Na noite de ontem (6), a aprovação da reforma tributária na Câmara dos Deputados movimentou o cenário político e econômico. Por volta de 14h30, o Ibovespa responde ao avanço da pauta com forte alta de 1,6%.
A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da reforma segue agora para o Senado e pode sofrer alterações. Caso isso ocorra, ela retorna à Câmara para ser votada novamente.
Na visão do analista macroeconômico da Empiricus Research, Matheus Spiess, embora o texto não seja o melhor possível, a aprovação é um passo importante para tornar o sistema tributário melhor. “Nunca houve uma reforma tão ampla sobre o consumo”, avalia.
“Pela primeira vez em muito tempo tivemos uma voz uníssona entre vários economistas brasileiros de respeito. Pessoas do calibre de Marcos Lisboa e Marcos Mendes, por exemplo, a favor da reforma”.
A resposta positiva do mercado vem por conta dos potenciais benefícios de longo prazo da reforma tributária. As mudanças estruturais não serão sentidas agora, mas no decorrer das próximas décadas.
O mercado, como de praxe, adiciona as expectativas (no caso, positivas) ao preço dos ativos e, por este motivo, o Ibovespa sobe.
Segundo o analista, algumas estimativas mais arrojadas projetam um potencial crescimento adicional de 20% do PIB em 15 anos de reforma madura – ou seja, por volta de 20 anos a partir de agora.
“É muito relevante crescer adicionalmente 20% do PIB em 20 anos, só com a melhora do ambiente de negócios, menor oneração de investimento, maior transparência, mais eficiência de alocação de tempo e recursos”, avalia.
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Atual reforma tributária não afetará dividendos
Um outro tópico que pode suscitar dúvidas nos investidores são os dividendos. A reforma tributária aprovada em nada afeta a questão dos proventos.
Nos próximos meses, uma segunda reforma referente ao imposto de renda deverá ser votada e, esta sim, pode impactar os proventos.
“É um processo de modernização do Brasil, para alinhá-lo com as práticas internacionais. Caminhamos para o IVA dual aqui, e, depois, para a tributação de dividendos, também prática internacional. É inevitável que isso aconteça”, analisa Spiess.
O analista defende que os investidores despolitizem a proposta, que já foi trabalhada na Câmara por diversas alas. “Votaram a favor pessoas dos dois espectros. É um debate estrutural, muito importante para o Brasil”, avalia o analista, que lembra da quantidade avassaladora de votos – 375 a favor e 113 contra no 2º turno – para que a proposta fosse aprovada.
“Para conseguir essa quantidade é porque de fato tem uma voz conjunta”, afirma.
Confira a entrevista completa de Matheus Spiess no Giro do Mercado: