A Nvidia (Nasdaq: NVDA | B3: NVDC34) acaba de divulgar seus resultados referentes ao 2T23, com um crescimento espetacular de 88% das receitas em relação a 2022.
Há 12 meses, a Nvidia enfrentava um cenário completamente diferente do atual: seu maior segmento ainda era o de games, cujas vendas encolhiam mais de 50% na comparação anual. O mesmo pode ser dito do mercado de PCs e do segmento “Omniverse” — a suíte de softwares da Nvidia voltados para o metaverso.
Naquele momento, apenas o segmento de Data Centers segurava as pontas, mas com crescimento dando sinais de arrefecimento.
A Nvidia de hoje é um bicho completamente diferente.
Segmento de Data Centers é novamente destaque
Com receitas totais de US$ 10,3 bilhões (+171% na base anual e 141% versus o 1T23), o segmento de Data Centers — que consolida as vendas dos semicondutores mais poderosos da empresa, voltados para o treinamento e inferência em aplicações de inteligência artificial — é 4x maior que o segmento de games.
A linha GPUs H100 é um enorme sucesso comercial e a demanda é muito difícil de ser medida.
Relatos da indústria indicam que, diante da escassez e da incerteza com relação à velocidade com que as aplicações chegarão ao mercado, os clientes estão estocando.
Da mesma maneira que alguns países possuem reservas estratégicas de petróleo, algumas empresas estão criando reservas estratégicas de GPUs.
A Nvidia, como maior beneficiária desse movimento, tem ajudado a jogar combustível na fogueira.
Por exemplo: recentemente a Nvidia anunciou um investimento de US$ 50 milhões numa startup de biotecnologia chamada Recursion.
Mais do que um investimento de retorno incerto, a Nvidia terá retorno imediato: a Recursion utilizará praticamente todo o capital para adquirir GPUs H100, da própria Nvidia, e desenvolver seus modelos de inteligência artificial.
Ou seja, neste exato momento, e provavelmente durante mais alguns trimestres, a demanda irá superar em muito a oferta para a linha H100.
Veja o desempenho dos outros segmentos da Nvidia no 2T23
Além da excepcional performance do segmento de Data Centers, os segmentos de games e Omniverse voltaram a crescer, depois de quase 18 meses de pressão nas receitas.
O segmento de games cresceu 22% na comparação anual, totalizando US$ 2,49 bilhões em receitas.
Já o Omniverse (reportado como “Professional Services”), cresceu 28% versus o 1T23, mas ainda sofreu na comparação anual.
Como único destaque realmente negativo, o segmento automotivo — venda de sensores e semicondutores para veículos — encolheu 15% na comparação anual, com vendas de US$ 253 milhões.
Apesar de ser pouco comentado, até pelo estágio ainda imaturo do mercado, a Nvidia possui uma suíte de produtos completa (hardware e software) para automação de veículos autônomos. Um de seus principais clientes, a Mercedes Benz, já mostrou alguns protótipos de veículos autônomos “powered by Nvidia”.
Com relação aos números, a performance do segmento de Data Centers trouxe enorme alavancagem operacional para a empresa.
Números da companhia superaram as – altas – expectativas
A margem bruta expandiu 26 pontos percentuais na comparação anual e 5,5 pontos percentuais versus o 1T23, com uma margem de 70%.
O lucro operacional cresceu 218%, totalizando US$ 6,8 bilhões. O lucro por ação foi de US$ 2,48, aumento de 202% versus o 1T23.
Todos os números substancialmente acima do esperado pelo mercado.
Com a casa em ordem, a Nvidia se deu ao luxo de voltar a recomprar ações. No 2T23 foram US$ 3,2 bilhões alocados em recompras de ações.
Na última segunda (21), o Conselho da empresa aprovou um novo programa de recompra que poderá chegar a US$ 25 bilhões, sem data de expiração.
Pelo valuation esticado, preferimos ficar fora das ações da Nvidia
No pregão noturno as ações sobem 9% e fazem o investidor se questionar se ainda há espaço para mais.
Como descrevi acima, a verdadeira demanda de longo prazo pelos semicondutores de AI é uma enorme incógnita. Essa incógnita, entendo, ainda jogará a favor de resultados surpreendentes nos próximos trimestres.
Mesmo assim, é difícil ganhar conforto com as ações no valuation atual.
Nvidia fez parte das carteiras internacionais da Empiricus de 2018 até o resultado do 1T23, tendo saído de cerca de US$ 80 para US$ 400 no período. Neste momento, porém, preferimos observar de fora.
Para conferir 5 recomendações de BDRs da Empiricus Research para buscar lucros fora da bolsa brasileira, clique aqui.