Investimentos

Nova Selic e taxas do Fed: 3 títulos pós-fixados para investir na semana

As eleições nos EUA, decisões de política monetária e o avanço acima do esperado do IPCA em outubro ressoam o mercado de renda fixa.

Por Lais Costa

12 nov 2024, 15:14 - atualizado em 18 fev 2025, 15:48

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Imagem: iStock/ Rmcarvalho

A semana mais importante do ano enfrentou três tempestades de peso: as eleições nos EUA, diversas decisões de política monetária, incluindo Brasil e EUA, e o avanço acima do esperado do IPCA em outubro.

No cenário americano, o Comitê de Política Monetária do Federal Reserve (FOMC) desacelerou a magnitude do corte e reduziu a taxa de juros dos EUA em 0,25 ponto percentual, ajustando-a para o intervalo de 4,50% a 4,75% ao ano, como já era amplamente esperado pelo mercado. 

Corte de juros nos EUA dentro do esperado e Powell fala em níveis condizentes

O comunicado trouxe poucas alterações em relação à decisão passada e continuou salientando que os riscos para a inflação e o emprego seguem equilibrados, evitando mencionar os efeitos das catástrofes climáticas no mercado de trabalho.

O comitê não deixou uma prescrição futura (forward guidance) clara e manteve a orientação de que os ajustes adicionais seguem dependentes dos dados macroeconômicos que serão divulgados nas próximas semanas.

Na coletiva de imprensa, o presidente do Banco Central dos EUA, Jerome Powell, afirmou que a medida de núcleo de inflação excluindo serviços de habitação estão em níveis condizentes com uma inflação de 2% ao ano.  Ainda sobre a inflação de habitação, Powell disse que os novos aluguéis já indicam uma pressão inflacionária bem menor e que, portanto, o indicador deve convergir para níveis condizentes com a meta do Banco Central nas próximas leituras.

De maneira geral, o discurso de Powell foi marginalmente brando (dovish), o que nos indica que o cenário mais provável é de que haja mais uma redução de 25 pontos-base no Fed Funds na reunião de dezembro.

Taxa Selic sobe e aguardamos planos de ajuste fiscal

Seguindo na linha contrária, o Banco Central do Brasil (BCB) elevou, na quarta-feira (6) a taxa Selic para 11,25% ao ano. A decisão foi unânime, com o ajuste de 50 pontos-base já antecipado em nosso relatório da semana passada.

O comunicado manteve um tom firme (hawkish), conforme esperado, destacando as questões fiscais, que continuam sendo o principal fator de pressão sobre os prêmios de risco.

Nessa  linha, houve sinalização de que, além de apresentar planos de ajuste fiscal, é importante que o governo também avance na implementação dessas medidas. 

Inflação desancorada: até onde a Selic vai subir?

Além disso, o comunicado destacou uma inflação desancorada tanto para 2024 quanto para 2025. No horizonte relevante da política monetária, essa preocupação se estende agora do primeiro trimestre de 2026 para o segundo.

Embora o Banco Central não tenha se comprometido com um forward guidance indicando ajustes específicos ou a duração exata do ciclo de alta, as projeções de inflação apresentadas no comunicado indicam a necessidade de um ciclo de alta mais agressivo do que o relatório Focus indicava até então.

Não por coincidência, vimos diversos agentes de mercado revisando suas estimativas de Selic terminal para cima de 13% ao ano e o mercado passando a precificar mais um aumento do ritmo de alta da Selic na próxima reunião.

Na ata do Copom divulgada nesta manhã, a principal mensagem do comitê foi destacar a necessidade de estabilização fiscal e a reancoragem das expectativas de inflação no curto prazo, que tem se mostrado cada vez mais descolada do teto da meta. 

O comitê ainda destacou que a redução dos gastos fiscais pode, inclusive, ser indutor de crescimento no médio prazo, devido aos efeitos de queda das taxas futuras nas condições financeiras. Além disso, o comitê afirmou que “uma deterioração adicional das expectativas pode levar a um prolongamento do ciclo de aperto de política monetária” e reconheceu que diversos fatores que vinham contribuindo para o processo desinflacionário estão se dissipando. 

Outros dados econômicos relevantes

Nessa linha, o IPCA de outubro divulgado na última sexta-feira (8) ficou levemente acima da mediana das expectativas dos analistas de mercado.

O índice de inflação registrou uma alta mensal de 0,56%, acima da expectativa de 0,54% (m/m). Em termos anuais, a inflação acelerou para 4,76%, versus a mediana das projeções de 4,74% (a/a), puxada principalmente por itens mais voláteis.

O núcleo do indicador cheio e o núcleo de serviços permanecem elevados embora a leitura de outubro tenha compensado parte da surpresa de alta do mês anterior. Em números, o núcleo apresenta um patamar anualizado e dessazonalizado de 5,6% m/m e uma média de 4,6% nos últimos três meses.

No grupo de serviços, o destaque foi a contribuição de cinema que reverteu grande parte da queda dos preços de setembro. O grupo de alimentos mostrou alta significativa e deve continuar sob pressão devido, principalmente, às questões climáticas. Vale ainda destacar o efeito do câmbio depreciado na inflação dos itens comercializáveis.

Olhando para frente, a nossa expectativa é de que o IPCA termine em cerca de 4,8% a/a. Em relação à política monetária, a contínua incerteza em relação aos gastos do governo devem levar a uma nova aceleração (para 75 bps) no ritmo de alta da Selic ainda neste ano.

Continuamos dando preferência aos títulos pós-fixados.

Cardápio da semana: 3 títulos para investir

Características da LCA pós-fixada do BTG Pactual
Classificação de risco da instituiçãoFitch: AAA (bra)
Público-alvoInvestidores em geral
Onde encontrarBTG Pactual 
Aplicação mínimaR$ 500,00
Aplicação máxima
LiquidaçãoD+0
Vencimento (prazo)12/11/2025 (365 dias corridos)
Rentabilidade anual94,00% do CDI
TributaçãoIsenta
Pagamento de jurosNo vencimento
ResgateNo vencimento
GarantiasFundo Garantidor de Créditos (FGC)
Horário limite de aplicação17h45
A taxa líquida da LCA do Banco BTG Pactual é equivalente a uma taxa bruta de 113,94% do CDI.
Características do CDB  pós-fixado do Banco Sofisa com liquidez diária
Classificação de risco da instituiçãoFitch: AA- (bra)
Público-alvoInvestidores em geral
Onde encontrarBanco Sofisa
Aplicação mínimaR$ 1,00
Aplicação máxima
LiquidaçãoD+0
Vencimento (prazo)16/11/2027 (1099 dias corridos)
Rentabilidade anual110,00% do CDI
Tributação15%
Pagamento de jurosNo vencimento
ResgateLiquidez diária
GarantiasFundo Garantidor de Créditos (FGC)
Horário limite de aplicação22h
Características do CDB  pós-fixado do Paraná Banco
Classificação de risco da instituiçãoFitch: AA- (bra)
Público-alvoInvestidores em geral
Onde encontrarParaná Banco
Aplicação mínimaR$ 100,00
Aplicação máximaR$ 150 mil
LiquidaçãoD+0
Vencimento (prazo)03/11/2026 (721 dias corridos)
Rentabilidade anual125,00% do CDI
Tributação15%
Pagamento de jurosNo vencimento
ResgateNo vencimento
GarantiasFundo Garantidor de Créditos (FGC)
Horário limite de aplicação17h

As taxas e vencimentos do títulos indicados nas tabelas acima são referentes ao dia 12 de novembro de 2024 e, portanto, são válidos apenas para o dia de hoje (12).

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Sobre o autor

Lais Costa

Engenheira eletricista pela UTFPR com passagem pelo MIT e especialização em finanças pela Columbia University. Iniciou a carreira no mercado financeiro com foco no mercado de bonds nos EUA. Após uma experiência na Itaú Asset em NY, ela esteve por três anos no time de Global Macro Strategy da XP Inc também em NY, cobrindo mercados emergentes asiáticos e Brasil com foco em criação de ideias de investimento de renda fixa para clientes institucionais. Desde maio de 2021, Laís faz parte do time de análise da Empiricus. Por dois anos foi responsável pela alocação e seleção de fundos globais e hoje é a analista a frente das séries Super Renda Fixa e Os Melhores Fundos de Investimento.