A Petrobras (PETR4) divulgou resultados do 2T23 praticamente em linha com as expectativas, com queda já esperada do Ebitda e do lucro em função da desvalorização do petróleo no período, mas sem surpresas desagradáveis no Refino, que era o grande medo do mercado após a mudança na política de comercialização de combustíveis.
Exploração e Produção recuou 13% em comparação anual
No segmento de Exploração e Produção (E&P), volumes de produção um pouco menores combinados com a desvalorização do Brent implicaram em um Ebitda de R$ 49 bilhões, recuo de -13% na comparação com o 1T23.
Refino consegue manter margem positiva
No segmento de Refino, o Ebitda caiu de R$ 12,3 bilhões no 1T23 para R$ 8 bilhões neste trimestre, em uma combinação de menores preços dos derivados nos mercados internacionais e menores margens de comercialização. Também houve um efeito negativo de -R$ 2,2 bilhões no resultado do segmento por conta da desvalorização do estoque em função da queda do petróleo no período.
No entanto, é importante destacar que mesmo com todos esses efeitos negativos e uma política comercial mais agressiva, a margem do segmento foi de 8%, afastando, pelo menos por enquanto, as suspeitas de que a companhia esteja vendendo combustível com perdas.
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Gás e Energia tem queda no Ebitda
O segmento de Gás e Energia continua com volumes afetados pelo elevado nível dos reservatórios, além da desvalorização do preço do gás, que acompanhou a queda do Brent. O Ebitda do segmento atingiu R$ 2,4 bilhões, recuo de -35%.
No consolidado, Petrobras não trouxe grandes surpresas
No consolidado, considerando todos os segmentos, o Ebitda atingiu R$ 58 bilhões, uma queda de -22% na comparação com o 1T23, mas em linha com as expectativas.
O resultado financeiro melhorou, reflexo do efeito de valorização do real, mas não foi suficiente para reverter a queda de -24% do Lucro Líquido, que ainda assim atingiu R$ 28,8 bilhões, levemente acima do consenso.
O Fluxo de Caixa Livre permaneceu elevado, em R$ 33 bilhões, e inclusive permitiu à estatal anunciar mais R$ 1,15 em dividendos (3,7% de yield sobre o fechamento de ontem), já refletindo a nova política de distribuição.
Mesmo com a queda nos preços do petróleo, a Petrobras mostrou números sólidos referentes ao 2T23. Mas nos patamares atuais de preço/lucro (3,5 vezes) e dividend yield (14% esperados para 2024) e o aumento da possibilidade de interferência política, o risco vs. retorno desse investimento já não nos parece mais tão atrativo, e deixamos de ter recomendação de compra para os papéis a partir de hoje.