Ontem (18), após o fechamento dos mercados a Netflix (B3: NFLX34 | Nasdaq: NFLX) reportou os seus balanços do segundo trimestre de 2024 (2T24). Os resultados vieram acima das expectativas dos analistas, mostrando a força da marca do principal serviço de streaming da atualidade.
Receita da Netflix cresceu 16,8% em 12 meses
Nos três meses encerrados em junho a receita da companhia somou US$9,559 bilhões, um aumento de 16,8% (+22%, quando excluída a variação cambial da conta) em relação ao mesmo trimestre de 2023.
Esse aumento se deu principalmente pelo crescimento de 16,5% no número de novos assinantes, o que representa um acréscimo de mais de 8 milhões de usuários (quase o dobro do esperado pelos analistas), fazendo com que a empresa encerrasse o período com 277,65 milhões de membros. Já a receita média por usuário teve alta de 1% (+5% ex-câmbio).
Já o lucro operacional totalizou US$2,6 bilhões, alta de 42% na comparação anual e equivalente a uma margem de 27,2% (+4,9 pontos percentuais vs. 2T23).
Lucro líquido disparou 48% em um ano
Na linha final de resultado, o lucro líquido da Netflix foi de US$2,147 bilhões, ou US$4,88 por ação, crescimento de 48% ante o mesmo trimestre de 2023.
O que esperar da Netflix no 3T24?
Para o 3T24, a direção da companhia espera reportar um crescimento de 14% na receita (+19% ex-câmbio), com as adições líquidas abaixo do divulgado um ano atrás (quando teve um aumento de 8,76 milhões de novos usuários).
Importante lembrar que, no 3T23, os números da empresa tiveram o impacto do primeiro trimestre inteiro. Nesse período, havia sido instituída a política de paid sharing (para evitar o compartilhamento de senhas entre dispositivos).
Por outro lado, a receita média por usuário deve permanecer estável na comparação com o 3T23, por conta das variações cambiais e mix de planos e países/regiões.
E para o fechamento de 2024?
Já para o ano de 2024, a expectativa da empresa é apresentar aumento de 14% a 15% nas vendas, levemente acima do esperado anteriormente (+13% a +15%), além de uma margem operacional de 26% (+1 p.p. ao projetado antes), devido a maior projeção para a receita e melhor controle de custos e despesas.
O desejo da direção é aumentar a margem operacional ano após ano, ainda que essa expansão varie entre períodos.
Planos com publicidade tendem a crescer receita
Um vetor importante para a companhia continuar apresentando melhores resultados nos próximos trimestres é a maior aceitação dos seus planos com publicidade. E, a princípio, ela parece estar atingindo esse objetivo.
Isso porque, segundo a empresa, as assinaturas dessa categoria cresceram 34% na comparação com o 1T24, e representam mais de 45% de todos os novos usuários nos mercados que contam com esse segmento.
Além disso, a decisão da direção de encerrar a parceria com a Microsoft para a plataforma de publicidade e focar em um produto interno deve ter seu primeiro teste ainda esse ano no Canadá — com a expectativa de lançá-lo em outros países no ano que vem.
E nesse pouco tempo, a companhia já conseguiu fechar parcerias com gigantes de consumo como L’Oreal, Coca-Cola, Ford e McDonald’s.
Importante salientar que, de acordo com a empresa, apesar da receita com publicidade estar crescendo bem e contribuir significativamente para o negócio, criar esse negócio do zero leva tempo.
Dada a grande base de assinantes que já possui, porém, essa linha de receita não deve ser o principal vetor de aumento de receita nos próximos dois anos.
Mas isso não quer dizer que a Netflix não está diante de uma bela oportunidade. Isso porque, segundo estimativas da direção, o mercado de streaming, TV paga, filmes, jogos e advertising estaria avaliado em mais de US$600 bilhões anuais, sendo que a receita anual da Netflix ainda está abaixo dos US$40 bilhões (aproximadamente 6% dessa oportunidade de mercado).
Mercado já precificava essas melhorias?
Apesar das boas notícias, a ação apresentava alta de 1% no pré-market. Aparentemente, parte considerável desses números já estariam precificadas no ativo.
E, dado o sentimento dos mercados, que estão migrando recursos das teses de tecnologia para outros players mais tradicionais, é possível que a ação da Netflix (B3: NFLX34 | Nasdaq: NFLX) sofra um pouco no curto prazo.
No momento, acompanharemos essa “novela” (ou seria série?) de fora, esperando uma melhor oportunidade de compra no papel…