O Presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, foi bastante claro e direto em dizer que a autoridade monetária é contra a mudança da meta de inflação agora.
O tema foi abordado durante entrevista ao programa Roda Viva na última segunda-feira (13).
Ao contrário do que se almeja com a mudança, o aumento da meta geraria uma perda de flexibilidade. Ademais, o movimento não contribui para um fator importantíssimo para a condução de política monetária: a credibilidade da autarquia.
Como bem pontuou o Presidente, além da estabilidade dos preços, é necessário trabalhar pela estabilidade dos preços com estabilidade de regras.
Roberto Campos Neto também usou um tom bastante conciliador em relação ao governo e reforçou sua disponibilidade em trabalhar em conjunto com as autoridades fiscais.
Mercado aprovou tom de Campos Neto
De maneira geral, a entrevista foi bastante transparente, sem deixar nada a desejar no quesito profundidade. Não por coincidência, o mercado brasileiro abriu em bom tom nesta manhã, com queda dos juros futuros e apreciação do nosso real.
A verdade é que o debate sobre a mudança da meta de inflação hoje ultrapassa a esfera técnica e adentra o âmbito político. Mistura-se à discussão sobre uma possível mudança na inflação basal global, esforços retóricos contra a autonomia do banco central e a própria personificação de um vilão econômico na figura do presidente do BC.
Nesse sentido, o resultado de uma possível mudança deve ser negativo, ainda que a decisão vá pela direção correta. Mesmo na esfera técnica, a incerteza em relação ao nível de inflação, que deve servir como nova baliza para as economias globais nos próximos anos, ainda é muito alta.
Temos visto o próprio banco central americano (Fed) tateando os indicadores econômicos diariamente e calibrando narrativas e decisões a cada reunião. É no mínimo questionável se antecipar ao próprio Fed em relação ao nível de inflação sustentável por lá.
CMN discutirá meta de inflação na quinta?
Nesta quinta-feira (16), o Conselho Monetário Nacional (CMN) se reúne em meio a uma expectativa de antecipação da discussão sobre a revisão da meta de inflação, que deveria acontecer apenas em junho. A definição do tema, sem dúvida, retiraria um ponto de incerteza e fonte de volatilidade de curto prazo, contudo, não vemos uma definição do tema nesta semana.
Em relação às estratégias de investimento, a nossa percepção é de que os títulos pós-fixados de curto prazo continuam entregando a melhor relação risco retorno para o investidor pessoa física. Para os prazos mais longos, os títulos indexados à inflação, isentos de IR, estão oferecendo uma oportunidade em juros reais.
Veja o cardápio de renda fixa da semana
Todas as recomendações abaixo são títulos que contam com a proteção do Fundo Garantidor de Créditos, contudo, o investidor precisa se certificar de que não ultrapassou o limite de R$ 250 mil por instituição. Outro ponto importante é que, para a sua reserva de emergência, isto é, para aquele dinheiro que você pode precisar no curtíssimo prazo e que precisa estar disponível imediatamente, recomendamos o Tesouro Selic ou fundos DI taxa zero.
*O trecho e as indicações acima foram tiradas do relatório da série Super Renda Fixa, da Empiricus, comandada por Lais Costa e Diego Bleinroth. Os assinantes da série têm acesso aos relatórios completos, com informações a respeito do mercado brasileiro e internacional, além das tradicionais recomendações.