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Oncoclínicas (ONCO3) anuncia acordo com Unimed Recife: muda algo na tese de investimento?

A companhia firmou um contrato com a Unimed Recife referente a 30 anos de prestação de serviços. Entenda se isso agrega valor para ONCO3.

Por Nicole Vasselai

12 set 2023, 15:28 - atualizado em 12 set 2023, 16:21

Oncoclínicas (ONCO3)
Imagem: Divulgação/Oncoclínicas

Depois de captar milhões em uma oferta de ações (follow-on), a Oncoclínicas (ONCO3) anunciou, nesta terça-feira (12), um acordo que determina a prestação de serviços da Unimed Recife para a companhia durante um prazo de 30 anos. Essa é uma das medidas da empresa para colocar em prática os planos de expandir sua capilaridade e explorar ainda mais o Nordeste.

A operação de longo prazo pode envolver até R$ 280 milhões. Desse total, cerca de R$ 168 milhões serão pagos assim que o acordo for concluído. Os R$ 112 milhões restantes estão condicionados ao atingimento de metas e devem ser depositados em até cinco anos.

Por que Oncoclínicas e Unimed Recife firmaram parceria?

Segundo Fernando Ferrer, analista de ações da Empiricus Research, o interesse da Unimed Recife se deve ao objetivo de reduzir seus gastos com tratamentos oncológicos ambulatoriais para seus beneficiários e enxugar essa linha da DRE. Só no ano passado, a unidade despendeu R$ 200 milhões.

Além disso, nos últimos anos, os planos de saúde de forma geral sofreram bastante com a pressão da sinistralidade, que estava acima de 100%. Esse índice, explica o analista, representa o quanto o plano está sendo usado pelos beneficiários. E, também, em 2021, a ANS (Agência Nacional de Saúde) realizou um reajuste negativo de -7% nas mensalidades de planos individuais e familiares, prejudicando seu faturamento.

“Esses fatores levam empresas como a Unimed a procurarem alternativas para diminuir gastos e melhorar sua rentabilidade”, afirma.

Um jeito fácil de resolver essa questão seria, então, fazer parceria com uma empresa grande, que tenha capilaridade e que consiga oferecer esse serviço a um preço mais baixo do que a Unimed consegue, como é o caso da Oncoclínicas. “Por outro lado, a Oncoclínicas conseguiria expandir suas operações e aumentar a capilaridade”.

Além disso, Ferrer conta que a companhia é uma das maiores compradoras do mundo de determinados medicamentos: “Ela firma parcerias muito robustas com as grandes farmacêuticas e consegue repassar esse benefício pro seu parceiro”.

Hoje, a companhia abocanha uma fatia de 8% do setor de saúde. Segundo ele, pensando no todo, pode parecer pouco, mas dentro do setor, o segmento de oncologia é o “filé mignon” e chama atenção de muitos investidores, por ser muito rentável.

É hora de comprar ONCO3?

Em 2023, as ações da Oncoclínicas quase dobram de valor até o mês de setembro. No acumulado do ano, os papéis ONCO3 tiveram valorização em torno de 96%, negociados a R$ 11,71 no último pregão – patamar ainda distante do preço de seu IPO, a R$ 19,75. Enquanto isso, o Ibovespa subiu 6,5% no mesmo período.

Ainda que considere o papel barato em relação ao potencial de crescimento da empresa, no setor de saúde, por enquanto, Ferrer prefere Hapvida (HAPV3), cujo resultado do 2T23 surpreendeu positivamente.

Para se ter ideia, no segmento de planos de saúde, que representa quase a totalidade do faturamento da companhia, o crescimento foi de 14,8% na comparação anual, reflexo principalmente do crescente aumento do ticket médio dos contratos (+12,2% vs 2T22). Além disso, ela conseguiu entregar um índice de sinistralidade mais saudável que o esperado.

Para conferir a fala completa de Fernando Ferrer sobre ONCO3 e HAPV3, clique aqui:

Sobre o autor

Nicole Vasselai

Editora do site da Empiricus. Jornalista formada pela Faculdade Cásper Líbero, com MBA em Análise de Ações e Finanças e passagem por portais de notícias e fintechs.