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Nvidia (NVDA) já subiu 187% em 2023; ainda dá tempo de investir? Analista responde e indica opções para surfar a onda da inteligência artificial

A fabricante de semicondutores Nvidia se aproveitou da narrativa em torno da inteligência artificial para disparar na Bolsa; vale a pena entrar?

Por Juan Rey

29 jun 2023, 11:38 - atualizado em 29 jun 2023, 11:38

Nvidia (NVDA/NVDC34)
Imagem: Divulgação/Nvidia

Na esteira do ‘hype’ em torno da inteligência artificial (IA), as ações da fabricante de semicondutores, Nvidia (NVDA), apresentam alta de mais de 187% em 2023.

Os semicondutores são componentes indispensáveis para a produção de carros, computadores e drones. Os chips de tecnologia mais avançada são usados no treinamento de modelos de inteligência artificial e, com base nesta narrativa, os papéis da Nvidia dispararam.

A importância dos chips é tamanha que os semicondutores estão no cerne da disputa comercial entre Estados Unidos e China. O presidente norte-americano, Joe Biden, sancionou no ano passado a “lei dos chips”, como ficou conhecida a Chips & Science Act, que fomenta a produção e desenvolvimento da tecnologia nos EUA e limita a comercialização de semicondutores com a China. 

A ideia é atrasar o país asiático na corrida tecnológica. Segundo o analista de tecnologia da Empiricus Research, Richard Camargo, a China está em torno de 10 anos atrasada no que se refere aos chips de alta tecnologia.

As sanções, inclusive, impactaram a Nvidia. A empresa estimou no final do ano passado uma perda de US$ 400 milhões de dólares por trimestre. O número é relevante, tendo em vista que a companhia fatura cerca de US$ 7 bilhões a cada três meses.

Ainda vale a pena investir em Nvidia?

Mas nem mesmo as medidas de Biden e o cenário macroeconômico complicado enfrentado pelos Estados Unidos foram capazes de conter a alta avassaladora das ações da Nvidia em 2023.

Por isso, muitos investidores podem se perguntar se vale a pena investir nos papéis agora, ou se a alta já foi longe demais.

Para Richard, a resposta está mais próxima da segunda opção. A Nvidia, que era a maior posição da carteira especulativa da série Money Bets, da Empiricus Research, hoje sequer faz parte do portfólio.

“Considero que, hoje, dentro de Nvidia, o especulativo é mais preponderante que o fundamento. Acho a ação muito cara. Tem um otimismo grande embutido nas projeções e eu tenho dificuldade em enxergar margem de segurança para continuar investido no papel”, aponta Richard.

Concorrente da Nvidia não surfou todo o hype

Ainda assim, ele vê atratividade em outras ações que podem se beneficiar com o ‘boom’ da inteligência artificial.

A concorrente da Nvidia no ramo de semicondutores, AMD (AMD), por exemplo, negocia a valores atrativos. No entanto, o analista pondera que a companhia hoje é muito mais uma competidora no segmento de games do que de inteligência artificial, área em que a Nvidia lidera o mercado com sobras.

“É uma ação muito mais barata, andou menos nesses 12 meses. Vejo uma relação de risco e retorno melhor para estar exposto a esse desenvolvimento de inteligência artificial”, avalia.

Crowdstrike também se mostra um investimento atrativo

Outro nome recomendado para o analista é a Crowdstrike (CRWD). A companhia de cibersegurança foi uma das primeiras do segmento a trazer um conceito de algoritmo trabalhando com inteligência artificial.

“Se você olhasse para essa indústria há 20 anos, ela estava sempre atrás dos problemas que buscava resolver. O usuário instalava o antivírus, que tinha uma biblioteca de ameaças que conhecia e tentava identificar essas ameaças. Se fosse uma ameaça nova ele seria incapaz de identificá-la”, explica Richard.

Os hackers, claro, conseguiam evoluir e “burlar” o sistema dos antivírus tradicionais. Para resolver a questão, a Crowdstrike trouxe uma solução diferente para o mercado com a ajuda da inteligência artificial. 

“Ela trabalha com aplicação instalada localmente na máquina, coletando dados o tempo todo e enviando para uma central em tempo real que tenta identificar qualquer anomalia de padrão. Assim eles conseguem prevenir diversos tipos de vulnerabilidades para clientes industriais super relevantes”, explica.

A empresa, inclusive, serve como alicerce de cibersegurança para os 25 maiores bancos do mundo, além de estar fora de toda a guerra comercial em torno dos semicondutores, como é o caso da Nvidia.

“A gente sabe que a cibersegurança vai ser um canal de investimento para todas as empresas no próximo ano. A Crowdstrike é um nome que se encaixa dentro do ramo de inteligência artificial, tem muito caminho pela frente e está desassociado desse hype que estamos falando agora”, finaliza.

Além das indicações acima, uma outra empresa parceira da Apple cresce 20% ao ano e também pode surfar o momento da inteligência artificial, segundo os analistas. Clique aqui para ver o ticker da empresa.

Confira a entrevista completa de Richard Camargo no Giro do Mercado: 

Sobre o autor

Juan Rey

Jornalista pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Contato: juan.rey@empiricus.com.br