O evento anual de Investor Day da Vale (VALE3) nesta semana apontou as expectativas de aumentar a produção até a virada da década. Para isso, a mineradora deverá focar na melhora do mix para além do minério de ferro e na redução de custos, como o mercado esperava.
Este foi o primeiro Investor Day da Vale desde que Gustavo Pimenta assumiu como CEO. O novo CFO, Marcelo Bacci, também estava presente.
Produção da Vale vai crescer? Veja as expectativas da alta diretoria
A produção de minério de ferro da Vale deve saltar de 328 milhões de toneladas (Mt) para cerca de 360 Mt no fim da década. O dado está em linha com as projeções do mercado no curto e médio prazos, mas ainda mantém um conservadorismo em 2030, o que pode abrir espaço para surpresas positivas, avalia Ruy Hungria, analista da Empiricus Research.
“Mais do que o volume em si, o que parece ter ganhado foco é a abordagem maior na qualidade dos produtos, especialmente em um ambiente de preços de minério abaixo de US$ 100/ton. A concentração de ferro no minério vendido pela companhia deve saltar de 62% para próximo de 64% até 2030”, comenta Hungria.
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Oferta e demanda de commodities da VALE3
Ademais, sobre os preços da commodity, a Vale trouxe algumas atualizações importantes do balanço entre oferta e demanda.
É prevista uma continuidade da queda de demanda pela China e o maior uso de sucata. Apesar disso, acredita Hungria, a demanda por minério de ferro deve continuar estável, puxada pelo crescimento populacional e urbanização nas regiões da Índia, Oriente Médio e Sudeste Asiático.
Além disso, a gestão reforçou que os desafios de aumento de produção da Vale são normalmente subestimados pelo mercado pela exaustão natural das minas, a complexidade dos licenciamentos ambientais e até mesmo a margem negativa de produtores que não conseguem ter lucro nos patamares atuais.
Ou seja, a oferta de produtos da Vale deve permanecer restrita, o que traz sustentação para os preços acima de US$ 90/ton.
Para sobreviver neste ambiente, além do mix, a companhia também estará concentrada em controlar gastos. Este ponto foi um problema nos últimos anos, não apenas para a Vale, como para suas concorrentes, como ilustra o gráfico abaixo, comparando o custo caixa (C1) de produção dos concorrentes (à esquerda) e da própria Vale (à direita).
Vale pretende cortar custo de caixa em 10%
O aumento da produtividade, eficiência, digitalização e ganho de representatividade do Sistema Norte, a Vale ainda espera até 2030 reduzir em mais de -10% o custo caixa C1, que pode superar -20% desconsiderando efeitos inflacionários e cambiais.
O minério de ferro permanece em um momento difícil no mercado, o que puxa a atenção também para outras vertentes do negócio.
Conforme atualiza Hungria segundo informado no Investor Day, a produção de Níquel deve saltar de 160 mil toneladas (kt) em 2024 para o intervalo entre 210 kt e 250 kt até 2030. Já a produção de Cobre deve passar de 345 kt para o intervalo entre 420 kt e 500 kt.
Já o Capex da Vale é esperado subir de US$ 6,1 bilhões em 2024 para US$ 6,5 bilhões nos próximos anos, com cerca de US$ 4 bilhões destinados à manutenção e o restante para crescimento, o que está em linha com as estimativas do mercado.
“Isso implicaria dividend yields ordinários próximos a 9% nos próximos anos, que de um lado devem ser afetados pelos desembolsos referentes aos acordos de Brumadinho e Mariana, mas que podem ser compensados por dividendos extraordinários e recompras, já que a alavancagem segue bastante reduzida (1x dívida líquida/Ebitda)”, comenta o analista.
Investor Day anima investimentos em Vale?
Apesar de o evento não ter revelado surpresas sobre a mineradora, o analista acredita que ele reforçou aspectos importantes, como aumento da produção e redução de custos, além de um balanço relativamente equilibrado para o minério de ferro nos próximos anos.
“Por menos de 4x Valor da Firma/Ebitda, Vale segue na carteira recomendada da Empiricus”, reforça Hungria.
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