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O que esperar do dólar em 2024? Veja quais fatores poderão influenciar no câmbio

Em 2023, a divisa americana se manteve quase o ano todo abaixo dos R$ 5. Nesta matéria, analista explica quais fatores podem impactar o câmbio em 2024.

Por Nicole Vasselai

22 dez 2023, 16:20 - atualizado em 22 dez 2023, 16:22

Dólar como hedge
Fonte: Pixabay

Nesta sexta-feira (22), foi divulgado o PCE (índice de preços de gastos com consumo) de novembro, que caiu 0,1%, segundo o Escritório Federal de Análise Econômica dos EUA (Bea, da sigla em inglês).

Em comparação anual, o indicador subiu 2,6% em novembro, número menor que os 2,9% registrados em outubro.

O núcleo do PCE — que exclui alimentos, energia e outros produtos voláteis — também recuou, subindo 0,1%, ante 0,2% no mês anterior. Em novembro de 2022, o núcleo do PCE teve alta de 3,2%, ante 3,5% do mês anterior.

Comparado a outubro, os preços de serviços subiram 0,2%. Já os preços de bens caíram 0,7%; os de alimentos reduziram 0,1%; e os de energia recuaram 2,7%.

O Fed vai cortar o juro americano em março?

Segundo Enzo Pacheco, analista da Empiricus Research, o Federal Reserve ainda depende dos dados de janeiro e fevereiro para tomar a decisão. Mas, tomando por base o PCE de novembro, para ele ainda é significativo o gasto das famílias. “Se essa tendência se mantiver para os próximos meses, pode ser que o primeiro corte do juro não seja já em março, mas em maio”, afirma.

Embora o cenário americano esteja melhorando, para Pacheco, ainda não está totalmente livre de riscos. Mesmo assim, o S&P 500, índice de ações americanas, atingiu máximas históricas nos últimos dias.

O mercado parece que se antecipou muito a esse corte de juros. Ele precifica hoje seis cortes, enquanto o Fed está precificando três. Então, se [o Fed] não entregar os seis cortes, entendo que os investidores podem se decepcionar“.

O que esperar do dólar para 2024?

Com as perspectivas de queda de queda de juros, a moeda tem se mantido abaixo dos R$ 5 durante quase o ano todo de 2023.

Mas, embora tanto o Fed quanto o Banco Central do Brasil (BCB) sinalizem – e no caso do Brasil já executem – uma taxa de juros cada vez menor, o juro real por aqui (taxa nominal menos inflação) é muito maior do que nos EUA.

Pacheco explica que isso pode levar a uma intensificação do chamado carry trade – quando investidores institucionais, principalmente, recebem dinheiro na divisa americana e investem no Brasil para aproveitar o juro real elevado. “Esse aumento do carry trade, por exemplo, pode levar a uma valorização do real frente ao dólar”.

No geral, o analista não acredita em extremos em relação à cotação do dólar. “Não acho que o cenário vá ser tão alinhado a ponto de o câmbio chegar a R$ 4,20, como alguns falam, e também não devemos ver algo tão catastrófico que leve o dólar para R$ 6“.

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É hora de comprar dólar?

Na visão de Pacheco, com a perspectiva de flexibilização do aperto monetário, o câmbio ainda pode vir a desvalorizar um pouco mais.

“Por isso, talvez valha a pena esperar para comprar dólar, caso o investidor não tenha nenhum investimento na moeda ainda. Ou é possível comprar uma parte do que você quer investir na cotação atual – em torno de R$ 4,80 – e deixar para aplicar o resto se a moeda cair para R$ 4,60, por exemplo, em algum momento. O que não pode é ficar esperando momento ideal, porque o timing é muito incerto“, recomenda.

Por fim, o analista também enxerga nas ações americanas uma boa oportunidade de se expor indiretamente ao dólar. Neste relatório gratuito, ele lista seus 5 BDRs (ações americanas negociados na Bolsa brasileira) favoritos para investir agora.

Para conferir a entrevista completa de Enzo Pacheco para o Giro do Mercado, clique aqui:

Sobre o autor

Nicole Vasselai

Editora do site da Empiricus. Jornalista formada pela Faculdade Cásper Líbero, com MBA em Análise de Ações e Finanças e passagem por portais de notícias e fintechs.