Investimentos

O que achamos da Nova Certificação das Reservas da 3R Petroleum (RRRP3)

Confira nossa análise completa a respeito da certificação atualizada das reservas de 3R Petroleum, com data base de dezembro de 2022

Por Fernando Ferrer

12 abr 2023, 11:49 - atualizado em 12 abr 2023, 11:49

A 3R Petroleum divulgou a certificação atualizada das suas reservas, com data base de dezembro de 2022 e preparada pela consultoria independente DeGolyer e MacNaughton. Os números vieram em linha com o que esperávamos: estoque de óleo e gás estável, com uma pequena inflação nos investimentos previstos – o que foi quase totalmente compensado pela estrutura agora mais enxuta da companhia.  

O volume atualizado de reservas provadas + prováveis (2P) ficou em 516 milhões de barris de óleo equivalente (boe), praticamente em linha (-3%) com a certificação anterior. Considerando somente as reservas provadas (1P), que usamos para as nossas projeções, o estoque ficou em 367 milhões de boe, também em linha (-5%) com a certificação anterior. As leves reduções vêm da produção do período e da reclassificação das reservas do Campo Malombe, cuja comercialidade ainda não está confirmada. Esses fatores não nos preocupam.

 

Volume de Reservas de 3R Petroleum (RRRP3)
Fonte: 3R Petroleum.

A companhia adotou um reporte mais simples: agora a visão das reservas é dividida em 4 ativos, versus 9 anteriormente. Os 4 ativos são a Bacia Potiguar (Polos Potiguar, Macau, Pescada, Areia Branca e Fazenda Belém); Bacia do Recôncavo (Polos Rio Ventura e Recôncavo); Bacia de Campos (Polo Papa-Terra) e Bacia do Espírito Santo (Polo Peroá). Na nova visão, a Bacia Potiguar é a mais relevante, com 59% das reservas 2P. 

 

Fonte: 3R Petroleum

Essa simplificação resultou na eliminação de cargos desnecessários, além de aumentar a sinergia entre os diferentes pólos. Isso ajudou a suavizar o efeito da inflação sobre os gastos de produção. Os custos e despesas ficaram praticamente estáveis em 2023 e 2024, e passaram a ser menores de 2025 em diante. Os investimentos, por sua vez, cresceram 8% no agregado, mas deslocando-se para frente: estão menores em 2023 e 2024, e maiores de 2025 em diante. Entendemos que o efeito inflacionário era esperado, e que ele teve um impacto inclusive diminuto no caso de 3R – vide Petrorecôncavo, cujos investimentos previstos mais que dobraram na nova certificação.

 

Capex Reservas 2P de 3R Petroleum (RRRP3)
Fonte: 3R Petroleum

Aqui, a 3R leva vantagem por conseguir desenvolver seus ativos por meio de projetos mais simples, colhendo logo de início os chamados “low-hanging fruits” (ou as frutas mais baixas). A Petrorecôncavo tem um portfólio de ativos mais antigos, que exigem projetos mais complexos para revitalização. 

Por fim, a certificação da 3R desloca o pico de produção para frente: antes, o ápice era atingido em 2026; agora, em 2027. Isso se deve ao atraso no fechamento das aquisições, além da priorização de projetos de maior retorno, o que vemos como uma decisão acertada. Vale notar que esse deslocamento de produção era não só esperado por quase todo o mercado, como bem precificado na ação. Portanto, sem grandes surpresas.

 

Produção das reservas 2P de 3R Petroleum (RRRP3)
Fonte: 3R Petroleum

A nova certificação desenha um cenário parecido com o que temos na nossa projeção e está em linha com o discurso da companhia. Ao colocar os novos números no valuation, mantendo as demais premissas constantes, não encontramos grande diferença em relação ao preço-alvo anterior, de R$ 55. Sendo assim, mantemos RRRP3 como uma recomendação de investimento.

Sobre o autor

Fernando Ferrer

Graduado em Engenharia Mecânica pela UFRJ e com MBA em Finanças pela mesma instituição, Fernando Ferrer atua na Empiricus como analista de investimentos há 5 anos cobrindo os setores de Varejo, Saúde e Infraestrutura. Atualmente, é responsável pela série best-seller As Melhores Ações da Bolsa e faz parte da equipe que comanda o Carteira Empiricus, o portfólio multimercado que é o carro-chefe da casa.