O cenário de guerra originado após a invasão russa na Ucrânia acarretou uma série de sanções à Rússia, bem como fortes impactos na economia como um todo. Visto isso, vale destacar um investimento que pode se beneficiar: as commodities metálicas, em especial, os metais preciosos ouro e prata.
No intuito de contextualizar o panorama econômico do conflito, Matheus Spiess, analista financeiro da Empiricus, afirma: “O mercado é um péssimo precificador geopolítico, principalmente de um conflito tão complexo, com desdobramentos sociais, históricos e econômicos como esse”.
Spiess destaca que a Rússia se tornou, nos últimos dias, o país com mais sanções econômicas no mundo, principalmente no setor financeiro e energético. Isso traz diversos desdobramentos para as bolsas globais. “É natural que, em meio a ambientes de incerteza, haja um processo de venda exacerbado, como acontece agora”, comenta.
Commodities e metais preciosos: no que investir nesse momento?
Sobre os investimentos que podem ser feitos, Spiess destaca as commodities metálicas, especificamente ouro e prata, e as commodities energéticas (petróleo, gás, urânio).
Ele explica que, em meio a um ambiente volátil que o mercado já vinha configurando desde o início do ano, um dos principais efeitos de curto prazo do conflito foi sobre as commodities. “O preço das commodities tem acelerado de forma bastante evidente”, fala Spiess. “A Rússia é um grande player de matéria-prima, em especial as energéticas, mas também agrícolas, por exemplo”, justifica.
“Historicamente, o ouro sempre foi a reserva de valor mais clássica da humanidade”, afirma Spiess. Ele comenta, ainda, que esse movimento de valorização do ouro deve perdurar nos próximos meses.
Vale destacar, também, a prata. “Funciona como um ouro alavancado, é mais volátil. Se o ouro vai bem, a prata vai bem em um segundo momento”, explica Spiess. Ele afirma, ainda, que a prata tem outra vertente: a industrial, além de estar associada à tese ESG (Environmental, Social and Governance), especialmente ao módulo do meio-ambiente.
Alta na inflação: como isso interfere em seus investimentos?
O preço das commodities influencia outro fator que vale destacar: a inflação. “O Brasil, por exemplo, teve dois dígitos de inflação no ano passado, e agora caminha para mais um ano rompendo a banda superior da meta de inflação”, fala Spiess. Ele explica, ainda, que esse fenômeno está acontecendo no mundo inteiro.
“Por conta da guerra na Ucrânia, as commodities cresceram tanto que a inflação vai continuar alta por muito mais tempo”. Em contrapartida, Spiess comenta que o Fed (banco central americano) não deve aumentar tanto os juros, isso devido ao cenário de choque de oferta da guerra, sob o risco de conter as atividades econômicas bem no momento de incertezas.
Tendo isso em vista, pode-se inferir que o juro real não vai subir. “Quando o juro real americano cai, o preço do ouro sobe. Se existe um ambiente inflacionário e o juro real – que seria o único risco do ouro não subir – fica parado ou cai, torna-se um ambiente ainda mais favorável para o ouro”, explica Spiess.
Sob essa perspectiva de alta generalizada de preços na economia, Spiess aponta outro investimento possível: os títulos indexados à inflação. Um exemplo citado por ele é a NTN-B, título do tesouro nacional indexado à inflação que também está associado ao juro real longo.
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