A MRV&Co foi outra companhia que divulgou a prévia operacional de resultados nesta quarta (12), com números mistos.
Na MRV Incorporação, os lançamentos totalizaram R$ 637 milhões de Valor Geral de Vendas (VGV), queda de 39% na comparação anual. Com um forte ritmo de lançamentos no final do 4T22, as vendas líquidas atingiram R$ 1,8 bilhão, crescimento de 20,5% na comparação anual e maior valor histórico em um primeiro trimestre.
Novamente, a companhia chamou atenção para a elevação do ticket médio, que saltou 24,8% na comparação anual e 4,9% em relação ao 4T22. Essa linha é essencial para a recuperação da margem bruta de novas vendas, que foi um ponto de atenção nos últimos anos.
Mesmo com a elevação nos preços, a companhia foi capaz de atingir um indicador de Vendas Sobre Oferta (VSO) razoável de 14%, registrando leve aumento em relação aos trimestres anteriores.
Ainda que os resultados tenham avançado um pouco, a MRV (Incorporação, Luggo e Urba) continua com queima de caixa, na ordem R$ 208 milhões neste 1T23.
A operação norte-americana (Resia) registrou nova desaceleração, com redução dos lançamentos (R$ 293 milhões) e sem venda de propriedades. Com isso, aliado ao avanço na construção de projetos já existentes, houve uma queima de caixa de R$ 580,6 milhões no período.
Vale lembrar que a Resia recentemente passou por um processo de reestruturação, com um lay-off de 25% do quadro de funcionários. Apesar do segmento multifamily ter bom desempenho histórico nos EUA, temos uma visão cética sobre a rentabilidade de curto prazo da empresa neste momento, seja na locação ou na venda de empreendimentos.
O bom volume de vendas no primeiro trimestre já tinha sido abordado pela administração e foi comprovado na prévia dos resultados. Essa pequena melhora operacional, aliada à expectativa de melhora dos programas habitacionais (MCMV e Pode Entrar, por exemplo), estimulam um princípio de recuperação para a MRV.
Ainda assim, nossa visão sobre o papel de MRVE3 segue neutra, com viés negativo para a performance operacional de curto prazo, pautada na dificuldade de recuperação das margens e, principalmente, nos desafios com o elevado endividamento.