Investimentos

Quais as apostas para a carteira de investimentos em 2022? Analistas veem assimetrias favoráveis na Bolsa; veja as alternativas de ações e outros ativos

Como turbinar a carteira este ano? Em live, Felipe Miranda e Rodolfo Amstalden, sócios da Empiricus, junto com Jojo Wachsmann, da Vitreo, revelaram suas principais apostas para ganhar dinheiro este ano na Bolsa, com a janela de renda fixa e alguns investimentos alternativos

Por Daniela Rocha

06 jan 2022, 12:32 - atualizado em 16 maio 2022, 16:37

Agora no início do ano, muita gente está se perguntando “Onde investir?” ou “Quais as melhores formas de turbinar a carteira de investimentos?”. Com a virada de calendário é muito comum fazer um balanço das estratégias adotadas até então e uma reflexão sobre o que pode ser feito para melhorar o desempenho dos portfólios. 

Em uma live nesta segunda-feira (4/01), Felipe Miranda e Rodolfo Amstalden, sócios da Empiricus, junto com Jojo Wachsmann, sócio-fundador e CIO da Vitreo, falaram sobre o cenário macroeconômico e revelaram suas principais apostas. 

Eu acompanhei tudo de perto e compartilho aqui com você os principais pontos.

Contexto macro: desafios e temas já bastante conhecidos

O que se espera para esse ano é um cenário macroeconômico ainda desafiador e de alta volatilidade no mercado financeiro. Nos próximos meses, ainda serão marcados pelas preocupações com a pandemia, especificamente com a variante ômicron, e a pressão inflacionária.

“A inflação ainda persistente e o ciclo de alta de juros aqui e lá fora serão o pano de fundo”, comentou Jojo. 

O crescimento da economia mundial está desacelerando, mas para este ano é estimado em algo acima de 4% – ainda em recuperação da fase crítica da Covid, imprimindo um ritmo acima do nível potencial – o que beneficia as commodities brasileiras, segundo Felipe Miranda.

Falando sobre o panorama doméstico, os analistas reconhecem a complexidade adicional de ser um ano eleitoral, mas têm uma visão construtiva. 

Para Rodolfo, o fato de o Banco Central brasileiro ter adotado um ciclo de aperto monetário mais rápido e intenso do que outros países pode levar a um ponto de inflexão ainda no segundo semestre, o que beneficiará ativos de renda variável. “Quando a gente estiver experimentado a desinflação, os setores cíclicos de Bolsa, as varejistas que hoje estão sofrendo bastante, assim como as construtoras e incorporadoras, voltarão a andar”, destacou.

Conforme eles, os anos de eleições presidenciais costumam ser mais turbulentos, entretanto 2022 se diferencia pelo fato de os principais candidatos à presidência serem conhecidos e porque, em busca de construção de apoio, radicalismos darão espaço para uma acomodação mais ao centro. 

“As eleições vão gerar muito barulho e ruído mas, no final, acabarão sendo um driver positivo especialmente para as ações. No final, sua superação será uma redução de incertezas”, disse Felipe. 

Assimetrias favoráveis na Bolsa

Crise e oportunidade. A Bolsa brasileira está muito barata. Para se ter uma ideia, considerando a relação preço/lucro, ela está no menor patamar dos últimos 15 anos. 

“O cenário é difícil, todo mundo sabe, a questão é que esse ‘call’ vigora desde junho do ano passado, então, possivelmente muitas coisas ruins já estão contempladas no preço. Não quer dizer que não possa cair mais nas próximas semanas ou meses, mas agora tem uma perspectiva de assimetria favorável, há muito mais para subir do que para cair”, explicou Felipe.

O ano começou com queda na Bolsa por conta de um período de baixa liquidez e muitas avaliações negativas precipitadas, enfatizou Rodolfo. “Eu tomaria um pouco de cuidado com essas visões extremamente pessimistas. Acho que é um ano que tem grandes upsides para pequenos downsides.

Portanto, investidores que tiverem paciência com algumas posições assumidas e entrarem logo em algumas ações de excelentes companhias que ficaram para trás, terão possibilidade de ganhar bastante dinheiro.

