O resultado do Nubank (NUBR33) trouxe números mistos em seu balanço do 1T22. Apesar de conter elementos positivos, Felipe Miranda, CEO e estrategista da Empiricus, diz que isso não altera a sua estratégia, que é prosseguir com o short no roxinho (posição vendida) na carteira Oportunidades de Uma Vida. Ele avalia uma tendência de queda das ações.
Segundo ele, o Nubank teve aumento expressivo no número de clientes nos primeiros três meses do ano – foram 5,7 milhões de entrantes, atingindo 59,6 milhões. Se por um lado, a velocidade de ampliação da base e a oferta de novos produtos são bem vistos, há outros pontos que continuam reforçando a sua tese.
“Eu mantenho o short em Nubank, primeiro por conta do valuation. Se convergisse para alguma coisa em torno de US$ 15 bilhões, começaria a fazer sentido, mas Nubank valendo entre US$ 20 bilhões e US$ 25 bilhões, está fora e precisaria fazer um ajuste”, disse o analista nesta terça-feira (17/05) em seu grupo Ideias Antifrágeis no Telegram, canal de comunicação com assinantes.
Nubank é um case que se relaciona com o que está acontecendo com as empresas de tecnologia e cases de crescimento mais agressivos listados em bolsas lá fora e que sofrem em função da alta dos juros nos Estados Unidos.
Ele avalia ainda que o fim do lock-up de ações, que acontece a partir de hoje, isto é, a liberação das negociações de ações por fundadores e acionistas pré-IPO, pode gerar uma força vendedora adicional. “Acho louvável o David Vélez (fundador do Nubank) ter comunicado ao público que não irá vender ações, assim como próximos a ele não vão se desfazer das posições. Mas conheço outros que vão vender, são pessoas relacionadas aos fundos de venture capital e seu entorno. Pode ter overhang sim”, destaca Felipe. Overhang é uma situação na qual investidores evitam comprar os papéis diante da possível força vendedora.
Segundo ele, a inadimplência do Nubank está crescendo, embora em nível controlável no momento. No entanto, preocupa o ritmo acelerado da oferta de crédito em ambiente macroeconômico adverso. “É um risco grande, se a execução não for bem feita. Muita gente por aí ‘deu com a cara no muro’ acelerando o crédito dessa forma. Esse pode ser visto lado meio vazio do copo”, comenta.
O Nubank registrou prejuízo líquido de US$ 45,1 milhões no 1T22, melhoria de 9% em relação ao mesmo período do ano passado e acima das estimativas de mercado. Já no cálculo ajustado por despesas relacionadas à remuneração baseada em ações e pelos efeitos tributários aplicáveis, o Nubank teve lucro de US$ 10,1 milhões – reversão do prejuízo de US$ 11,9 milhões.
Resultado desastroso de TC (TRAD3)
Felipe Miranda também reitera o short no TC – Traders Club (TRAD3) no portfólio Oportunidades de uma Vida, vislumbrando movimento desvalorização das ações.
O resultado de TC no 1T22 foi negativo, conforme o analista. O desempenho conseguiu ser bem pior do que as expectativas da casa. Houve redução de receita em relação ao 4T21, de R$ 28,6 milhões para R$ 25,4 milhões. Enquanto isso os custos aumentaram, fazendo o lucro bruto sofrer bastante, com uma queda de 24,6%, totalizando R$ 14,3 milhões. No final, reportou prejuízo líquido ajustado de R$ 16,09 milhões.
“Acho que o que está acontecendo com o TC é preocupante. Um caso que era de valuation excessivo, agora vira um caso de sustentabilidade, viabilidade empresarial”, destaca o analista.
E acrescenta: “Um caso de crescimento, para negociar 10 vezes receita, mas que apresenta decrescimento, não faz o menor sentido.”
O TC tem queimado muito caixa, foram cerca de R$ 20 milhões no trimestre passado. “Levantou R$ 600 milhões no IPO há nove meses e, agora, está com R$ 271 milhões, ou seja, mais da metade do caixa já foi embora.”
Para Felipe, é temerário o que o CEO do TC disse em sua carta recente, que é a intenção de focar no segmento institucional. “É uma empresa que se fez no varejo e não tem expertise do institucional, aliás, não possui nem a simpatia desse mercado, muito pelo contrário.”
Além disso, ele acredita que o TC está entrando em uma espiral negativa. “Enquanto deveria preservar caixa, está fazendo recompras de ações e tem ainda aquele swap que roda contra si o CDI, uma dívida que está assumindo para ficar ativo nas suas ações”, explica. Portanto, sob a ótica dos fundamentos, TRAD3 deveria cair.