Alguns meses após realizar a venda de Aesop para a L’Oréal, nesta semana a Natura (NTCO3) anunciou, via fato relevante, que está avaliando vender a The Body Shop, adquirida em 2017 por € 1 bilhão. Segundo a analista Larissa Quaresma, da Empiricus Research, a divisão tem sido uma dos principais responsáveis pela alavancagem elevada de Natura&Co.
O mercado parece ter gostado da notícia, já que a ação NTCO3 chegou a subir mais de 2% no fechamento de ontem (28), cotada a R$ 15,62.
Venda de The Body Shop é boa para Natura&Co, mas transação não é transformacional
“Eu considero [a venda de The Body Shop] positiva porque tira da Natura&Co uma marca que não performa bem e permite que a empresa foque nas duas marcas principais, que são a Avon e a Natura”, avalia Larissa. “Mas, justamente por The Body Shop não performar tão bem, existe um risco de não ter um valuation tão atrativo quanto foi o de Aesop em termos de múltiplo. Então é positivo para o negócio que fica, mas a transação em si não é transformacional“.
Além disso, para a analista, essa operação tem um propósito muito diferente da venda de Aesop, que, nas palavras dela, era a melhor marca: “Aesop gerou caixa substancial e permitiu uma intensa redução da alavancagem financeira da companhia. No caso da The Body Shop, ela estava vendo suas receitas diminuírem, sua rentabilidade cair, e isso vem de bastante tempo já. Lá atrás, a Natura já comprou a marca da L’Oréal já no intuito de fazer um turnaround. Então, esse processo de recuperação está aí há pelo menos cinco anos”.
Em relação à possibilidade de Natura ter prejuízo com a venda, a especialista explica que alguns fatores vão influenciar nisso. “Não sabemos exatamente por quanto a The Body Shop seria vendida, mas vai depender muito da janela específica de mercado, do apetite de risco, de quem for comprar e se essa empresa vai ter ‘bala na agulha’ para bancar a compra. Mas acho que qualquer ganhou ou prejuízo com essa transação deveria ser visto como um evento não recorrente, já que o core da Natura é operar as marcas e não ganhar com compra e venda”, explica.
Empiricus Research tem recomendação neutra para NTCO3 e prefere outra ação do varejo
Segundo a especialista, a casa de análise recomenda “não comprar, nem montar posição short (de venda)” para NTCO3.
“Os resultados de Avon vão começar a ficar cada vez mais evidentes no consolidado da Natura&Co, o que provavelmente vai exigir paciência do investidor para ver uma melhora significativa”, pontua Larissa para os investidores ainda posicionados no papel e em dúvida sobre vender ou não.
“Por outro lado, tem ações do varejo que performam melhor e estão muito descontadas. Um exemplo é Arezzo (ARZZ3). Na Empiricus Research, nosso preço-alvo para a ação é R$ 110 e hoje ela negocia a R$ 74, então vale a pena”, recomenda.
Por fim, ela aconselha: “Você não precisa recuperar seu investimento necessariamente no mesmo papel [no caso, Natura] e pode investir em outra empresa do setor que se saia melhor”.
Além de Arezzo, neste relatório gratuito, a casa de análise recomenda outras 10 ações para investir agora.
Para conferir a entrevista completa de Larissa Quaresma para o programa Giro do Mercado, clique aqui:
