
Imagem: Reprodução/ Instagram
O retorno de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos será oficializado nesta segunda-feira (20), em cerimônia no Capitólio em Washington. O evento contará com a presença de outros governantes alinhados ao político, como Javier Milei, presidente da Argentina, e Giorgia Meloni, primeira-ministra da Itália e outros distintos, como o vice-presidente da China, Han Zheng.
A seguir, veja alguns dos possíveis desdobramentos da chegada de Trump à presidência e pontos de atenção destacados pelos analistas da Empiricus Research e Empiricus Gestão.
O discurso de Trump enfatiza um retorno ao “America First”. Quais podem ser os impactos menos evidentes disso no dólar e na dinâmica de investimentos estrangeiros em mercados emergentes?
Matheus Spiess, analista de macroeconomia da Empiricus Research, responde:
Ainda não há clareza se Trump vai ser mais ou menos agressivo, porque o discurso eleitoral dele adota esse tom. Porém, alguns de seus movimentos foram mais moderados, durante a formação de sua equipe presidencial e com o convite ao governo chinês para a sua posse – o que me parece ser um tom mais equilibrado.
Os 100 primeiros dias de governo Trump vão dar o tom dos próximos 4 anos. Como ele será com as tarifas comerciais, na regulamentação com a imigração e questões internacionais. Eu tenho a impressão de ele vai atuar mais no comércio, então as questões de atritos diplomáticos podem não ser tão prejudiciais como a gente pensa, mas mais aprimorados. O mesmo serve pra os conflitos no Oriente Médio: deve haver um de-risking dos conflitos mais “clássicos”, enquanto que, contraintuitivamente, a guerra comercial deve ganhar novos desdobramentos.
Essas medidas também deveriam fazer com que o dólar perdesse um pouco sua força relativa com menos risco de ruídos internacionais. As políticas de Trump de certo modo serviriam como um safe haven (em português, um “porto seguro”), com menos pressão para o dólar subir.
De primeira mão, as políticas de Trump devem resultar em um dólar mais alto e, em algum momento, buscarem um câmbio mais fraco para as exportações.
Como as empresas de tecnologia devem se posicionar diante do possível aumento de políticas mais nacionalistas, considerando a dependência de cadeias de suprimentos internacionais?
João Piccioni, CIO da Empiricus Gestão, responde:
Há certa preocupação quanto à questão do aumento das tarifas de importação, já que elas teriam uma capacidade de aumentar a fragmentação da cadeia de suprimentos e, consequentemente, reduzir margens operacionais. Além disso, ainda sob essa ótica, existem as incertezas relacionadas às medidas de retaliação que eventualmente poderiam surgir.
Por outro lado, provavelmente, haverá o uso do instrumento como forma de negociação. No caso da China, por exemplo, a pressão das tarifas pode favorecer segmentos de tecnologia americanos que desejam manter e/ou ampliar a participação de mercado no país – lembre-se dos casos Apple (AAPL34) e Tesla (TSLA34).
De qualquer forma, nestes últimos trimestres, foi possível perceber que as companhias de tecnologia têm procurado diversificar regionalmente seus fornecedores (a balança comercial americana indica um avanço razoável de outras economias, como por exemplo, o Vietnã).
Se preparado para mover parte dos seus pedidos para uma cadeia local (especialmente no caso dos semicondutores, o início do funcionamento da fábrica da Taiwan Semiconductor Manufacturing (TSMC34) no Arizona deve deslocar parte da produção que era mantida na operação de Taiwan); e se aproximado mais intensamente de Washington, justamente com o objetivo de construir um ambiente regulatório mais favorável.
Com o histórico de Donald Trump no setor imobiliário, há sinais de que a presidência pode beneficiar ativos tangíveis como imóveis ou aumentar o apetite por REITs (Fundos Imobiliários)?
João Piccioni, CIO da Empiricus Gestão, responde:
Minha leitura é que esses investimentos vão continuar mais dependentes da dinâmica monetária (leia-se juros de médio e longo prazo -10 anos). Isso porque o setor deverá passar por um processo de refinanciamento de dívidas um pouco mais doloroso do que aquele visto no último ciclo. Em meio ao Covid, essas companhias e fundos conseguiram se financiar com taxas muito baixas e, agora, chegou a hora de rolar essas dívidas (mais para a segunda metade do ano).
Por outro lado, existem setores que devem ser beneficiados. O segmento de Data Center deve continuar a avançar, estimulado principalmente pelos amplos investimentos no setor feitos pelas big techs. Alguns nichos do segmento de “multifamily”, especialmente aqueles ligados ao segmento de alta renda, devem continuar apresentando boa performance.
A surpresa positiva poderia vir de eventualmente mudanças na política de impostos. Caso o governo Trump mantenha suas promessas de pé e corte os impostos ligados às gorjetas, horas extras e afins, poderemos ver um estímulo nos setores ligados aos hotéis, varejo e de jogos (casinos, por exemplo).
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