Desde o início do ano, as ações da Petrobras (PETR4) sobem mais de 30%, enquanto Banco do Brasil (BBAS3) disparou mais de 50%, respondem por duas das principais contribuições positivas à performance do nosso book de ações de nossas carteiras no período.
Pouquíssimos investidores conseguiram pegar esses ganhos e os leitores da série Double Income fazem parte desse seleto grupo. A maioria do pessoal ficou de fora por causa da falácia da conflação, muitas vezes alimentada por posições ideológicas e pelo provincianismo da Faria Lima.
Veja, você pode cultivar a ideologia que quiser na vida política. Mas evite levar isso para dentro das quatro linhas do mercado financeiro. Decisões de investimento tomadas com base em ideologia costumam custar caro. Afinal, você não precisar estar construtivo com o país para ganhar dinheiro neste ciclo.
No caso de PETR e BBAS, tínhamos uma história prontinha para ser digerida, igual picanha uruguaia ao ponto. Duas estatais inseridas em contextos monopolistas em um primeiro ano de governo de esquerda, liderado por um Lula de discurso raivoso.
O que vai acontecer?
Para a vasta maioria do mercado, a resposta era fácil e rápida: PETR e BBAS são dois papéis fadados ao fracasso.
É claro, muita coisa ainda pode acontecer, mas lucros de como esses em 2023 não se parecem muito com um enredo de fracasso.
Só conseguimos escapar dessa falácia da conflação aqui por desconfiarmos que muitas coisas poderiam acontecer com duas estatais inseridas em contextos monopolistas em um primeiro ano de governo de esquerda, liderado por um Lula de discurso raivoso.
Por isso, Nassim Taleb gosta de dizer que x não é f(x).
O fato em si e a exposição ao fato são variáveis potencialmente díspares; dependem de uma complexa lista de correlações cruzadas, derivadas parciais e feedback loops por vezes imprevisíveis. Algumas dessas coisas seriam péssimas, outras seriam ruins, algumas outras médias e até mesmo boas.
E essa combinação de coisas – péssimas, ruins, médias e boas – remetia a um preço melhor do que os múltiplos negociados na virada de ano. No final, investidores agnósticos tendem a lucrar mais do que a militância ideológica. Gradualmente, os pessimistas são forçados a pular do barco, como veremos mais adiante no trecho que trata da Petrobras.
Adicionalmente, o contexto promete ser promissor às teses que pagam dividendos. Afinal, no contexto em que a reforma tributária pode apresentar um prazo de implementação mais longo do que o inicialmente previsto, existe a possibilidade de tributação de dividendos, o que poderia resultar na distribuição extraordinária de dividendos pelas empresas.
Diante dessa perspectiva, o governo poderia considerar acelerar a legislação relacionada à tributação de dividendos e eliminar os pagamentos de JCP.
Entendemos que tributar dividendos pode levar à distribuição extraordinária de dividendos. Isso deverá se traduzir em enormes dividendos extraordinários em alguns setores.
O BTG estimou que ao menos 120 empresas teriam a capacidade de distribuir R$ 508 bilhões em dividendos extraordinários – poderíamos chegar a um dividend yield de 18%. Assim, teríamos não apenas os ganhos de capital que verificamos até aqui, mas também poderíamos usufruir de mais dividendos a serem pagos.
Ficamos no aguardo…