Ontem (6), após o fechamento do mercado, o Itaú Unibanco (ITUB4) divulgou seus números do 3T23 (confira neste calendário as próximas empresas a reportarem seus balanços), que vieram em linha com a expectativa.
Lucro líquido recorrente cresceu 12% anualmente
Excluindo o já conhecido prejuízo com a venda da operação argentina, o lucro líquido recorrente foi de R$ 9,0 bilhões, alta trimestral de 3%, e anual, de 12%, com ROE (Return On Equity, em inglês) de 21,1%.
O bom resultado se deve, novamente, à inadimplência controlada, mas também ao forte crescimento de serviços neste trimestre em particular. Com uma folga ainda maior nos indicadores de capital, acreditamos ser uma questão de tempo até que o Itaú aumente o seu payout (proporção do lucro que distribui aos acionistas).
Carteira de crédito ampliou 1%
A carteira de crédito cresceu 1% sequencialmente, para R$ 1,2 trilhão, com destaque para as linhas de títulos privados de grandes empresas (+4%), crédito pessoal (+4%) e PMEs (+3%), as quais mais que compensaram a queda de 3% na carteira da América Latina, em função da venda das operações na Argentina.
Esse maior volume de crédito, aliado ao custo de captação mais baixo e às operações estruturadas no Atacado, fizeram com que a margem financeira com clientes (receita de juros menos o custo de captação) se expandisse em 3% trimestralmente, para R$ 25,6 bilhões.
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Inadimplência a caminho de melhorar
A inadimplência permaneceu estável, mas com perspectiva de queda: o índice de atrasos superiores a 90 dias permaneceu em 3,0% da carteira total, enquanto os atrasos entre 15 e 90 dias caíram em 0,2 p.p., para 2,5% da carteira, o que ‘contrata’ uma melhora no índice +90 dias no próximo trimestre. Com a menor necessidade de provisão, o custo de crédito foi de R$ 9,3 bilhões, queda trimestral de 2%, levando a margem financeira líquida de inadimplência para R$ 16,3 bilhões, com ganho de 0,2 p.p. no spread médio ajustado ao risco.
Margem com o mercado caiu 33%
Já a margem com o mercado, que reflete o resultado da tesouraria, foi de R$ 715 milhões, 33% menor na visão trimestral, em função da venda do Itaú Argentina e dos menores ganhos na mesa de trading no Brasil. Por mais que a queda seja obviamente ruim, consideramos que faz sentido diante da desconsolidação da operação argentina – excluindo-se esse efeito, estimamos que essa linha teria ficado praticamente estável, um ótimo resultado diante das dificuldades ainda encontradas pelos pares nessa vertical (veja aqui nossos comentários sobre o 3T23 do Santander).
Receita de serviços melhorou em 5%
A receita de serviços, o principal ponto de melhora nos números, cresceu 5% anualmente, para R$ 12,9 bilhões. A expansão foi causada pela maior transacionalidade em cartões, cujas receitas cresceram 7%, administração de consórcios (+47%), seguros (+19%) e uma importante melhora em assessoria financeira e corretagem (21%), todos na visão anual.
Despesas gerais cresceram 6%
Por sua vez, as despesas gerais cresceram 6% anualmente, principalmente em função do reajuste salarial de 5%, aplicado a partir de setembro, e dos investimentos em tecnologia no último ano. Isso levou o índice de eficiência, que relaciona as despesas dos últimos 12 meses com a receita total no período, para 40,0%, praticamente estável em relação ao trimestre anterior. Com isso, o lucro líquido recorrente foi de R$ 9,0 bilhões – excluindo-se o impacto negativo de R$ 1,5 bilhão com a venda do Itaú Argentina – com melhora tanto trimestral quanto anual de 0,1 p.p. no ROE, que ficou em 21,1%.
Com a venda das operações na Argentina, a companhia reduziu o seu guidance para o ano fechado de 2023, que agora exclui a operação vizinha a partir do mês de agosto. Vale notar que, por mais que essa operação tenha sido positiva para a linha final até julho, seu impacto cambial e de hiperinflação são reconhecidos diretamente no patrimônio líquido, com um efeito final negativo no acumulado até julho (veja aqui nossos comentários sobre a venda dessa operação).
A percepção da Empiricus Research sobre Itaú (ITUB4)
Esse trimestre sela mais um período de performance superior aos pares e que levou o Itaú a um Índice de Basiléia de 16,3%, bem acima do mínimo regulatório de 11,5%. Isso só aumenta as chances de a companhia aumentar o seu payout, um cenário que o próprio CEO afirmou publicamente estar considerando e pendente de novas normas a serem divulgadas pelo Banco Central ainda em novembro.
Negociando a 1,5x seu valor patrimonial, entendemos que o prêmio de 30% sobre Santander (SANB11) e de 55% sobre Bradesco (BBDC4) se justifica novamente.
Itaú Unibanco (ITUB4) segue presente em diversas carteiras recomendadas da Empiricus Research e é, inclusive, uma das melhores pagadoras de dividendos da Bolsa – com distribuição mensal.
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