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Possível troca no comando da Petrobras (PETR4), ata do FOMC, e mais: veja o que mexe com os mercados nesta terça (21)

Possibilidade de troca na presidência da Petrobras gera receio no mercado em termos de interferência política na estatal

Por Matheus Spiess

21 nov 2023, 09:12 - atualizado em 21 nov 2023, 09:12

Petrobras (PETR4) mercado em 5 minutos
Imagem: Agência Brasil

Bom dia, pessoal. O tema do momento nos mercados internacionais é a divulgação da ata mais recente do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC). Há uma compreensão entre os investidores de que o Federal Reserve já concluiu seu ciclo de aperto monetário e é improvável que o documento traga informações substancialmente diferentes dessa perspectiva, mesmo que de forma cautelosa. Atualmente, as projeções indicam quase 100% de probabilidade de manutenção da taxa em dezembro e janeiro, de acordo com a CME. Isso resultou em flutuações nos rendimentos do Tesouro dos EUA, refletindo as alterações nas expectativas dos investidores em relação às decisões de taxas de juros do Fed. Em meio à ansiedade e corrigindo parte das recentes altas, os mercados europeus e os futuros americanos estão em queda nesta manhã.

Na Ásia, os mercados começaram a terça-feira antecipando um pregão positivo, mas encerraram o dia predominantemente em baixa entre os principais índices. Isso ocorreu apesar dos dados sul-coreanos sobre exportações na primeira metade de novembro, que indicaram uma melhoria e possivelmente refletem mudanças nos padrões comerciais na Ásia. Outro elemento em consideração desde ontem é a decisão do Banco Popular da China (PBoC) de manter as principais taxas de empréstimos, enquanto o compromisso contínuo de Pequim em apoiar o setor imobiliário também influenciou positivamente a confiança dos investidores. Por aqui, além do fiscal, avaliamos a chance de uma troca no comando da Petrobras.

A ver…

00:51 — Haveria espaço para uma troca?

No Brasil, os investidores mantêm atenção especial aos desenvolvimentos em Brasília, abrangendo tanto aspectos fiscais quanto questões relacionadas às estatais. No tocante à dimensão fiscal, a Comissão de Assuntos Econômicos do Senado está sob a possibilidade de analisar o Projeto de Lei que tributa os fundos exclusivos e offshores. Ao mesmo tempo, aguarda-se a decisão do presidente Lula sobre o veto ao projeto que estende até 2027 a desoneração da folha de pagamentos para os 17 setores com maior empregabilidade no país. Se confirmado, o veto representará uma nova vitória política para o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que recomendou a medida a Lula. A desoneração da folha implica um custo de R$ 9 bilhões anuais para a União, e o fim desse benefício contribuiria para os esforços de arrecadação da equipe econômica na redução do déficit. Tais vitórias são positivas de maneira geral.

Quanto ao segundo ponto, enfrentamos uma crise envolvendo o presidente da Petrobras, que se encontra na corda bamba. Há discussões entre membros do governo sobre a possível substituição de Jean Paul Prates. Alguns setores do governo expressam insatisfação com a direção da empresa, alegando uma relação tensa entre o executivo e a alta cúpula. Novamente, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, parece liderar a ala da instabilidade, acumulando derrotas em Brasília. Talvez, impulsionado por sucessivas frustrações na busca por uma vitória pessoal, ele agora busque objetivos mais alcançáveis. A agenda de Lula inclui uma reunião hoje com Jean Paul Prates e alguns ministros. Embora o mercado nunca tenha sido entusiasta de Prates, diante dos rumores, há receios de que a situação possa se deteriorar ainda mais em termos de interferência política. Vejo com maus olhos uma eventual mudança…

01:47 — A ata vem aí

Nos Estados Unidos, os índices de ações registraram ganhos ao longo da maior parte do pregão ontem, encerrando próximo de seus patamares máximos. O S&P 500 saiu do território de correção, marcando uma alta de 10% em relação ao seu mínimo recente em 27 de outubro, enquanto o Nasdaq alcançou seu nível mais elevado desde janeiro de 2022. O principal impulsionador deste movimento foi o cenário macroeconômico, com a inflação apresentando moderação e os investidores convencidos de que o Federal Reserve interrompeu o ciclo de aperto da política monetária para este período.

Embora os rendimentos dos títulos permaneçam elevados, observa-se uma desaceleração em sua trajetória ascendente. Os indicadores econômicos continuam a sugerir uma perspectiva de pouso suave. A ação conjunta do Congresso na semana passada, ao adiar uma potencial paralisação do governo até 2024, contribui para o cenário positivo. Estes são sinais encorajadores.

Essa tendência positiva já aponta para indícios de um rali de final de ano, não apenas no Brasil, mas também nos EUA. O S&P 500, de fato, acaba de vivenciar seu melhor desempenho em um período de três semanas desde junho de 2020, durante a intensa recuperação após a liquidação causada pela Covid-19. Historicamente, esse tipo de retorno de curto prazo tem sido um indicativo robusto de um impulso contínuo para o índice. Remontando a 1962, em outras 39 ocasiões em que o S&P 500 apresentou variações percentuais de três semanas de 9% ou mais, excluindo a atual corrida, o índice continuou a subir, em média, nos períodos de uma, duas, três, quatro e oito semanas.

