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Plano de Demissão Voluntária (PDV) da Eletrobras (ELET3, ELET6) ajuda a ‘destravar valor gigantesco para o acionista’, diz analista; entenda

Eletrobras anunciou PDV com expectativa de adesão de 1.574 funcionários; veja o que esperar

Por Juan Rey

19 jun 2023, 16:22 - atualizado em 19 jun 2023, 17:06

Eletrobras logo no celular elet3 elet6
Imagem:: Shutterstock

A Eletrobras (ELET3, ELET6) anunciou nesta segunda-feira (19) o segundo Plano de Demissão Voluntária (PDV) desde a privatização, que ocorreu há pouco mais de um ano. 

A companhia estima um custo entre R$ 450 milhões e R$ 750 milhões com o plano. De acordo com o presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira Junior, a expectativa é que os dois PDVs somados possam gerar uma economia anual de R$ 1,7 bilhão a R$ 1,9 bilhão aos cofres da empresa.

O analista da Empiricus Research, Ruy Hungria, explica que o plano de demissão segue a linha de tornar a Eletrobras uma empresa mais eficiente depois da privatização. 

Ao fim do PDV, Eletrobras terá reduzido quadro de funcionários em 73%

Para se ter uma ideia, a companhia tinha cerca de 26 mil funcionários em 2016. “Era de longe a empresa do setor que tinha mais funcionários”, afirma Ruy. 

Desde então, a companhia vem tentando reduzir o quadro para se tornar mais rentável e eficiente. Quando foi privatizada, em junho do ano passado, a Eletrobras tinha menos da metade dos funcionários de 2016: entre 10 e 12 mil. 

O número, ainda assim, continuava inchado. O cálculo de funcionários por capacidade instalada mostrava que a Eletrobras, mesmo com a redução drástica, tinha cerca de três vezes o número de empregados em comparação com o resto do setor. 

Depois da privatização, a companhia fez o primeiro PDV, com adesão de 2.312 funcionários. Agora, a Eletrobras espera a participação de 1.574 empregados no segundo PDV. 

“A privatização facilita os PDVs. Não tem tantas amarras para fazer esse tipo de redução de custos”, aponta Ruy. 

Ao final do processo, é estimado que a empresa fique com aproximadamente 7 mil funcionários, um corte de 73% desde 2016.

O analista acredita que novos planos de demissão em menor escala podem ser feitos no futuro em busca de uma melhoria de eficiência, que, para Ruy, não tem acontecido “tão rápido quanto o mercado gostaria”. 

Qual pode ser o impacto da redução de custos para a Eletrobras?

Para definir o quanto a companhia pode se beneficiar com as reduções de custo (da qual o PDV é peça-chave), Ruy cita o exemplo da CESP, companhia energética que era do Estado de São Paulo que foi privatizada e incorporada à Auren Energia (AURE3). 

“Em pouco mais de 2 anos, a companhia reduziu o PMSO, que são os gastos gerenciáveis, em 50%. Pelo tamanho da Eletrobras e o poder de diluição de custos até maior que o da CESP, entendemos que essa redução de 50% é totalmente alcançável”, aponta.

De acordo com Ruy, a Eletrobras tem hoje um PMSO de R$ 9 bilhões por ano. Caso a redução de custos chegue a 50%, representaria uma economia de aproximadamente R$ 4,5 bilhões. 

Isso vai bater direto no Ebitda e na geração de caixa da companhia. É uma criação de valor gigantesca para o acionista”, avalia.

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Companhia tem outras avenidas de crescimento; veja quais são

Além dos programas de demissão voluntária, que na opinião de Ruy são a principal avenida de ganho de valor para os acionistas, a companhia tem outras vias de crescimento. 

Uma delas é a descotização das usinas hidrelétricas. Até a privatização, a companhia era obrigada a vender energia a preço de custo. Agora, a Eletrobras tem direito de vender a energia a preço de mercado. “Isso vai acontecer aos poucos e, ao longo dos anos, ela teria a energia de todas as usinas para vender em preço de mercado”, explica.

“Um problema que existe hoje é que a energia está em valores muito baixos. Estamos vendo muita chuva e os reservatórios estão cheios. Essa avenida de criação de valor ainda existe, mas ficou um pouco mais para o futuro”, pondera.

Outra avenida de criação de valor é a resolução dos passivos que a companhia tem relacionados aos empréstimos compulsórios. “A Eletrobras tem mais de R$ 30 bilhões provisionados no balanço”. Com a privatização, Ruy vê um maior interesse e capacidade de reduzir as contingências de maneira mais eficiente. 

Prova de que o mercado acredita na melhora dos resultados da empresa é que o mercado estima um Ebitda de R$ 25 bilhões em 2025. Em 2022, o número ficou em R$ 17 bilhões.

Além disso, a ação mostra forte recuperação após sofrer com ruídos políticos e a queda no preço da energia. Desde a mínima do ano, em 23 de março, o papel subiu 35,3% e fechou o pregão da última sexta-feira (16) cotado a R$ 44,17.

“À medida que o ganho de eficiência vai ocorrendo, a tendência é ver a ação ganhando mais tração e valor. Entendo que ainda tem espaço para isso”, analisa Ruy.

A Eletrobras (ELET3, ELET6) é uma recomendação da série Vacas Leiteiras, voltada para dividendos. 

Confira a entrevista de Ruy Hungria no Giro do Mercado: 

Sobre o autor

Juan Rey

Jornalista pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Contato: juan.rey@empiricus.com.br