Nesta quarta-feira (8), a MRV &Co (MRVE3) divulgou seus resultados operacionais referentes ao 4T22, com números ligeiramente abaixo das nossas estimativas e do mercado.
Em suma, boa parte dos números já haviam sido expostos na prévia operacional, publicada em janeiro.
Os lançamentos (% MRV) totalizaram R$ 3,48 bilhões de Valor Geral de Vendas (VGV), aumento de 7% em relação ao ano anterior.
As vendas líquidas, influenciadas por eventos não recorrentes (Eleições e Copa do Mundo), recuaram 14% no período, atingindo R$ 2,06 bilhões.
A companhia chamou atenção para a elevação do ticket médio, que saltou 23% na comparação anual, fator essencial para a recuperação da margem bruta de novas vendas (29% no 4T22).
No consolidado do ano, a margem bruta de novas vendas atingiu média de 26%, superando os dois anos anteriores (19%), mas ainda abaixo da média histórica.
Espera-se que a recuperação da margem bruta contábil ocorra gradualmente, à medida que as safras de 2020-2021 diminuam sua representatividade nos resultados reportados.
MRV Incorporação e Resia registram prejuízo
Na MRV Incorporação, a receita líquida atingiu R$ 1,56 bilhão (1% abaixo das nossas estimativas), queda de 14% em relação ao 4T21.
Diante do carrego de operações com baixa rentabilidade e do resultado financeiro negativo, esta linha reportou prejuízo líquido de R$ 114 milhões no trimestre e ficou abaixo das nossas expectativas (- R$ 93 milhões).
A operação norte-americana (Resia) também registrou prejuízo líquido, na ordem de R$ 21 milhões. Vale citar que a Resia recentemente passou por um processo de reestruturação, com um lay-off de 25% do quadro de funcionários.
Apesar do segmento multifamily ter bom desempenho histórico nos EUA, temos uma visão cética sobre a rentabilidade de curto prazo da empresa neste momento, seja na locação ou na venda de empreendimentos.
Ao final do trimestre, a MRV &Co reportou uma queima de caixa de R$ 535 milhões, encerrando o ano com a marca histórica de – R$ 2,23 bilhões.
O endividamento líquido alcançou R$ 4,5 bilhões (Dívida líquida + Imóveis a pagar / PL Total de 63%), se aproximando cada vez mais do covenant (65%), fator que tem chamado a atenção dos credores.
MRVE3: Empiricus tem recomendação neutra para a ação
Por mais que a foto de 2022 seja desafiadora, a mensagem da administração na teleconferência dos resultados trouxe otimismo para os investidores, especialmente para desalavancagem.
Entre os pontos abordados, destaque para a sinalização de um bom volume de vendas neste início de 2023 e as estimativas positivas envolvendo o programa habitacional Pode Entrar em São Paulo.
Ainda assim, nossa visão sobre o papel de MRVE3 segue neutra, com viés negativo para a performance operacional de curto prazo, especialmente quando analisamos o guidance apresentado no MRV Day, que estima uma recuperação contundente de rentabilidade e geração de caixa nos próximos três anos.