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Nvidia (NVDC34), rainha da IA, supera expectativas mais uma vez 2T24; vale a pena investir?

A Nvidia expandiu o lucro líquido em 152% em um ano, assim como intensificou sua geração de caixa. Veja se vale comprar a ação.

Por Enzo Pacheco, CFA

29 ago 2024, 08:51 - atualizado em 29 ago 2024, 08:51

Nvidia (Imagem: Reprodução)

Nvidia (Imagem: Reprodução)

Após o pregão regular de quarta-feira (28), a Nvidia (B3: NVDC34 | Nasdaq: NVDA) reportou os seus resultados do segundo trimestre do ano fiscal de 2025 (encerrado em julho). A empresa tida como “a mais importante do mundo” por alguns mais uma vez divulgou números melhores do que o esperado pelo mercado.

Receita de Nvidia cresceu 122% em 12 meses

No trimestre a receita foi de US$30,040 bilhões, um crescimento de 122% na comparação com o mesmo período do ano anterior e maior do que o consenso de US$28,857 bilhões (sendo a menor projeção US$27,995 bilhões e a maior US$31,998 bilhões). 

O segmento de Data Centers (DC) continua sendo o principal vetor da companhia, com vendas de US$26,272 bilhões, valor 154% maior do que no 2T24. 

As outras linhas de negócios da companhia também reportaram boas taxas de crescimento, ainda que bem menores que a de DC: Gaming, US$2,880 bilhões (+16% vs. 2T25); Visualização Profissional, US$454 milhões (+20%); Automotivo, US$346 milhões (+37%); e OEM e Outros, US$88 milhões (+33%).

A margem bruta do trimestre ficou nos 75,7%, um aumento de 4,5 pontos percentuais em relação a um ano atrás. Contudo, comparado com o 1T25, a margem teve um recuo de 3,2 p.p., no qual a direção afirmou estar relacionado em grande parte a um aumento no estoque para fabricação dos novos chips Blackwell.

Mesmo com o aumento de mais de 50% nas despesas operacionais, a alta alavancagem operacional da companhia fez com que o lucro operacional ajustado totalizasse US$19,937 bilhões (+156% vs. 2T24).

Lucro líquido teve aumento de 152% em um ano

Na linha final de resultado, o lucro líquido somou US$16,952 bilhões, o equivalente a US$0,68 por ação, crescimento de 152% na comparação anual (US$6,740 bilhões, US$0,27/ação).

Essa melhora também tem sido observada na geração de caixa da companhia, com um fluxo de caixa operacional no trimestre de US$14,5 bilhões, ante US$6,3 bilhões um ano antes.

E essa maior geração de caixa tem permitido a direção retornar cada vez mais recursos aos acionistas: no trimestre foram mais US$7,4 bilhões em proventos, sendo US$7,2 bilhões em recompras e US$246 milhões em dividendos.

Sem falar que a direção aprovou um novo programa de recompra de ações no valor de US$50 bilhões. Apesar do valor impressionante, é importante salientar que esse montante não representa nem 2% do valor de mercado atual da companhia.

De acordo com a Nvidia, os ótimos números foram resultados da forte demanda das suas plataformas computacionais Hopper para treinamento e inferências de modelos de linguagem, ferramentas de recomendação e aplicações de Inteligência Artificial generativa. 

Ainda segundo a empresa, o crescimento veio principalmente das grandes provedoras de computação em nuvem, que representaram 45% da receita do segmento. 

O que achamos do resultado de Nvidia no 2T24?

Os resultados indicam que, de fato, a Nvidia segue sendo a principal beneficiária do desenvolvimento da Inteligência Artificial no momento, com trimestres seguidos de surpresas positivas tanto nos resultados como nas projeções.

Qual o guidance daqui pra frente?

Especificamente em relação ao guidance da direção, a empresa informou que espera vendas de US$32,5 bilhões no 3T25 — o que significaria um crescimento de quase 80% na comparação anual, além de ser superior ao consenso de mercado.

Acontece que as projeções dos analistas estavam em um intervalo de US$29,5 bilhões a US$37,9 bilhões. Como comparação, no 2T25 as estimativas variavam de US$28 bilhões a US$32 bilhões.

E uma parte do comunicado acabou sendo o principal ponto de preocupação dos investidores, com as ações chegando a cair quase 8% no after-market.

Segundo a direção, os consumidores receberam uma amostra da arquitetura Blackwell no trimestre. Entretanto, ela também informou que foi necessário uma modificação na estrutura do chip para melhorar a produtividade na fabricação do mesmo. 

E isso fez com que a produção em larga escala desse produto passasse a ser estimada para o 4T25, continuando ao longo do ano fiscal de 2026. 

Ainda assim, a direção espera reconhecer bilhões em receita já no último trimestre do ano fiscal de 2025. Além disso, a demanda pelo GPU Hopper deve continuar robusta, com expectativa no aumento das vendas na segunda metade do ano fiscal atual.

Se Nvidia enfrenta desafios, imagina a concorrência

Sem dúvidas a Nvidia (B3: NVDC34 | Nasdaq: NVDA) continuará sendo uma das principais empresas de tecnologia no mundo pela próxima década. Se ela está tendo dificuldade na produção dos seus chips, imagina os concorrentes que se encontram muito atrás nessa corrida.

Isso não significa, porém, que a ação possa sofrer no curto prazo com os investidores tendo que rever suas projeções para ficarem mais de acordo com as expectativas informadas pela companhia. E isso pode acabar pesando nos mercados internacionais, devido à alta participação da empresa em alguns dos principais índices globais — atualmente representando 6% do S&P 500 e mais de 8% no Nasdaq.

Sobre o autor

Enzo Pacheco, CFA

Formado em Administração pela Universidade Federal do Espírito Santo e pós-graduado em Operador de Mercado Financeiro pela FIA. Desde 2017 atua na análise dos mercados internacionais na série da Empiricus voltada a este propósito (MoneyBets).