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O Porto Day, evento anual com investidores da Porto (PSSA3), apresentou os resultados e expectativas para o ano. Recentemente, a visão do mercado sobre a companhia se expandiu de uma empresa de seguro automotivo para um ecossistema de cuidados ao cliente – desde seguro saúde até a manutenção de bens.
“A mensagem foi clara: passada sua consolidação como um ecossistema, a companhia começa a ganhar escala”, comenta a analista de ações da Empiricus Research, Larissa Quaresma.
Na visão de Quaresma, a virada de chave da companhia aconteceu em “relativamente pouco tempo, de 2020 a 2024”. Evidência disso, segundo ela, foi que o Seguro Auto foi responsável por uma parcela de apenas 36% do lucro consolidado de 2024.
Agora, o foco da companhia está em uma estratégia de cross-selling dos produtos das 4 verticais (Seguro, Bank, Saúde, Serviços) em uma base única de 18 milhões de clientes.

Modelo de venda integrado
Atualmente a base de corretores da Porto conta com 45 mil funcionários, que vendem produtos nas diferentes verticais. Para ter uma medida de comparação, se em 2019, 60% dessa rede vendia produtos de dois ou mais segmentos, hoje, 73% o fazem.
A meta da empresa continua sendo aumentar esse percentual, e também crescer a diversidade dos produtos vendidos. “Há bastante oportunidade nessa frente, especialmente nas verticais de Saúde e Serviços, ainda vendidas por uma pequena parcela da rede”, afirma Quaresma.
Segundo a analista, esse é o principal foco estratégico da alta gestão da Porto que acompanha de perto seus corretores para aprimorar o processo de cross-selling. O grande desafio, por enquanto, está em montar ofertas combinadas atrativas para o cliente final e operacionalmente viáveis para o corretor, que inclusive precisa ser adequadamente treinado para essa venda de maior valor. Esse é o foco para 2025, considerando os principais indicadores:
- Número total de corretores;
- Número de produtos vendidos por corretor.
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Desempenho e expectativas para cada vertente da PSSA3
O seguro automotivo permanece na liderança como a vertical mais relevante da companhia. A proposta da Porto agora é aproveitar essa escala para ofertar outros produtos em conjunto: cartão, tag de pedágio, residencial. A oferta de seguro de vida junto com o seguro saúde também tem mostrado resultado, com 14,4% das apólices de vida emitidas em 2024.
Para uma operacionalização mais fácil das ofertas combinadas, a companhia integrou a emissão de apólices auto da Porto, Azul Seguros, Itaú Seguros e Mitsui Seguros em uma única plataforma, reduzindo em 17% o volume de atendimento humano necessário para a venda.
O segmento da Porto Bank é uma das verticais mais subpenetradas dentro da base de clientes. Dos consumidores de Seguros, 22% são também de Bank; de Saúde, 9%; e de Serviços, apenas 5%. “O potencial de cross-selling é enorme, e não só do cartão, mas também dos diversos produtos financeiros da companhia: consórcios, fiança locatícia, linhas de crédito, entre outros”, ressalta a analista.
Ainda na linha de crédito, a decisão de internalizar as modelagens de inadimplência permitiu que a companhia conseguisse escalar suas linhas de crédito com os calotes controlados.
Nos produtos da Porto Saúde, o foco da apresentação foi a sustentabilidade dos altos níveis de retorno e crescimento da vertical. Seu faturamento cresceu 41% ao ano nos últimos 3 anos; o lucro líquido, 90% ao ano, e o ROE saiu de 12% para 27%. A sinistralidade bem abaixo dos pares ajuda a explicar boa parte do ROE elevado e crescente, além do ganho de escala da operação, com diluição das despesas fixas.
Para Quaresma, entretanto, ainda há uma questão relevante neste ponto: a baixa sinistralidade é sustentável ou cíclica? “É um fato que, em todo o setor de saúde, a sinistralidade está em queda, e pode voltar a subir de uma forma cíclica em algum momento. É razoável pensar que a Porto seguirá entre as mais saudáveis do setor – assumindo que o ganho de escala continue ocorrendo dentro deste modelo. Por isso, monitoramos a execução com atenção”, afirma.

Por fim, a menor vertical do grupo, a Porto Serviços tem bastante espaço para crescimento, segundo a analista, especialmente considerando a fragmentação do mercado de reparos a propriedades. A companhia segue expandindo serviços inclusive para quem não é cliente Porto, no modelo B2C. Assim, quem não é cliente Porto agora consegue contratar os serviços via WhatsApp, como atividades de limpeza, desentupimento, consertos, instalações, entre outros.

Exclusivamente, os clientes Porto obtêm benefícios na contratação dos serviços, como descontos nos Centros Automotivos de reparos a veículos. Assim, o que era antes um centro de custos passa a ser um centro de receita também.
Vale a pena investir em Porto (PSSA3) mesmo com listagem da Porto Saúde?
Apesar de ainda haver especulações em torno da eventual listagem da Porto Saúde ou atração de um investidor privado, a analista conta que o evento não trouxe grandes novidades nesse sentido.
“Saímos com a impressão de que a companhia está mais redonda, operando de uma forma mais integrada e pronta para continuar escalando suas quatro linhas de negócio”, comenta Quaresma.
Ademais, a Porto reafirmou seu guidance de 2025, que aponta para um crescimento de 15% no lucro líquido consolidado. Negociando a um múltiplo Preço/Lucro 2025 de 8,6x, a Empiricus Research mantém as ações PSSA3 entre as recomendações da casa.
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