O que esperar do mercado após a invasão dos Três Poderes por radicais bolsonaristas?

A invasão dos prédios do Congresso, STF e Planalto por radicais bolsonaristas neste domingo (8), em Brasília, deve ter efeito de curto prazo na Bolsa, mas não deve trazer uma mudança de tendência ou reação muito profunda no mercado. Essa é a análise de Felipe Miranda, sócio-fundador, CEO e estrategista-chefe da Empiricus

Para ele, embora o vandalismo traga um temor de risco institucional, “é mais um barulho do que qualquer outra coisa”.

“Tem muito mais ruído, é muito mais imagético do que propriamente uma alteração das condições de lucro das empresas e ou de solvência do país. Num primeiro momento o mercado deve reagir desfavoravelmente, mas isso não mudou o país”, opina.

Felipe lembra que tudo depende dos desdobramentos e que, ao longo do tempo, as coisas podem ficar piores, embora este não seja o cenário mais provável.

“É claro que se continuar beligerante, pode ser pior e até escalar para risco de golpe, mas não é isso que está no radar neste momento”. Ele ressalta, no entanto, que irá continuar a avaliar o quadro político. “O analista deve se permitir mudar de ideia se os fatos mudam.”

O fundador da Empiricus pede atenção com a retaliação de Lula. “Se coloca diante do governo a chance de punir com rigor da lei os envolvidos diretos, mas sem entrar numa caça às bruxas generalizada. Se mantiver os primeiros sinais do governo de um radicalismo à esquerda, será muito ruim. Esperamos que não vá para esse caminho”.

Para Felipe, um discurso de apaziguamento e acolhimento, “de que vai governar para todos e que sinalize uma caminhada para o centro” poderia se tornar, inclusive, uma oportunidade para o país. 

Ibovespa deve ficar fora das altas dos mercados globais nesta segunda

Mas, no curto prazo, o fato é que o Ibovespa tem tudo para perder mais uma oportunidade de subir nesta segunda-feira (9). 

Lá fora, o mercado apresenta bom humor por conta da reabertura da China – o petróleo sobe 3% e alimenta os mercados emergentes (o Brasil deve ficar fora). 

A reverberação do relatório de emprego divulgado na sexta-feira que indicou que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) não deve subir tanto as taxas de juros também contribui para o bom humor do mercado global.

Objetivamente os ataques em Brasília devem trazer um dia ruim para a Bolsa brasileira, principalmente quando comparada aos mercados pares, que devem performar bem com a alta do petróleo e de Wall Street.

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