Os números do 2T23 do Nu, cuja BDR tem um novo ticker (ROXO34), vieram acima das nossas expectativas. Apesar da inadimplência maior que esperávamos, surpreenderam positivamente o crescimento da carteira de crédito, a taxa média dos empréstimos e o nível de eficiência da fintech.
Como resultado, o lucro líquido foi de US$ 225 milhões (R$ 1,1 bilhão), com ROE anualizado de 17%, compondo o 4o trimestre consecutivo no azul.
Carteira de crédito
A carteira de crédito cresceu 48% anualmente, excluindo variações de câmbio, para US$ 14,8 bilhões (R$ 70,8 bilhões), com destaque para o cartão de crédito (+54%).
A carteira sujeita a ganho de juros, por sua vez, cresceu 80% nas mesmas bases, em razão do aumento de participação do parcelado com juros no cartão e, também, do parcelamento das faturas. Ajudou, também, a maior taxa média de originação dos empréstimos (6,1%, +0,4 p.p.).
Com isso, a receita líquida de juros, que exclui o custo de captação, cresceu 133%, para US$ 1,0 bilhão (R$ 5,2 bilhões), com spread médio de 18,3% (ganho sequencial de 2,7 p.p.).
Inadimplência piorou no 2T23
A inadimplência, por outro lado, acelerou a piora: o índice de empréstimos atrasados há mais de 90 dias subiu 0,4 p.p., para 5,9% da carteira de crédito.
Com isso, a despesa de inadimplência foi de US$ 590 milhões (R$ 2,9 bilhões), crescimento anual de 75%. Mesmo assim, houve ganho na margem financeira após o custo dos calotes: a linha foi de US$ 456 milhões (R$ 2,3 bilhões), alta de 326% e com spread líquido de 8,0% (ganho sequencial de 1,4 p.p.).
Serviços
Na parte de serviços, observamos uma esperada desaceleração, que na nossa opinião reflete tanto o arrefecimento do varejo quanto o limite na taxa de intercâmbio do cartão pré-pago, implementada no início do 2T. O volume de compras nos cartões do Nu cresceu 30% anualmente, contra 48% no tri anterior, para US$ 26,3 bilhões (R$ 130 bilhões), em linha com o varejo desafiador.
A receita total de serviços, por sua vez, cresceu abaixo disso, em 20%, impactada justamente pelo teto na taxa de intercâmbio, imposto pelo BC a partir de abril.
Custos e despesas são destaque positivo do balanço do Nu
Grande destaque positivo, os custos e despesas operacionais tiveram nova diluição, com crescimento abaixo das receitas totais (e também abaixo da nossa expectativa).
O índice de eficiência, que relaciona esses gastos com a receita total, ficou em 35,4%, melhora sequencial de 3,6 p.p. e marcando uma nova mínima histórica.
Esse patamar chama especial atenção na comparação com os pares: o mesmo indicador para Inter &Co, por exemplo, está na casa dos 50% (veja aqui nossos comentários sobre o resultado de Inter).
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Nu (ROXO34): recomendação neutra
Com isso, o lucro líquido ficou em US$ 225 milhões (US$ 1,1 bilhão), contra um prejuízo no mesmo período do ano passado, marcando um ROE de 17%.
Este é o 4o trimestre consecutivo em que o Nu entrega um número positivo na linha final, fruto das decisões acertadas da gestão.
Olhando à frente, acreditamos que esse número deve continuar a crescer, mas ainda temos ressalvas ao valuation: a ação negocia a 7,7x seu valor patrimonial, implicando R$ 186 bilhões em valor de mercado, um patamar difícil de encontrar upside.
Por isso, seguimos com a visão neutra para Nu (ROXO34), que está fora das carteiras recomendadas da casa.