A Petrobras (PETR4) divulgou na última quinta-feira (23) seu plano estratégico para os próximos cinco anos (2024 a 2028). A estatal prevê investimentos na casa dos US$ 102 bilhões, alta de 31% em relação ao plano atual.
As ações respondem ao anúncio com volatilidade no pregão desta sexta (24). Por volta das 15h40, apresentavam alta de 0,3%.
Mercado aprovou o novo plano estratégico da Petrobras?
Segundo o analista Ruy Hungria, da Empiricus, o plano divulgado é pior que o vigente para o acionista. No entanto, como o mercado já havia reduzido as expectativas e o anúncio veio “relativamente em linha com o esperado”, a ação não tem sofrido no pregão.
“Se olhar para a alta da ação, vai parecer que é um plano que ajuda os resultados da Petrobras e melhora as perspectivas de dividendos. Na verdade, não. O mercado já vinha piorando as expectativas e apesar do plano ser pior para os resultados da Petrobras, não é tão ruim quanto o mercado estava temendo”, avaliou Hungria.
Por que o plano não pode ser considerado bom para o acionista?
O plano vigente da companhia previa uma alocação de US$ 78 bilhões em investimentos, dos quais 83% eram destinados à exploração e produção, segmento mais rentável e responsável por grande parte da geração de caixa da petroleira.
Já o plano atual prevê um aumento nos investimentos de 31%, para US$ 102 milhões, com uma queda na alocação em exploração e produção para 72%.
O planejamento leva em conta a intenção do governo de alocar recursos em refino e energia renovável – áreas que a estatal não tem expertise e são menos rentáveis, explicou Hungria.
“Com o aumento de investimentos em outros segmentos, vemos uma menor disponibilidade de dinheiro para distribuir aos acionistas, o que tem impacto direto na distribuição de dividendos. Provavelmente vamos observar uma redução na capacidade de distribuição de proventos”.
Enquanto a expectativa de dividendos era entre US$ 60 e US$ 70 bilhões no plano apresentado em 2022, este número deve cair para cerca de US$ 45 bilhões para os próximos cinco anos.
Importância do investimento em energia renovável
Apesar do retorno menor ao acionista com o aumento da alocação em fontes alternativas de energia, é inegável a relevância desse tipo de investimento.
No entanto, o analista defende que por essa não ser a área de expertise da companhia, o governo poderia realizar esses investimentos em transição energética de uma outra maneira.
“Se a Petrobras fizer isso mal, está queimando um dinheiro que poderia retornar ao governo para utilizar em outras empresas ou construir outros negócios que tivessem mais capacidade para fazer essa transição energética de maneira rentável e com expertise no setor. Hoje o que a Petrobras realmente sabe fazer é explorar e produzir petróleo”, afirmou Ruy Hungria.
PETR3 e PETR4: analista não recomenda ações
Segundo o analista, os planos estratégicos dos próximos anos não devem ter alterações tão significativas como o de ontem, o primeiro com a nova gestão.
Apesar disso e do bom dividend yield da companhia, ele acredita que os riscos não compensam o investimento na tese.
“Não entendo que temos um patamar de valuation suficientemente atrativo para embarcarmos nessa tese por enquanto”, finalizou.
Clique aqui para conhecer gratuitamente a petroleira recomendada pela Empiricus Research.
Confira a entrevista completa de Ruy Hungria no Giro do Mercado: