Investimentos

No 3T23, Disney (DISB34) mostra mais uma vez por que vale a pena insistir nos streamings; lucro líquido cresce 300%

O destaque de crescimento da companhia continua sendo o segmento Experiences e os streamings.

Por Enzo Pacheco, CFA

09 nov 2023, 08:51 - atualizado em 09 nov 2023, 08:51

Disney (B3: DISB34 | NYSE: DIS): por que agora vale a pena investir na ação?
Imagem: Unsplash

Depois do pregão regular de ontem (8), a gigante do entretenimento Disney (B3: DISB34 | NYSE: DIS) divulgou os balanços do quarto trimestre fiscal de 2023 (encerrado em setembro) assim como os resultados para o ano fiscal. Os números vieram mistos, com receita abaixo do esperado e lucro por ação acima das expectativas dos analistas.

Receita de Disney ficou 5% acima do 3T22

No trimestre a companhia reportou receita de US$21,241 bilhões, valor 5% maior quando comparado com o mesmo período do ano anterior. 

O destaque de crescimento continua sendo o segmento Experiences — que engloba as operações de parques, cruzeiros, além dos produtos licenciados —, com aumento de 13% nas vendas, totalizando US$8,160 bilhões no período. Dentro dessa parte do negócio, as operações internacionais foram o principal vetor no trimestre, crescendo sua receita em 55% na comparação anual, aos US$1,665 bilhões.

A parte Entertainment, maior parte da empresa com os negócios de Redes de Televisão, Direct-to-Consumer (serviços de streaming) e Conteúdo/Licenciamento reportou um aumento de 2% na receita, que somou US$9,524 bilhões no 4T23. 

Se por um lado as mídias tradicionais ainda enfrentam dificuldades para retomar o caminho do crescimento — as Redes tiveram uma queda de 9% nas vendas, e o de C/L, recuo de 3%, totalizando US$2,628 bilhões e US$1,860 bilhões, respectivamente —, os streamings continuam mostrando o por quê da insistência da companhia no negócio, com receita de US$5,036 bilhões, crescimento de 12% em relação ao 4T22.

Pela primeira vez, a empresa abriu os números do segmento Sports, que consiste basicamente das operações da ESPN. A receita trimestral ficou estável na comparação anual, nos US$3,910 bilhões.

Lucro operacional quase 2x maior que um ano atrás

Já o lucro operacional quase dobrou em relação a um ano atrás, totalizando US$2,976 bilhões (+86% vs. 4T22). Além do forte aumento tanto no segmento Experiences (US$1,759 bilhões, +31%) e Sports (US$981 milhões, +14%), a parte Entertainment passou de um prejuízo de US$608 milhões um ano atrás para um lucro de US$236 milhões.

Essa melhora significativa aconteceu principalmente pela forte queda nas perdas dos serviços de streaming, que reportaram um prejuízo de US$420 milhões no trimestre ante um resultado negativo de US$1,406 bilhão no mesmo período de 2022.

Lucro líquido disparou quase 300% na comparação anual

Na linha final de resultado, o lucro líquido ajustado totalizou US$1,931 bilhão, ou US$0,82 por ação, aumento de quase 300% na comparação anual (US$649 milhões, US$0,30/ação).

Dados do ano fiscal de 2023, em geral, são bons

Os números para o ano fiscal de 2023 também mostraram a dinâmica positiva observada no trimestre, ainda que em um ritmo menor do que nos últimos três meses do ano.

A receita da empresa no período foi de US$88,898 bilhões, crescimento de 7% quando comparado com o ano passado. O segmento Experiences continuou sendo o destaque de aumento, com vendas de US$32,549 bilhões (+16% vs. 2022).

Por outro lado, a parte Entertainment cresceu apenas 3% (US$40,635 bilhões), enquanto a de Sports teve uma leve retração de 1% (US$17,111 bilhões).

O lucro operacional no ano totalizou US$12,863 bilhões, valor 6% maior, beneficiado pelo aumento de 23% no lucro do segmento Experiences (US$8,954 bilhões); já as outras duas áreas reportaram quedas — de 32% na parte Entertainment (US$1,444 bilhão) e de 9% na Sports (US$2,465 bilhões).

O lucro líquido ajustado no período foi de US$7,959 bilhões, o equivalente a US$3,76 por ação, comparado com US$6,385 bilhões (US$3,53/ação) no ano fiscal de 2022, aumento de 7% na comparação anual.

Mercado se animou

Alguns pontos do comunicado parecem ter animado os investidores — as ações se valorizavam mais de 3% no after-market.

O primeiro está relacionado aos serviços de streaming. No trimestre, o Disney+ adicionou quase 7 milhões de novos assinantes (aumento de 11% em relação ao 4T22), fazendo com que o aplicativo ultrapassasse a marca de 150 milhões de usuários ao final de setembro (acima das expectativas dos analistas).

O segundo está relacionado aos cortes de custos projetados pela direção. Agora, a companhia espera atingir um ritmo anualizado de redução nos gastos da ordem de US$7,5 bilhões, ante US$5,5 bilhões reportado anteriormente.

E isso vai ajudar na tentativa da empresa reportar um fluxo de caixa livre (já descontando as suas necessidades de investimentos) bem maior do que o observado no ano fiscal de 2023, que totalizou US$4,897 bilhões (+462% vs. 2022). A expectativa dos executivos é fazer com que a empresa apresente uma geração de caixa próxima do observado antes da pandemia — como base de comparação, a média entre 2016 e 2018 era de valores acima dos US$8 bilhões.

Continuamos otimistas com Disney (DISB34)

Isso só reforça a nossa visão positiva para as ações da Disney (B3: DISB34 | NYSE: DIS). Após trimestres decepcionantes, parecia que muita coisa negativa já estava precificada na companhia. 

Mas parece que a magia de Mickey e sua turma, aos poucos, está voltando. E isso ainda pode gerar bons frutos para a empresa no futuro…

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Sobre o autor

Enzo Pacheco, CFA

Administrador pela Universidade Federal do Espírito Santo com pós-graduação em Operador de Mercado Financeiro pela FIA, Enzo Pacheco atua desde 2017 com análise de investimentos nos mercados internacionais. Hoje, é responsável pela série MoneyBets, voltada para os investidores brasileiros que querem expandir as fronteiras dos seus portfólios. Possui certificações CFA e CNPI.

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