A Petrobras (PETR4) reportou resultados operacionais resilientes mais uma vez, mas que tiveram pouca importância diante de um anúncio de dividendos muito abaixo das expectativas.
No segmento de Exploração & Produção (E&P), o mais relevante para os resultados, o Ebitda ajustado atingiu R$ 57 bilhões, queda de -4% na comparação com o 3T23, afetado por preços menores do petróleo no período, e despesas de abandono de alguns campos.
Ainda assim, é importante lembrar que o custo de extração (lifting cost) segue em patamares bastante competitivos (US$ 5,52 dólares por barril) e o aumento da produção no pré-sal deve continuar rendendo boa geração de caixa para a companhia.
No segmento de Refino, o Ebitda ajustado caiu -6%, para R$ 9,7 bilhões, muito em função do ajuste de estoques, devido a desvalorização do petróleo no período. Desconsiderando esses efeitos o Ebitda teria saltado de R$ 4,6 para R$ 11 bilhões, um sinal importante de que a companhia segue visando o lucro em suas operações de refino.
No segmento de Gás e Energia, o menos relevante, o Ebitda atingiu R$ 3,5 bilhões, em linha com o trimestre anterior, com maiores receitas sendo compensadas por algumas questões operacionais no período, como o aumento da necessidade de regaseificação de GNL.
No trimestre, ainda tivemos um impairment de quase -R$ 11 bilhões, por conta da revisão para baixo na perspectiva de produção em alguns campos, apesar de este não ser um efeito caixa e não ser motivo de preocupação.
Lucro líquido ajustado da Petrobras saltou para R$ 41 bilhões no 4T23
Excluindo esse e outros efeitos não recorrentes, o Ebitda consolidado ajustado atingiu R$ 66,8 bilhões, alta de +1% na comparação com o 3T23 e um pouco acima do consenso, ajudado por bom controle do lifting cost e margens saudáveis no refino.
Ajudado principalmente pela variação cambial do período, o resultado financeiro melhorou cerca de R$ 10 bilhões, e fez o lucro líquido ajustado saltar de R$ 27 bilhões no 3T23 para R$ 41 bilhões no 4T23.
Anúncio de dividendos decepcionou o mercado
Infelizmente, todo o bom desempenho foi apagado pelo anúncio de dividendos bem menores do que o mercado esperava.
A companhia anunciou R$ 14,2 bilhões em dividendos, que apesar de estar em linha com a política de distribuir 45% do Fluxo de Caixa Livre, decepcionou boa parte do mercado que esperava dividendos extraordinários, e abre margem para que a reserva de lucros seja usada em investimentos com baixo (ou nenhum) retorno aos acionistas, como já aconteceu no passado, e que explicam a reação muito negativa dos papéis.
Por esses motivos, e por entender que o valuation atual deixa pouca margem para notícias negativas como essa, seguimos neutros no papel, mas acompanhando de perto essa história caso apareça alguma oportunidade.
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