A Copel (CPLE6) anunciou na noite de ontem (29) que deu mais um passo importante em direção à privatização. Em comunicado, a estatal revelou a contratação de bancos para dar início ao processo de uma oferta pública de ações.
Isso significa que a empresa pretende deixar de ter um acionista controlador, que hoje é o Governo do Paraná. Para isso, é necessário que o estado deixe de ter a maior parte das ações da companhia.
O analista Ruy Hungria, da Empiricus Research, explica que existem três maneiras de executar o processo de privatização:
- Oferta primária de ações: a Copel emite novas ações para diluir a porcentagem de participação do estado;
- oferta secundária: o próprio estado vende suas ações para os investidores;
- as duas opções acima.
“As ofertas têm o mesmo objetivo, que é reduzir a participação do estado e fazer com que a companhia vire uma corporation, sem controlador definido e com capital pulverizado”, explica.
Foi exatamente para definir os moldes da privatização que o Governo do Paraná contratou os bancos BTG Pactual, Itaú BBA, Bradesco BBI, Morgan Stanley e UBS Brasil.
“Esse é o período em que os parâmetros vão ser definidos, para ver qual o tipo de oferta e quantas ações vão ser emitidas. Os bancos vão medir o sentimento do mercado, o quanto o mercado está disposto a pagar e qual modelo atrai mais investidores”, afirma o analista.
De acordo com o Governador do Paraná, Ratinho Junior, a oferta da Copel deve acontecer em outubro ou novembro deste ano.
Na visão de Ruy Hungria, embora não seja possível cravar uma data, a contratação dos bancos indica que a privatização está nos “estágios finais”.
“No ano passado houve uma evolução nesse processo de privatização. Primeiro com a intenção do governador, depois com a aprovação pelos membros legislativos e uma série de processos até chegar nos passos finais”, entende o analista.
Privatização diminuirá interferência política
Ruy Hungria avalia a privatização como “muito positiva” para a Copel. Ele cita o histórico de interferências políticas do governo na companhia, que muitas vezes deixa de aumentar o valor das contas quando o preço da energia sobe.
“Às vezes a companhia precisa comprar energia por um preço mais caro, porque é o preço de mercado, e precisaria repassar isso na conta dos clientes. Mas por interesses políticos, o governo não deixa que esses repasses sejam feitos, porque isso pode custar uma eleição”, avalia o analista, que também vê a Sanepar com um “histórico desconfortável nesse sentido”.
Para Ruy, o fim da interferência política, que atrapalha o operacional da empresa, será o principal benefício da privatização. Além disso, ele também vê a melhoria nos investimentos e o controle mais rígido de gastos como pontos positivos para a Copel e seus acionistas.
Vale a pena comprar a ação da Copel?
É claro que os investidores mais ligados na Bolsa podem estar se perguntando se vale a pena comprar ações da Copel para “surfar” a onda da privatização.
Na visão do analista, a Copel deve sim ter melhorias operacionais e as ações tendem a ganhar valor caso a privatização ocorra, como é esperado. No entanto, a Empiricus Research entende que a privatização da Eletrobras (ELET6) é mais promissora.
“Gostamos mais do case de Eletrobras, e isso não é um demérito pra Copel. Entendemos que a Copel já vem ‘surfando’ uma melhoria operacional, mas o processo de privatização tende a agregar mais para a Eletrobras, que era uma companhia pior em termos operacionais”, analisa Ruy.
A reação do mercado à notícia de ontem, em um primeiro momento, não foi positiva. As ações da Copel (CPLE6) caem cerca de 1,7% por volta das 15h30 desta terça-feira (30).
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