Para validar essas tendências positivas, é recomendável acompanhar a divulgação da ata do Comitê Federal de Mercado Aberto, que fornecerá detalhes sobre a perspectiva do Fed. Esses eventos e indicadores coletivamente sinalizam um ambiente favorável nos mercados financeiros.

02:39 — O problema fiscal continua

Os Estados Unidos e o Brasil não são os únicos a enfrentar desafios de incoerência fiscal. Na Alemanha, o Tribunal Constitucional Federal proibiu a transferência de recursos entre diferentes projetos, resultando em um congelamento nos gastos governamentais. Simultaneamente, a União Europeia (UE) parece decidida a apontar violações ou potenciais violações das regras fiscais na maioria de seus membros. A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, inclusive, tem discutido a implementação de um novo arcabouço fiscal para a Zona do Euro.

A perspectiva da política orçamentária pode representar um obstáculo ao crescimento em diversas economias desenvolvidas a partir de 2024. A longo prazo, se os governos assumirem um papel mais proeminente na economia, seja eliminando o “dividendo da paz” ou intervindo para enfrentar desafios econômicos estruturais, é provável que a relação dívida pública/PIB seja mais elevada. Contudo, acredito que há uma necessidade intrínseca de um amplo ajuste fiscal global.

03:23 — Pior do que muitos pensavam

Os rebeldes Houthi, do Iémen, aparentemente abriram uma nova frente de conflito contra Israel, direcionando seus esforços para interromper o tráfego marítimo no Mar Vermelho. No domingo, efetuaram o sequestro do Galaxy Leader, um navio cargueiro com bandeira das Bahamas que se dirigia à Índia, fazendo reféns de 25 pessoas de diversas nacionalidades, incluindo búlgaros, filipinos, mexicanos e ucranianos. Os sequestradores redirecionaram a embarcação para um porto no Iémen e anunciaram que qualquer navio associado ao inimigo israelense ou envolvido em negociações com ele seria considerado um alvo legítimo.

O Galaxy Leader está registrado em nome de uma empresa britânica, parcialmente de propriedade da Ray Car Carriers, fundada por Abraham Ungar, supostamente um dos homens mais ricos de Israel. O navio estava alugado para uma empresa japonesa no momento do sequestro, e não havia cidadãos israelenses a bordo. Esse ato de sequestro representa uma ameaça ao tráfego no Mar Vermelho. Em resposta à crise, o Irã convocou uma reunião de emergência do Brics+ por videoconferência para discutir os conflitos na região do Oriente Médio. Entretanto, é improvável que o grupo tenha o poder necessário para intervir de maneira significativa.

04:15 — As relações de Milei

Na Argentina, hoje marca o primeiro pregão após a eleição de Javier Milei. Em Buenos Aires, a expectativa inicial é positiva, mas prevê-se considerável volatilidade cambial. Atualmente, a principal apreensão das lideranças globais gira em torno da relação que a nova presidência argentina terá com o resto do mundo. Celso Amorim, assessor do presidente Lula para assuntos internacionais, advoga pela adoção, por parte do Brasil, de uma “relação de Estado” com a Argentina. A capacidade de priorizar os interesses de Estado sobre preferências pessoais é crucial para estabelecer relações positivas, independentemente das divergências ideológicas entre os presidentes. A incógnita persiste sobre a habilidade do Brasil e da Argentina de efetivar esse princípio.

Alinhada a essa preocupação, a União Europeia (UE) busca assinar um acordo com o Mercosul até 7 de dezembro, poucos dias antes de Milei assumir a Casa Rosada (a posse está programada para 10 de dezembro). Nesta segunda-feira, o bloco europeu afirmou que as negociações têm sido altamente construtivas, visando encerrar o processo até o final de 2023. O presidente Lula está pessoalmente envolvido na questão, evidenciado por sua ligação para a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, discutindo o acordo que já se arrasta por mais de duas décadas. A ameaça de Milei de retirar a Argentina do Mercosul adiciona um elemento de complexidade, potencialmente impactando o comércio entre os países-membros. O desfecho dependerá da ponderação da Realpolitik nessas circunstâncias.

05:02 — Uma alternativa que combina renda fixa e energia

Vez ou outra, tenho o costume de apresentar algumas sugestões relacionadas a renda fixa neste espaço, buscando atrair tanto o investidor conservador, que está de olho em oportunidades desse tipo, quanto o investidor mais experiente, que procura alternativas para equilibrar sua carteira. Hoje, identifiquei mais uma dessas oportunidades que se encaixam bem como complemento para carteiras de renda fixa já existentes.
Estou me referindo à oferta das debêntures da…

Sobre o autor

Matheus Spiess

Estudou finanças na University of Regina, no Canadá, tendo concluído lá parte de sua graduação em economia. Pós-graduado em finanças pelo Insper. Trabalhou em duas das maiores casas de análise de investimento do Brasil, além de ter feito parte da equipe de modelagem financeira de uma boutique voltada para fusões e aquisições. Trabalha hoje no time de analistas da Empiricus, sendo responsável, entre outras coisas, por análises macroeconômicas e políticas, além de cobrir estratégias de alocação. É analista com certificação CNPI.