O Nubank (NUBR33) conseguiu ampliar a base de usuários e avançar na vertical de serviços no primeiro trimestre do ano. Por outro lado, seu balanço revela sinais negativos: a dificuldade de monetização e a inadimplência crescente – dois pontos que reforçam o short no roxinho (posição vendida, prevendo a queda da ação).
É o que dizem Felipe Miranda, CEO e estrategista da Empiricus, e Matheus Spiess, analista, no relatório da série Palavra do Estrategista, que foi divulgado aos assinantes nesta terça-feira (18/05).
Segundo eles, os números vieram em linha com as suas expectativas. O Nubank chegou a 60 milhões de clientes – sendo 57,3 milhões no Brasil e o restante no México e Colômbia – um crescimento de 61% em relação ao 1T21 e de 11% contra 4T21.
Na última linha, o roxinho registrou prejuízo líquido de US$ 45,1 milhões no 1T22. Já no cálculo ajustado por despesas relacionadas à remuneração baseada em ações e pelos efeitos tributários aplicáveis, o lucro foi de US$ 10,1 milhões.
“O fato de a companhia ainda não ser rentável, principalmente diante da escala que tem (33% da população brasileira), ainda nos faz refletir se esse modelo de negócios dará certo no longo prazo”, ressaltam os analistas.
Além disso, o valuation atual da companhia, de 4,5 vezes o seu valor patrimonial, é excessivo na visão deles.
Assim, eles seguem firmes no short, acreditando que ainda há espaço para desvalorização da ação na Bolsa. A operação foi recomendada em 19 de janeiro na carteira Oportunidades de Uma Vida e, desde então, NUBR33 já caiu cerca de 40%. A posição vendida representa 1,5% do portfólio total.
Sinal amarelo: 2 pontos interligados e preocupantes sobre Nu
1. Dificuldades de monetização
A receita de serviços no 1T22, composta basicamente pela tarifa de cartões, somou US$ 258 milhões (R$ 1,4 bilhão), uma alta de 99% em relação a igual período do ano passado. Neste caso, os analistas destacam que há um risco no horizonte, pois está aberta uma consulta pública do Banco Central que discute a redução dessas tarifas, o que pode tornar a situação das fintechs complicada nesse quesito.
Ainda conforme os analistas, o Nubank está conseguindo reprecificar as novas concessões de crédito a taxas mais altas, diante da Selic maior, sem sentir efeito na demanda. Mesmo assim, pelo fato de o empréstimo pessoal ser mais barato do que o cartão de crédito, o seu aumento de representatividade levou a uma taxa média estável.
Com isso a receita de juros cresceu em linha com a carteira de crédito (+343%), somando US$ 619 milhões (R$ 3,2 bi). Segundo Felipe Miranda e Matheus Spiess, o problema é que o custo de captação subiu de forma mais acentuada que a receita de juros. “Como a fintech remunera seus correntistas a 100% da Selic, o aumento da taxa de juros fez com que o custo crescesse substancialmente”, ressaltam no relatório.
O fato é que o custo de captação cresceu 648% na comparação anual, atingindo US$ 273 milhões (R$ 1,4 bi).
Sendo assim, a margem financeira avança em ritmo fraco diante das altas expectativas para a fintech.
2. O efeito da inadimplência
O índice de empréstimos atrasados há mais de 90 dias cresceu 1,5 ponto percentual para 4,2% da carteira de crédito. “Esse efeito vem do aumento de representatividade do crédito pessoal que, apesar de ser um empréstimo mais barato, tem inadimplência maior”, explicam os analistas.
Com isso, a provisão para devedores duvidosos cresceu 268% no 1T22, somando US$ 276 milhões (R$ 1,4 bi), muito acima do crescimento da margem financeira (+25%).
Por sua vez, a margem bruta da companhia, que desconta os mencionados custos das transações, teve uma contração anual de 13 pontos percentuais, atingindo 34%. Deduzindo ainda as despesas operacionais e impostos, o prejuízo líquido de US$ 45 milhões (R$ 236 milhões) no primeiro trimestre do ano.
Para mais detalhes, acesse a série série Palavra do Estrategista. Se você ainda não é assinante, pode conhecê-la por sete dias gratuitamente.