Investimentos

Ouro ainda é o grande hedge global e pode chegar a US$ 4 mil, segundo analistas

Analistas Felipe Miranda e Jerson Zanlorenzi destacam a força do ouro mesmo diante do cenário geopolítico intrincado para as economias globais

Por Bruna Vogel

14 mar 2025, 14:30 - atualizado em 14 mar 2025, 14:30

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Imagem: iStock/VladK213

A cotação do ouro chegou a US$ 3 mil a onça na abertura do mercado desta sexta-feira (14), um recorde histórico que, tempos atrás, parecia difícil de ser alcançado. 

Agora, no entanto, o horizonte de valorização se expandiu, segundo Felipe Miranda, CIO e estrategista-chefe da Empiricus, e há prognósticos de que “os US$ 4 mil já estão logo ali na esquina”.

Miranda e Jerson Zanlorenzi, head da mesa de ações e derivativos do BTG Pactual, destacam os principais fatores que impulsionaram a alta do ouro e que mantêm o metal como o principal hedge global.

Ouro: descorrelação e proteção contra oscilações de humor do mercado

Miranda observa que a cotação do ouro tem seguido uma tendência de alta a despeito das oscilações do mercado. “Nos últimos anos, a correlação com o S&P 500 foi quebrada; vemos o ouro andando bem nos dois cenários: quando o índice norte-americano vai mal e quando vai bem”. 

Nesse sentido, o metal tem se mostrado um ativo de proteção global bastante interessante, especialmente no contexto atual de grandes incertezas geopolíticas e econômicas decorrentes, principalmente, das tarifas comerciais de Donald Trump e suas tentativas de negociar um cessar-fogo entre Rússia e Ucrânia. 

“Enquanto Trump tenta fazer o MAGA [Make America Great Again] ou talvez o MEGA, o Make Europe Great Again – o inimigo externo faz a Europa se unir –, a bolsa da Alemanha segue num super rali”, afirma Miranda.

Além disso, Jerson destaca como o ouro está absorvendo parte do fluxo de capital que tem migrado dos EUA para outras economias, em especial para a China e a Europa. 

Fim do excepcionalismo americano? 

Além da alta histórica do ouro, Miranda e Jerson discutem a questão de um possível fim do excepcionalismo americano e a reconfiguração do fluxo de capitais no mundo. 

Para Miranda, o fato mais interessante em relação ao cenário internacional é a diminuição do apetite pela bolsa americana, em especial aos ativos ligados a empresas de tecnologia. “Aquele movimento do All in AI [Tudo em Inteligência Artificial] agora se esvazia um pouco e vai alimentar outros mercados e ativos. Talvez possa haver um ciclo longo que não é mais do excepcionalismo americano”, resume.

Ainda no Morning Call desta sexta-feira (14), Miranda e Jerson comentam sobre os temas mais quentes do mercado, tais como commodities e mercado chinês. Clique no vídeo abaixo e acompanhe a íntegra das discussões.

Sobre o autor

Bruna Vogel

Bacharel em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo/USP e mestre em Estudos Latino Americanos e Caribenhos pela New York University/NYU, é redatora do site da Empiricus.