Times
Investimentos

Petróleo bate recorde de preço desde novembro de 2022 em meio a novo acordo de corte na oferta da OPEP+; confira

O West Texas Intermediate, um referencial dos Estados Unidos, subiu em sua oitava sessão consecutiva, aproximando-se de US$ 86 por barril. Na semana passada, a Rússia anunciou sua intenção de estender as restrições às exportações de petróleo, com mais detalhes sobre essas reduções a serem divulgados nos próximos dias. O preço do Brent, referência global do petróleo, já ultrapassou a marca dos US$ 88 por barril.

Por Matheus Spiess

04 set 2023, 08:25 - atualizado em 04 set 2023, 08:25

Petróleo china commodities petrobras petr4 ibovespa
Imagem: Pixabay

Bom dia, pessoal. Lá fora, os mercados asiáticos fecharam em alta nesta segunda-feira (4), acompanhando os sinais positivos do mercado americano na última sexta-feira (1), com os investidores reagindo positivamente ao aumento do otimismo sobre a saúde da segunda maior economia do mundo, após dados terem mostrado que a atividade manufatureira chinesa expandiu inesperadamente em agosto. A agenda do dia é mais tranquila neste início de semana por conta do feriado nos EUA, que fecha o mercado por lá hoje.

Os mercados europeus começam a semana igualmente em alta. No final da semana passada, os dados de emprego dos EUA fizeram pressão sobre os investidores. Ainda há bastante expectativa para estímulos fiscais e monetários na China, o que anima os investidores. Na agenda, contamos com os dados do comércio alemão (a mudança dos gastos em bens para os gastos em serviços provavelmente reduzirá o comércio global em percentagem do PIB). No Brasil, a semana é esvaziada por feriado na quinta-feira.

A ver…

· 00:51 — Notas de Superação: O Crescimento que Desafia as Previsões

No cenário doméstico, os investidores foram envolvidos por um clima otimista após a divulgação dos dados do PIB. Várias instituições revisaram suas projeções de crescimento para o Brasil neste ano, elevando a expectativa para um sólido patamar de 3%. Se esse ritmo se mantiver, é possível que o Brasil recupere sua oitava posição no ranking global de economias já no próximo ano.

Esse impulso foi resultado de um PIB que superou as expectativas na última quinta-feira. No entanto, essa confiança será testada com os dados de produção industrial na terça-feira (5), que podem mostrar uma desaceleração e uma queda de cerca de 0,30% em julho, em contraste com o aumento de 0,1% em junho.

No entanto, a principal preocupação não reside na atividade econômica, mas sim no aspecto fiscal. O objetivo de alcançar um déficit zero no orçamento é considerado ilusório e o orçamento para 2024 é percebido como uma peça fictícia. Além disso, falta apoio no Congresso para aprovar as medidas necessárias para recompor a receita, como a tributação de fundos exclusivos e offshores. Nesse sentido, o alívio fiscal dependerá das dinâmicas políticas em Brasília, que podem ou não avançar com a agenda econômica necessária.

  • VEJA MAIS: Agora você pode acessar gratuitamente +100 recomendações dos analistas da Empiricus Research em ações, renda fixa, fundos imobiliários e muito mais. Saiba como aqui.

· 01:49 — Descansando depois do payroll de sexta-feira

Os mercados de ações e títulos dos Estados Unidos permanecerão fechados na segunda-feira (4) devido ao Dia do Trabalho. Os investidores estão programados para retornar na terça-feira após um fim de semana prolongado, marcando o início de uma semana agitada repleta de relatórios de lucros corporativos, reuniões de analistas e novos dados econômicos dos Estados Unidos.

Na sexta-feira passada, o relatório de folhas de pagamento (payroll) confirmou a tendência observada em outros indicadores de emprego, como os dados JOLTS e ADP, indicando que o mercado de trabalho dos EUA está desacelerando. Isso fortaleceu a expectativa dos investidores de que o Federal Reserve (Fed) fará uma pausa adicional no aperto de sua política monetária neste mês. No entanto, é importante ressaltar que é prematuro apostar no fim do ciclo de aumento das taxas de juros, uma vez que a inflação continua bem acima da meta de 2%.

Os principais eventos econômicos da semana, que é mais curta devido ao feriado, incluirão a divulgação de dados sobre encomendas às fábricas, pedidos iniciais de subsídio de desemprego e crédito ao consumidor. Esses lançamentos colocarão uma pressão adicional sobre o Federal Reserve, que também será escrutinado com a publicação do Livro Bege para setembro.

Atualmente, a ferramenta CME FedWatch indica uma probabilidade de apenas 7% de um aumento de 25 pontos-base na taxa de juros na próxima reunião do Fed, agendada para 19 e 20 de setembro, enquanto as negociações nos contratos de fundos federais sugerem uma probabilidade ligeiramente superior a 35% de que um aumento nas taxas de juros de 25 pontos-base ocorra antes ou na reunião de novembro.

· 02:38 — Alguém lembra do G20

Na agenda internacional, os líderes dos governos do G20 estão agendados para se reunir esta semana. No entanto, tanto o presidente russo, Vladimir Putin, quanto o presidente chinês, Xi Jinping, anunciaram que não planejam comparecer, o que reduz a relevância do evento – a ausência de Putin já era esperada, mas a decisão de Xi cria uma situação um tanto desconfortável.

Poderia ser uma ideia interessante se outros líderes governamentais também optassem por não comparecer. Em um mundo onde o nacionalismo econômico está em ascensão, não está claro qual é o propósito de um grupo tão diversificado como o G20. O que costumava ser um fórum para que as economias discutissem questões relevantes agora parece cada vez mais desconsiderado.

  • CONFIRA TAMBÉM: Como construir patrimônio em dólar? Estratégia de investimento desenvolvida por físico da USP possibilita lucros na moeda americana; conheça aqui

· 03:25 — Vem mais corte aí

O mercado de energia poderá enfrentar turbulências à medida que detalhes sobre o novo acordo de corte na oferta da OPEP+ liderada pela Rússia são divulgados. O preço do petróleo continuou sua recuperação, atingindo o nível mais alto desde novembro, impulsionado pelas expectativas de que os líderes da OPEP+ vão apertar o mercado com reduções na oferta.

O West Texas Intermediate, um referencial dos Estados Unidos, subiu em sua oitava sessão consecutiva, aproximando-se de US$ 86 por barril. Na semana passada, a Rússia anunciou sua intenção de estender as restrições às exportações de petróleo, com mais detalhes sobre essas reduções a serem divulgados nos próximos dias. O preço do Brent, referência global do petróleo, já ultrapassou a marca dos US$ 88 por barril.

A Arábia Saudita, que junto com Moscou exerce influência significativa na aliança OPEP+, é amplamente esperada pelos investidores para seguir o exemplo, prorrogando suas restrições voluntárias até outubro. No entanto, essa ação pode gerar preocupações em relação à inflação e aumentar a pressão sobre as autoridades monetárias para lidar com esse cenário.

· 04:12 — A esperava interminável pelos estímulos

As ações chinesas registraram ganhos após a implementação de novas medidas de apoio ao setor imobiliário pelo país, representando as mais recentes ações em uma campanha intensificada para revitalizar esse setor que tem impactado negativamente a economia.

O Hang Seng China Enterprises Index, um índice que reflete o desempenho de empresas chinesas listadas em Hong Kong, avançou até 3,6%. Além disso, um indicador da Bloomberg Intelligence relacionado às ações de empresas imobiliárias subiu mais de 8%.

A China está demonstrando sua firme determinação política ao adotar essas medidas, após uma série de abordagens fragmentadas não terem conseguido conter a desaceleração desse setor.

Além disso, as transações imobiliárias nas principais cidades chinesas registraram um aumento significativo durante o fim de semana, após a flexibilização das regras hipotecárias na semana passada.

Esses desenvolvimentos também são de relevância para o mercado de commodities, que agora encontra um novo nível de suporte.

Sobre o autor

Matheus Spiess

Estudou finanças na University of Regina, no Canadá, tendo concluído lá parte de sua graduação em economia. Pós-graduado em finanças pelo Insper. Trabalhou em duas das maiores casas de análise de investimento do Brasil, além de ter feito parte da equipe de modelagem financeira de uma boutique voltada para fusões e aquisições. Trabalha hoje no time de analistas da Empiricus, sendo responsável, entre outras coisas, por análises macroeconômicas e políticas, além de cobrir estratégias de alocação. É analista com certificação CNPI.