A alta do Ibovespa, principal índice de ações brasileiras, de mais de 1% nesta quarta-feira (11) foi um reflexo das percepções do mercado sobre o governo Lula. O humor do mercado virou com a notícia de que o presidente passaria por um procedimento médico.
“Precisamos falar sobre o respeito à condição de saúde do presidente Lula. É verdade que o mercado subiu por conta disso? Sim. Então o mercado torce pra morte de Lula? Não”, falou o estrategista-chefe e CIO da Empiricus Research, Felipe Miranda.
Ibovespa sobe por piora da saúde de Lula? Entenda
Em live no seu Instagram nesta quinta-feira (12) pela manhã, Miranda recapitulou a variação do principal índice da bolsa de valores brasileira ontem, relacionando-o com a piora no quadro de saúde de Lula. “O mercado não é antiético ou imoral, mas ele é aético e amoral. Há uma associação à ideia de que o presidente tem uma política fiscal irresponsável e, sob a sua administração, o país não consegue conter a trajetória explosiva da dívida pública brasileira”, afirmou Miranda.
Em sua perspectiva, o movimento de alta no Ibovespa e melhora no câmbio do real em relação ao dólar ontem foram reflexos da preocupação de cunho econômico do mercado. “O mercado fez, e fará sempre, a repercussão de qualquer evento, bom ou ruim, a nível sanitário ou de falecimento, pois está exclusivamente interessado no rumo do país e lucro das empresas”, comenta.
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Lula 2026: medo do mercado parece menor
O presidente Lula, na visão do estrategista-chefe, está associado a políticas perdulárias, de gastos excessivos, e dois motivos principais fizeram com que o mercado financeiro sentisse uma urgência em reagir em razão do seu quadro de saúde.
O primeiro deles é uma projeção de um “Cenário Joe Biden”, como aconteceu com o presidente dos EUA neste ano. “A perspectiva de que Lula não teria condições para tentar a reeleição em 2026 ou estaria reduzindo as probabilidades disso, aumenta a chance de aparecer um candidato mais fiscalista, mais pró-reforma e pró-mercado, visto que o atual presidente estaria menos competitivo”, analisa Miranda.
Em outro ponto, segundo Miranda, seria um “Cenário Tancredo” – em alusão ao presidente brasileiro eleito em 1985, mas que faleceu antes de assumir o cargo. “Este ainda é um caso de baixa probabilidade, mas com um impacto enorme. Seria um grey swan, em que é possível antever entre os riscos possíveis”, comenta o CIO da Empiricus Research.
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Investidores voltam a comprar Brasil
Diante de perspectivas pessimistas com o bem-estar do presidente Lula, o mercado viu investidores voltando a compor o portfólio com ações da bolsa brasileira.
“Não é uma torcida pela morte do presidente Lula, mas nesse caso não há nenhuma ‘pessoalidade’. São os rumos de interpretação dos agentes do país, com câmbio, juros e dívidas mais bem comportadas sem a renovação do político nas próximas eleições”, conclui Miranda.