa positivamente dos principais pares
Por sua vez, a margem com o mercado, que reflete o resultado da tesouraria, foi uma surpresa positiva: a linha veio em R$ 748 milhões, sendo que esperávamos R$ 500 milhões. Mais uma vez, esse resultado destoa dos principais pares privados, que vêm entregando prejuízos nessa frente.
As receitas de serviços somaram R$ 12,5 bilhões, crescimento anual de 5%. Os destaques foram a receita de cartões (+34%) e o resultado de seguros (+24%), que mais que compensaram a perda em serviços de conta corrente (-12%). O banco vem intencionalmente desacelerando essa linha, porque adotou a estratégia de isentar alguns pacotes de tarifas para PFs e PJs.
Já as despesas administrativas cresceram 5% trimestralmente, reflexo do reajuste coletivo de 8% aplicado em setembro. Mesmo assim, o índice de eficiência, que relaciona essas despesas com as receitas totais, ficou estável em 41%.
A performance resultou em um lucro líquido de R$ 7,7 bilhões e em um ROE de 19%. Com isso, o banco cresceu seu lucro de 2022 em 15% e entregou seu guidance para o ano.
Estimamos que, sem o efeito Americanas, a linha final teria vindo ainda melhor: R$ 9 bilhões, com ROE de 23% – acima dos 21% do 3T22 e superando o guidance do ano.
Depois de mais um resultado sólido, ITUB4 segue como recomendação de compra
Por fim, a companhia ainda divulgou suas expectativas para o ano de 2023. Como pontos positivos, destacamos o forte crescimento projetado para a margem com clientes (+15%) e para a receita de serviços (+9%).
Do lado negativo, a despesa de inadimplência foi projetada em R$ 39 bilhões, crescendo acima da margem com clientes, portanto com alguma perda de margem ajustada ao risco.
No todo, consideramos que o resultado foi sólido; e que o guidance de 2023 é positivo diante do momento delicado para o crédito no Brasil. É provável que o Itaú continue performando melhor que os pares. A Empiricus Research tem uma recomendação de compra para Itaú Unibanco (ITUB4).