Analista da Empiricus vê empenho do governo para desestatizar a Eletrobras ainda este ano e isso facilitará o fechamento de capital da Coelce (COCE5), o que fará seus papéis voarem.
“O que podemos visualizar é um movimento do governo [federal] para dar gás à desestatização da Eletrobras ainda neste ano. Concretizada, a companhia vai ofertar suas ações na bolsa,” pontuou Henrique Florentino, no podcast Ações Exponenciais, disponível para os assinantes dessa série da Empiricus.
Um breve contexto:
Com a recente autorização do Tribunal de Contas da União (TCU) na terça-feira (15), o governo federal avançou a primeira etapa do processo de privatização da Eletrobras, maior companhia geradora de energia do Brasil.
Os ministros analisaram o valor da outorga, isto é, o valor a ser recebido pela União na eventual privatização da companhia. Segundo o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), o montante é estimado em R$ 25 bilhões.
Na etapa seguinte, prevista para março, os ministros analisarão o modelo de venda da companhia, proposto pela equipe do Ministério da Economia. No documento, o governo federal prevê a diminuição da sua participação acionária na Eletrobras para 45%, hoje estimada em 70%.
Enfim, o fechamento de capital da Coelce será destravado?
“A Enel vai seguir na dianteira da desestatização da Eletrobras para o fechamento de capital da Coelce. E, caso a privatização saia do papel, o que acreditamos é que as ações da concessionária cearense podem dobrar de valor”, ressalta o analista.
Em 2014, a Enel Brasil realizou uma tentativa de fechamento de capital (encerramento das negociações das ações na bolsa) da Companhia Energética do Ceará (Coelce), mas não obteve sucesso.
Segundo Florentino, a oferta não foi bem sucedida, pois a Eletrobras usa as ações que detém da distribuidora cearense como garantia em processos judiciais.
“Foi um cenário de entrave, já que ela [Eletrobras] detém em torno de 7% das ações da Coelce. Então, isso dificultou ainda mais o fechamento de capital da distribuidora”, complementa.
No entanto, com o avanço do processo de privatização da Eletrobras, o analista avalia que a controladora da Coelce, Enel Brasil, terá mais folga para acelerar o encerramento das negociações das ações da distribuidora na bolsa.
Por que investir em ações de companhias de energia?
As concessionárias do setor elétrico são responsáveis pela instalação da infraestrutura, operação e distribuição da energia elétrica aos consumidores finais. Ao mesmo tempo, são elas que recolhem os valores da população por meio das contas mensais de energia.
E com a crescente demanda energética, somada à recuperação hídrica do país, “os papéis do segmento de distribuição podem ser interessantes para quem busca dividendos”, reforça Florentino.
Para o analista que lidera a série Ações Exponenciais, setor energético em seus três segmentos – geração, transmissão e distribuição –, de forma geral, não é alternativa adequada para aqueles que buscam valorizações intensas dos papéis.
“O que temos nesse setor é um histórico sólido de pagamentos de dividendos, já que os contratos estabelecem concessões longas. Por isso, temos certa previsibilidade nas receitas e uma menor margem de valorização exponencial,” conclui.