Economia

Plano Bresser: saba como foi, quem criou e quais foram as consequências desse plano

O Plano Bresser foi um plano econômico lançado durante o governo José Sarney com o objetivo de controlar a alta inflação da época. Entenda o que foi e as consequências do Plano Bresser para a economia.

Por Equipe Empiricus

25 set 2023, 07:00 - atualizado em 03 dez 2023, 22:29

Imagem para representar o Plano Bresser, uma tentativa do governo Sarney de estabilizar a inflação da época

Em 1980, o cenário econômico no Brasil era péssimo e o vilão principal era o crescimento desenfreado da inflação. Mas o governo tentou se opor ao fenômeno de diversas formas, dentre as quais o memorável — em um mau sentido — Plano Bresser.

Como foi a implementação do Plano Bresser?

A década de 1980 foi tão ruim que seu apelido era a “década perdida”. A hiperinflação — quando a inflação é superior a 50% ao mês — estava destruindo o país.

Você já deve ter ouvido alguma história sobre uma época onde as pessoas recebiam o salário num dia e corriam imediatamente para comprar comida para o mês inteiro, porque no dia seguinte os produtos estariam muito mais caros.

Pois é, tem a ver com 1980 – e com o Plano Bresser.

Nesse caos, o governo tentou criar vários planos para controlar a hiperinflação, começando em 1986 pelo Plano Cruzado I, acompanhado do Plano Cruzado II.

Através deles, o cruzeiro foi trocado pelo cruzado (1 cruzado = 1.000 cruzeiros) e foi estabelecido o congelamento de preços de diversos produtos.

Nota de 1.000 cruzados
A nota de 1.000 cruzados equivalia a 1 milhão de cruzeiros

O resultado foi a escassez de todos os produtos que tiveram seus preços congelados, situação que, mais tarde, criaria um mercado negro em torno deles e a prisão dos envolvidos.

Então, chega a vez do Plano Bresser em junho de 1987, liderado por Luiz Carlos Bresser-Pereira, ministro da Fazenda.

A ideia era preservar tudo que “funcionou” nos planos anteriores e aplicar algumas coisas mais. Assim, o congelamento de preços foi mantido, mas entra em cena o congelamento de salários e de câmbio também.

Os preços foram congelados no seu pico; os salários, pela média de inflação do trimestre anterior; e o câmbio, por fim, sofreu uma desvalorização de 10%.

Esse cenário persistiu durante 90 dias, sendo, então, flexibilizado e, por fim, totalmente desfeito.

Os empresários, no entanto, pressionavam o Estado por reajustes, já que eram eles que arcavam com o impacto da desvalorização cambial e, portanto, precisavam repassá-lo aos preços.

O Plano Bresser deu certo?

O curto prazo indicava que o Plano Bresser, lançado em junho de 1987, finalmente tinha resolvido o problema: a inflação era de 19,71% neste mês, mas caiu drasticamente para 9,21% em julho e para 4,87% em agosto.

Então, as coisas desandaram em setembro, quando a inflação atingiu 7,78% e continuou subindo no mesmo ritmo nos meses subsequentes.

Além disso, as medidas drásticas de congelamento por parte do governo geraram uma postura de cautela exacerbada na população. O medo de que o Estado repetisse tais feitos resultou numa reprecificação generalizada e, com isso, uma subida ainda mais enfática da inflação.

No longo prazo, a resposta foi definitiva: o Plano Bresser falhou.

Assim, seis meses após a implementação do plano, Bresser-Pereira abandonou o cargo de ministro da Fazenda enquanto o Brasil enfrentava uma inflação anual de 363,41%.

A marcha rumo à hiperinflação foi tortuosa e bastante lenta, perdurando durante mais seis anos — e mais três planos falhos — e finalmente chegando ao fim com o lançamento do Plano Real, em fevereiro de 1994.

É possível reaver o dinheiro perdido no Plano Bresser?

Até março de 2019, era possível aderir ao acordo entre bancos e poupadores para receber os valores perdidos durante o Plano Bresser, Plano Verão e Plano Collor II, no maior estilo “aqui se faz, aqui se paga”.

Mas quem tinha direito?

Os poupadores e/ou sucessores que entraram com ação na justiça requisitando o pagamento dos Planos Econômicos em questão, desde que seguisse à lógica abaixo:

  • Ações individuais ajuizadas até o prazo de 20 anos da edição de cada Plano Econômico; ou
  • Ações coletivas ajuizadas até o prazo de 5 anos do trânsito em julgado da sentença coletiva.

Ou seja, você precisava ter processado o Estado, individual ou coletivamente, para reaver seu dinheiro até 2007 ou 1992, respectivamente.

Vale destacar que usamos o Plano Bresser como referência para as datas acima.

Assim, passando agora para os prazos limites de solicitação, tínhamos o seguinte:

LoteDataCondição
122/05/2018Nascidos até 1928
221/06/2018Nascidos entre 1929 e 1933
321/07/2018Nascidos entre 1934 e 1938
420/08/2018Nascidos entre 1939 e 1943
519/09/2018Nascidos entre 1944 e 1948
619/10/2018Nascidos entre 1949 e 1953
718/11/2018Nascidos entre 1954 e 1958
818/12/2018Nascidos entre 1959 e 1963
917/01/2019Nascidos a partir de 1964
1016/02/2019Sucessores ou inventariantes de poupadores já falecidos
1118/03/2019Poupadores que tenham ingressado em juízo entre 01/01/2016 e 31/12/2016

É importante destacar que, caso queira encontrar alguma outra informação técnica sobre o Plano Bresser ou outros programas do governo, vá direto à fonte.

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