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A temporada de resultados do 4T24 foi diferente das temporadas anteriores, com poucas surpresas positivas. Para Larissa Quaresma, analista de equity da Empiricus, o quarto trimestre de 2024 traz uma tendência para o 1T25: a de margens mais apertadas para as empresas brasileiras.
“O ano de 2024 foi bom para as empresas devido à inflação mais baixa e um maior crescimento econômico. Contudo, o 4T24 foi muito diferente do restante do ano e traz tendências para um 2025 operacionalmente difícil”, resume.
4T24: prenúncio de margens ainda mais apertadas para 2025
Ao avaliar a temporada de resultados do 4T24 como um todo, Larissa destaca o fato de várias empresas brasileiras apresentarem um forte crescimento de receita no período, muitas vezes acima das expectativas do mercado. Contudo, os balanços revelaram uma forte pressão sobre a rentabilidade das companhias.
“Observamos algumas surpresas negativas em margem, especialmente nas empresas cíclicas. Talvez esse seja apenas o começo. A tendência é termos um 1T25 pior do que no trimestre anterior porque a Selic estará num patamar maior, assim como a inflação – ambas pressionando as despesas financeiras das companhias”, destaca.
De acordo com a analista, o ano de 2025 será operacionalmente difícil para as companhias, com tendência de queda na rentabilidade em diversos setores. Ainda assim, os valuations das empresas ainda oferecem uma margem de segurança.
“Ainda teremos alguns trimestres consecutivos de notícias ruins, com a economia real ruim. Então a estratégia é priorizar as boas empresas”, sintetiza.
Commodities: perspectivas positivas para o mercado brasileiro
Apesar de não enxergar gatilhos para uma alta vigorosa nos preços de commodities, Larissa destaca a possibilidade das empresas brasileiras exportadoras se beneficiarem das políticas tarifárias de Trump.
“Apesar de Trump ainda não ter implementado tarifas agrícolas, já se percebe uma antecipação do mercado chinês, por exemplo, de reorganizar o volume de compras de soja, saindo um pouco dos EUA para o Brasil”, explica Larissa.
A analista destaca outro fator benéfico para as commodities brasileiras: a proximidade cada vez maior de um acordo de paz entre Rússia e Ucrânia. “A Ucrânia é um importante fornecedor de fertilizantes agrícolas, essenciais para o Brasil”.
Ainda que haja boas perspectivas para as commodities brasileiras, Larissa enfatiza que não há gatilhos para mudanças vigorosas nos preços desses ativos.
No episódio mais recente do podcast Radar da Semana, do BTG Pactual, a analista comenta ainda sobre a mudança no fluxo de capital global e as expectativas para a Super Quarta . Clique no vídeo abaixo e acompanhe a íntegra das discussões.