O Grupo SBF (SBFG3) divulgou seu resultado do primeiro trimestre de 2024 (1T24), acima das nossas expectativas e do consenso do mercado (mais pessimista).
Em um trimestre com sazonalidade negativa, a companhia entregou com sucesso mais uma etapa do seu plano para aumentar a rentabilidade.
Expansão mais tímida da receita líquida de Grupo SBF já era esperada
A receita líquida consolidada aumentou 1,6% na comparação anual, para R$ 1,5 bilhão. O crescimento mais tímido era planejado, como reflexo da redução do nível de descontos, principalmente na Fisia, que visa ampliar as margens do negócio.
Ainda assim, frente ao impacto positivo nas margens, como veremos mais adiante, acreditamos que o crescimento da receita ainda foi sólido, com a demanda mostrando alguma resiliência ao aumento de preços.
Vendas de Nike cresceram mais de 11% em 12 meses
Como destaque positivo, as vendas nas mesmas lojas da Nike cresceram 11,5% na comparação anual, nível muito saudável e acima de outras varejistas. O canal de atacado na Fisia, por outro lado, segue fraco e retraiu 14%, mas com esperada retomada gradual que deverá refletir a normalização de preços da Nike.
O Grupo consolidou margem bruta de 48,8%, queda anual de 1,2 pontos percentuais frente a uma forte base comparativa com cenário de preços mais normalizados. Para avaliar a estratégia de recomposição de preços, acreditamos que a comparação trimestral seja mais coerente. Assim, em relação ao 4T23, vimos uma forte expansão de 2,6 p.p (+3,4 p.p na Nike) — sinalização de que as iniciativas estão fluindo bem.
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Grupo SBF segue entregando eficiência operacional
Refletindo a eficiência operacional que vem sendo implementada desde o 3T23, as despesas com vendas, gerais e administrativas (ex-IFRS) representaram 38,2% da receita líquida no trimestre, redução de 2,8 p.p em relação ao 1T23.
Assim, o Ebitda ajustado (ex-IFRS) atingiu R$ 159 milhões (+19% vs 1T23), com margem de 10,6% (+1,5 p.p).
O crescimento de margens em base anual é ainda mais notável quando consideramos que a participação das vendas diretas aos consumidores (DTC), que implicam em maiores despesas operacionais, cresceu 5,5 p.p no mix de canais.
No fim, o lucro líquido ajustado (ex-IFRS) foi de R$ 53 milhões, crescimento anual de 213%, com margem de 3,5% (+2,4 p.p vs 1T23).
Geração de caixa operacional tem melhoria considerável no 1T24
Impactada pela sazonalidade negativa do período, a geração de caixa operacional foi negativa em R$ 29 milhões.
Quando comparamos com o 1T23, que reportou um fluxo negativo de R$ 530 milhões, o melhor momento operacional é evidente, impulsionado por melhorias importantes na gestão do capital de giro e crescimento do Ebitda.
A alavancagem financeira ficou praticamente estável em relação ao 4T23, em 1,3x Dívida Líquida/Ebitda Aj. (ex-IFRS), apesar do quarto trimestre ser tradicionalmente o mais forte do ano. No início do ano passado, o indicador era de 2,9x.
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O que esperamos de Grupo SBF?
Em resumo, vimos no trimestre o plano de ação comunicado pela companhia sendo executado com muita eficácia, que deu continuidade aos dois últimos resultados.
Olhando para frente, enxergamos grande potencial para a continuidade da expansão de lucros, geração de caixa e desalavancagem financeira.
Esse caminho deve ser trilhado através da i) recomposição gradual de preços na Fisia; ii) perpetuação da estrutura operacional atual mais eficiente; iii) oportunidades de melhorias no capital de giro, principalmente em estoques; iv) menores despesas financeiras e v) capex e endividamento controlados.
Negociando a atrativas 9x os seus lucros projetados para esse ano e com a operação no caminho correto para atingir os seus objetivos, o Grupo SBF (SBFG3) é uma recomendação de compra da Empiricus Research.