Neste domingo, Felipe Miranda, CIO e estrategista-chefe da Empiricus, comentou, em live no seu Instagram (ofelipe_miranda) sobre o cenário macro para o mercado de renda variável. Após incertezas quanto à inflação assustarem no começo do ano, com medo de uma elevação geral das taxas de juros mundo afora, agora, Miranda acredita que este medo passou ou, ao menos, diminuiu. E o crescimento econômico se mantém forte.
Para o líder da principal casa de research do Brasil, que está à frente da carteira Oportunidades de Uma Vida, a última semana foi boa e ajudou a traçar uma visão mais otimista para o futuro da renda variável. “Dados do emprego dos Estados Unidos vieram com 850 mil postos de trabalho criados. A expectativa era de 700 mil. Mostrou que a força da economia americana está maior do que era esperada”, apontou.
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Ao mesmo tempo que a economia está aquecida, o medo de um galope inflacionário, muito presente no começo do ano, por conta dos estímulos monetários e da própria retomada econômica, diminuiu. Em maio, a variação de preços ao consumidor dos Estados Unidos foi de 0,6%, número menor do que os 0,7% registrados no mês imediatamente anterior. Apesar de ainda alto, a desaceleração já sugere que não houve um efeito “bola de neve”.
“A gente viu o rendimento dos títulos do tesouro americano de dez anos recuar de 1,80% para menos de 1,50%. As taxas de juros de mercado estão em patamar baixo, o que deixa a renda variável ainda mais atraente”, afirmou. “Entramos em outra dinâmica, que é de crescimento econômico sem toda aquela preocupação com inflação”.
Desse modo, há uma melhora no panorama geral para mercados emergentes, com investidores com mais apetite ao risco, uma vez que o retorno de títulos ainda é baixo e deve continuar assim por um pouco mais de tempo, e também por impulsionar a procura por produtos não manufaturados.
“Os Banco Centrais estão colocando muito dinheiro na economia. Os tesouros estão bancando pacotes de infraestrutura, mantendo os preços das commodities altos, o que é ótimo para mercados emergentes como o Brasil”, explicou.
Para Miranda, o petróleo, por exemplo, precificado atualmente entre US$ 74 e US$ 75, “se mantém em bons níveis”. Além disso, junho foi marcado também por uma retomada do preço do minério de ferro, apesar de todo o esforço que a China fez para tentar frear a alta dessa commodity.
Apesar de acreditar que a escolha de ações deve afunilar quando o Fed resolver por diminuir a liquidez do mercado, essa mudança, com as recentes notícias, ficou para um horizonte “um pouco mais distante”.
Ruídos no cenário brasileiro
No cenário brasileiro, Miranda aponta que os ruídos com a CPI foram altos durante a semana, mas que diminuíram na sexta, após depoimento de Francisco Maximiano, empresário que intermediou o contrato entre a indiana Bharat Biotech e o governo brasileiro.
Além disso, é necessário acompanhar, por aqui, também os desdobramentos da proposta de reforma tributária que foi encaminhada pelo governo ao Congresso. “Cada vez mais cresce no mercado a tese que podemos ter boas notícias no desenrolar dessa mudança em duas frentes, com a tributação sobre dividendos caindo de 20% para 15% e também a taxação de rendimentos dos fundos imobiliários diminuindo. Pode ser um trigger importante para nossa bolsa”.
Quanto às companhias, Felipe Miranda apontou, como destaque da última semana, o fato de André Jakurski, fundador do JGP Gestão de Recursos, ter reforçado a sua posição em Oi (OIBR3). “Ação tava largada, rasgou na sexta-feira. Para mim, o Jakurski é um dos grandes nomes do mercado brasileiro e ele mostrou sua convicção. Também acho que está barata e está na minha carteira”, disse.
Ele disse, por último, que está de olho, nesta semana, nas prévias das incorporadoras, que devem começar a sair. “Vale muito a pena ficar de olho na Direcional (DIRR3). Acredito que deve vir mais um resultado recorde. O mercado está subestimando o que essa companhia vai entregar”, afirmou.