Investimentos

Pedra no sapato: questão fiscal atrapalha Brasil de surfar ciclo de cortes de juros pelo mundo, afirma analista

Segundo analista de macroeconomia da Empiricus Research, o mercado brasileiro está perdendo uma janela de oportunidades devido à desancoragem fiscal.

Camila Paim Figueiredo Jornalista

Por Camila Paim

27 set 2024, 14:48 - atualizado em 27 set 2024, 14:48

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Imagem: iStock/ blackdovfx

O mês de setembro garantiu semanas acaloradas para o mercado financeiro. Após as decisões de juros na quarta-feira da semana anterior (18), esta semana diversos indicadores trouxeram novos direcionamentos sobre os próximos passos para a política monetária brasileira e internacional. 

Com o Ibovespa ainda volátil diante da desancoragem de expectativas no âmbito fiscal, confira a seguir os principais eventos da semana que podem impactar o mercado à frente:

Estados Unidos deve manter ciclo de flexibilização

No panorama internacional, o corte de juros do Federal Reserve na semana passada de 50 pontos-base (pb) refletindo uma desaceleração da economia americana que agradou os mercados globais. 

“Os dados relevantes de atividades desta semana, somados com o PCE [indicador preferido de inflação do Fed] de hoje (27), nos levam a acreditar na continuidade do ciclo de flexibilização da política monetária”, comenta o analista de macroeconomia da Empiricus Research, Matheus Spiess. 

Descartando a possibilidade de uma recessão, Spiess acredita que as economias globais agora parecem estar mais sensíveis aos juros americanos

“No cenário internacional se desenha essa economia robusta no curto prazo, com espaço para corte de juros. Espera-se mais um corte de 50 pb em novembro e mais 25 pb em dezembro, somando 75 pb ainda esse ano”, avalia Spiess. 

Europa e China levantam os ânimos

Além dos EUA, outras economias desenvolvidas também entraram em um ciclo de política monetária mais flexível, como a Suíça e Suécia. 

“O afrouxamento monetário deve aumentar a atratividade de ativos de riscos – o que atrai dinheiro para economias emergentes, como o Brasil”, relembra Spiess, estimando que o Banco Central Europeu (BCE) e o Bank of England (BoE) também devem dar continuidade aos cortes de juros.

Além disso, outro “empurrãozinho” para os mercados globais veio da Ásia. O anúncio de estímulos para a economia, “diferente do que vinha fazendo até então, ajuda a animar o investidor com o mercado chinês”, segundo o analista. 

A medida do governo chinês também serviu para impulsionar o preço do minério de ferro (alta superior a 10% na semana) e demais produtos. 

Enquanto isso, o preço do barril de petróleo entra em clima de queda, influenciado pelas notícias de que a Arábia Saudita estaria com planos de aumentar a produção, desvalorizando o insumo.

Dados de emprego animam mercado, mas BC mantém postura rígida 

Nesta sexta-feira (27), foram divulgados os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho e Emprego, atestando que o país criou 232.513 vagas de trabalho com carteira assinada em agosto. 

Ainda hoje, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, do IBGE também entregou dados recordes: os números de população ocupada, empregados no setor privado e no setor público, e de trabalhadores com carteira e sem carteira atingiram os maiores níveis da série histórica da pesquisa, iniciada em 2012.

Apesar disso, o clima do mercado brasileiro parece que ainda não conseguiu “virar” tão bem como em demais mercados estrangeiros.

“Tanto a ata do Copom como o relatório trimestral mostraram uma postura bem hawkish da autoridade monetária, sinalizando que devemos aumentar o aperto monetário nos próximos meses”, comenta Spiess sobre os resultados da semana. 

Segundo o analista, principalmente a desancoragem das expectativas com o fiscal problemático faz com que o Banco Central seja obrigado a subir a taxa de juros. “Acho que o jogo está em aberto e o governo vai ter que endereçar isso com o relatório de despesa de novembro – o que vai ser um vetor de volatilidade”, explica. 

Brasil perde janela de oportunidade com fiscal problemático

Na visão de Spiess, o mercado brasileiro está perdendo uma janela importante nesse final de ano que poderia ser muito benéfica, com a queda de juros e a valorização do real. 

Apesar disso, o analista acredita que a semana foi boa para o Brasil. “As medidas da China e a decorrente aceleração das commodities permitiu que o mercado diminuísse a sua percepção sobre o fiscal e aproveitasse a perspectiva flexibilidade de política monetária dos EUA”, completa.

Enquanto que o Brasil ainda não avança no mesmo ritmo de demais economias, analistas da Empiricus Research avaliam que existem oportunidades na bolsa de valores “dando sopa”.

Isso acontece porque esses investimentos têm grande possibilidade de decolar com a recuperação econômica brasileira e basta alguns gatilhos para que os investidores tenham a chance de capturar bons lucros com estas ações. Confira quais são estes tickers selecionados em um relatório gratuito da Empiricus, disponível neste link.

Camila Paim Figueiredo Jornalista

Sobre o autor

Camila Paim

Jornalista formada na Universidade de São Paulo (USP), com mobilidade acadêmica na Université Lumière Lyon 2 (França). Trabalhou com redação de jornalismo econômico e mercado financeiro, webdesign e redes sociais, além de escrever sobre gastronomia e literatura.

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