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Porto Day 2025 reforça ganho de escala nas vertentes da companhia e detalha planos para o ano; confira recomendação de analista para PSSA3

O evento anual da Porto trouxe dados contundentes sobre o desempenho e próximos planos da companhia para além do seguro automotivo. Leia mais. 

Camila Paim Figueiredo Jornalista

Por Camila Paim

26 mar 2025, 13:51 - atualizado em 26 mar 2025, 13:51

Porto PSSA3

Imagem: Divulgação

O Porto Day, evento anual com investidores da Porto (PSSA3), apresentou os resultados e expectativas para o ano. Recentemente, a visão do mercado sobre a companhia se expandiu de uma empresa de seguro automotivo para um ecossistema de cuidados ao cliente – desde seguro saúde até a manutenção de bens. 

“A mensagem foi clara: passada sua consolidação como um ecossistema, a companhia começa a ganhar escala”, comenta a analista de ações da Empiricus Research, Larissa Quaresma. 

Na visão de Quaresma, a virada de chave da companhia aconteceu em “relativamente pouco tempo, de 2020 a 2024”. Evidência disso, segundo ela, foi que o Seguro Auto foi responsável por uma parcela de apenas 36% do lucro consolidado de 2024.

Agora, o foco da companhia está em uma estratégia de cross-selling dos produtos das 4 verticais (Seguro, Bank, Saúde, Serviços) em uma base única de 18 milhões de clientes. 

Fonte: Porto

Modelo de venda integrado

Atualmente a base de corretores da Porto conta com 45 mil funcionários, que vendem produtos nas diferentes verticais. Para ter uma medida de comparação, se em 2019, 60% dessa rede vendia produtos de dois ou mais segmentos, hoje, 73% o fazem. 

A meta da empresa continua sendo aumentar esse percentual, e também crescer a diversidade dos produtos vendidos. “Há bastante oportunidade nessa frente, especialmente nas verticais de Saúde e Serviços, ainda vendidas por uma pequena parcela da rede”, afirma Quaresma.

Segundo a analista, esse é o principal foco estratégico da alta gestão da Porto que acompanha de perto seus corretores para aprimorar o processo de cross-selling. O grande desafio, por enquanto, está em montar ofertas combinadas atrativas para o cliente final e operacionalmente viáveis para o corretor, que inclusive precisa ser adequadamente treinado para essa venda de maior valor. Esse é o foco para 2025, considerando os principais indicadores:

  • Número total de corretores;
  • Número de produtos vendidos por corretor.

Desempenho e expectativas para cada vertente da PSSA3

O seguro automotivo permanece na liderança como a vertical mais relevante da companhia. A proposta da Porto agora é aproveitar essa escala para ofertar outros produtos em conjunto: cartão, tag de pedágio, residencial. A oferta de seguro de vida junto com o seguro saúde também tem mostrado resultado, com 14,4% das apólices de vida emitidas em 2024.

Para uma operacionalização mais fácil das ofertas combinadas, a companhia integrou a emissão de apólices auto da Porto, Azul Seguros, Itaú Seguros e Mitsui Seguros em uma única plataforma, reduzindo em 17% o volume de atendimento humano necessário para a venda. 

O segmento da Porto Bank é uma das verticais mais subpenetradas dentro da base de clientes. Dos consumidores de Seguros, 22% são também de Bank; de Saúde, 9%; e de Serviços, apenas 5%. “O potencial de cross-selling é enorme, e não só do cartão, mas também dos diversos produtos financeiros da companhia: consórcios, fiança locatícia, linhas de crédito, entre outros”, ressalta a analista.  

Ainda na linha de crédito, a decisão de internalizar as modelagens de inadimplência permitiu que a companhia conseguisse escalar suas linhas de crédito com os calotes controlados.  

Nos produtos da Porto Saúde, o foco da apresentação foi a sustentabilidade dos altos níveis de retorno e crescimento da vertical. Seu faturamento cresceu 41% ao ano nos últimos 3 anos; o lucro líquido, 90% ao ano, e o ROE saiu de 12% para 27%. A sinistralidade bem abaixo dos pares ajuda a explicar boa parte do ROE elevado e crescente, além do ganho de escala da operação, com diluição das despesas fixas.

Para Quaresma, entretanto, ainda há uma questão relevante neste ponto: a baixa sinistralidade é sustentável ou cíclica? “É um fato que, em todo o setor de saúde, a sinistralidade está em queda, e pode voltar a subir de uma forma cíclica em algum momento. É razoável pensar que a Porto seguirá entre as mais saudáveis do setor – assumindo que o ganho de escala continue ocorrendo dentro deste modelo. Por isso, monitoramos a execução com atenção”, afirma.

Fonte: Porto

Por fim, a menor vertical do grupo, a Porto Serviços tem bastante espaço para crescimento, segundo a analista, especialmente considerando a fragmentação do mercado de reparos a propriedades. A companhia segue expandindo serviços inclusive para quem não é cliente Porto, no modelo B2C. Assim, quem não é cliente Porto agora consegue contratar os serviços via WhatsApp, como atividades de limpeza, desentupimento, consertos, instalações, entre outros.

Fonte: Porto

Exclusivamente, os clientes Porto obtêm benefícios na contratação dos serviços, como descontos nos Centros Automotivos de reparos a veículos. Assim, o que era antes um centro de custos passa a ser um centro de receita também.

Vale a pena investir em Porto (PSSA3) mesmo com listagem da Porto Saúde?

Apesar de ainda haver especulações em torno da eventual listagem da Porto Saúde ou atração de um investidor privado, a analista conta que o evento não trouxe grandes novidades nesse sentido. 

“Saímos com a impressão de que a companhia está mais redonda, operando de uma forma mais integrada e pronta para continuar escalando suas quatro linhas de negócio”, comenta Quaresma. 

Ademais, a Porto reafirmou seu guidance de 2025, que aponta para um crescimento de 15% no lucro líquido consolidado. Negociando a um múltiplo Preço/Lucro 2025 de 8,6x, a Empiricus Research mantém as ações PSSA3 entre as recomendações da casa. 

Junto com a Porto, os analistas da Empiricus liberaram acesso a uma lista com as 10 melhores ações financeiras para se ter na carteira nesse momento. Acesse gratuitamente aqui. 

Camila Paim Figueiredo Jornalista

Sobre o autor

Camila Paim

Jornalista formada na Universidade de São Paulo (USP), com mobilidade acadêmica na Université Lumière Lyon 2 (França). Trabalhou com redação de jornalismo econômico e mercado financeiro, webdesign e redes sociais, além de escrever sobre gastronomia e literatura.