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Petz (PETZ3): “Queda do poder de compra da população afeta pouco a companhia”, afirma analista

No balanço de resultados da Petz referente ao 1T22, números demonstram resiliência, apesar de ser abaixo das expectativas do mercado; confira

Por Melissa Bumaschny Charchat

16 maio 2022, 16:37 - atualizado em 16 maio 2022, 16:37

Petz (PETZ3) divulga balanço de resultados referente ao 1T22. Fonte: Freepik

Seguindo a agenda de balanços, a Petz (PETZ3), rede de lojas de produtos e serviços voltados aos animais de estimação, divulgou seus resultados referentes ao 1T22. Os números, apesar de abaixo das expectativas do mercado, demonstram resiliência, considerando o cenário macro conturbado para o varejo.

Em relatório da série As Melhores Ações da Bolsa, os analistas Fernando Ferrer e João Souza dizem que o desempenho de Petz foi neutro. 

Confira alguns dos principais pontos:

Vendas nas lojas e receita

A receita bruta no primeiro trimestre de 2022 totalizou R$ 693 milhões, crescimento de 29% em relação ao 1T21. 

Os analistas destacam que houve sólida evolução nas vendas em mesmas lojas (SSS), que avançaram 14% na mesma base comparativa. 

Um aspecto importante foi o recorde batido pela companhia na penetração digital sob a receita bruta, que alcançou 32% no período contra 29% no 1T21, validando ainda mais a omnicanalidade da companhia e a consolidação de seu ecossistema.

“No consolidado, os quase 30% de crescimento nas vendas brutas é um reflexo da resiliência da Petz e de sua capacidade de repassar preços”, explica Fernando Ferrer.

O analista complementa, ainda: “A inflação e, consequentemente, a diminuição do poder de compra da população, afeta Petz em uma magnitude significativamente menor do que em relação a varejistas que atuam em outros segmentos”.

Margem bruta e Ebitda

A margem bruta se manteve estável em 40,7% na comparação anual, evidenciando mais uma vez o poder dos preços da companhia, e o lucro bruto totalizou R$ 304 milhões, um crescimento de 39%.

O Ebitda ajustado totalizou R$ 55 milhões, 26% a mais que no 1T21, com margem de 7,9 %, pouco abaixo dos 8,1% reportados no ano anterior. 

É, entretanto, um número consistente, considerando as pressões de preço no período e as despesas com o acelerado plano de expansão da companhia, que abriu 10 lojas no 1T22.

O lucro líquido ajustado da Petz foi de R$ 21 milhões, 58% superior ao mesmo período de 2021, com margem líquida de 2,8% (0,3 p.p a mais que o 1T21).

Zee.Dog: adiante captura de sinergias

Um fator a ser levado em consideração no relatório dos analistas é a compra da plataforma Zee.Dog e suas subsidiárias pela Petz no valor de R$ 715 milhões, em janeiro deste ano, de forma que ainda não teve efeito no balanço de 1T22.

As vendas da Zee.Dog, por sua vez, cresceram 48% na comparação anual, totalizando R$ 59 milhões. A operação ainda reporta Ebitda negativo, mas isso deve ser revertido com o avanço da integração e captura de sinergias com a Petz.

Ações em queda

As ações da companhia foram um destaque negativo na Bolsa no primeiro pregão após a divulgação do resultado, com queda de 11,7% e, no pregão seguinte (9), caíram mais 10,9%.

“O primeiro ponto está relacionado à questão sistêmica, que não pode ser ignorada, haja vista a crescente aversão a risco dos investidores frente aos sinais de deterioração macroeconômica global, em especial para os casos de maior crescimento”, destaca Ferrer.

Ele afirma que, em relação aos resultados da companhia, o que pode ter causado o mau humor dos investidores foi a contribuição negativa da Zee.Dog, maior aquisição da Petz, ao resultado consolidado da companhia. 

“Preocupação bastante plausível, haja vista que a compra de R$ 715 milhões gerou um lucro operacional negativo e, portanto, não acrescentou rentabilidade à operação consolidada, muito pelo contrário”, avalia.

Expectativa de reversão: como o investidor deve se posicionar diante disso?

Durante a conferência de resultados, a gestão enfatizou que esses números já eram esperados e devem começar a ser revertidos a partir do 2T22, à medida que as sinergias entre as empresas sejam capturadas.

Além disso, a perda do valor de mercado da Petz nos dois dias que sucederam a divulgação dos resultados foi de R$ 2 bilhões, muito acima do valor pago na Zee.Dog e, portanto, mostrando um comportamento bastante errático do mercado segundo Ferrer.

“A pergunta que fica é se esta queda se trata de uma oportunidade de reforço de posição ou não. Em nossa opinião, sim. Contudo, há de se ponderar que dado o contexto de volatilidade global, podemos experimentar movimentos erráticos por mais algum tempo e, portanto, é importante que se tenha estômago para atravessar a tormenta”, afirma o analista.

Ele conclui: “Por ora, manteremos nosso peso inalterado. Negociando a 39 vezes os seus lucros para 2022, Petz (PETZ3) segue na carteira do MAB”.

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Assim como dos resultados da Petz, a série As Melhores Ações da Bolsa, dos analistas Fernando Ferrer e João Souza, traz análises dos resultados de várias outras empresas, bem como assuntos que estão em alta no mercado de ações.

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Jornalista em formação pela Faculdade Cásper Líbero, é integrante da equipe de conteúdo da Empiricus e já atuou em social media e redação.