Entre as recomendações de Felipe Miranda estão a metalúrgica Gerdau (GOAU4), Petrobras (PETR4), Vale (VALE3), 3R Petroleum (RRRP3), Randon (RAPT4), BR Partners (BRBI11), Arezzo (ARZZ3) e Livetech da Bahia (LVTC3).

Small caps de qualidade com alto potencial 

Outro ponto muito interessante da live é que Rodolfo ressaltou que, de modo geral, as small caps, empresas com menor capitalização de mercado, estão ainda mais defasadas, sofreram demais nos últimos meses. No entanto, historicamente, esse segmento é o que apresenta melhor performance na Bolsa. 

“Existem companhias de alta qualidade nesse segmento que estão baratíssimas. É preciso quebrar o tabu ou um certo preconceito, pois muita gente ainda pensa que as small caps são várzea, casos de turnaround ou fake techs e não é bem assim, tem empresas seríssimas com pequena e média capitalização.”

Sendo assim, ele indica um pequeno investimento no ETF SMAL11 ou em algumas small caps cuidadosamente selecionadas como Lojas Quero-Quero (LJQQ3), Lojas Marisa (AMAR3), Track & Field (TFCO4) e Banco Pan (BPAN4).

Bolsa americana andará menos

Na live, os analistas disseram que a Bolsa americana terá um ano positivo, embora com retornos menores do que em 2021 e com mais volatilidade.

Lembrando que o S&P 500, um dos principais índices da Bolsa de Nova York encerrou o ano passado com valorização acumulada de 27%. 

Então, em 2022,  o stock picking será ainda mais importante

Segundo Felipe Miranda, muita coisa já está cara nos Estados Unidos. Um erro comum dos investidores, que precisa ser evitado é: “a Bolsa americana subiu, então ele vai lá comprar, vendendo a bolsa brasileira, que está barata”. 

“É como chegar na festa de Réveillon no dia 2 de janeiro vestido de braco”, disse o CIO e estrategista-chefe da Empiricus, referindo-se à alta que já passou no mercado americano.

Portanto, é interessante fazer novos investimentos pontuais na Bolsa americana, com muito critério, buscando o que ainda tem espaço para andar, e persistir em posições no Brasil, ações que estão hoje “amassadas”, mas com potencial de voar nos próximos meses.

Renda fixa: uma janela para aproveitar

Temos visto que as recentes altas da Selic levaram muitos brasileiros a reativarem o modo rentista. No entanto, conforme Rodolfo, é preciso ter cautela e não descuidar da diversificação da carteira entre as várias classes de ativos.

“De fato temos excelentes oportunidades em 2022 e um pouco em 2023, mas essa janela vai fechar, então, é interessante aproveitar para ‘travar’ algumas taxas generosas enquanto elas ainda existem”, alertou. 

Na live, o Felipe disse que vale ter uma posição pequena em títulos prefixados e defendeu uma posição maior em NTN-Bs, títulos públicos que pagam inflação mais uma taxa. “Assim, mesmo se a gente estiver errado quanto à inflação, o juro real é garantido”, disse.

Criptoativos e investimentos alternativos

No caminho da diversificação, Jojo Wachsmann destacou que criptomoedas estão ganhando cada vez mais a atenção dos investidores. 

O bitcoin teve valorização significativa em 2021, porém, existem diversas outras moedas digitais promissoras, por exemplo, as ligadas a finanças descentralizadas (DeFi) e NFTs (Non Fungible Token). 

E a vantagem é que há fundos que facilitam o acesso ao criptomercado – sem a necessidade de carteiras digitais e com gestão de especialistas que acompanham esse universo de perto. 

O Jojo também falou sobre outras alternativas com alto potencial como o fundo de urânio, commodity que produz hoje 10% da energia do planeta e que tende a avançar, assim como outros produtos ligados às questões ambientais e energéticas, dentre eles, os fundos de hidrogênio e de crédito de carbono.  

A redução das emissões de gases poluentes, a construção de matrizes energéticas mais limpas e a maior conscientização quanto às mudanças climáticas são tendências mundiais. 

Proteções na carteira são sempre bem-vindas

Além de indicar algumas ações de companhias que possuem receitas em dólar, Felipe Miranda disse que é interessante ter dólar na carteira, mesmo no patamar atual. 

Outra proteção mencionada pelos analistas é o ouro. Inclusive, eles disseram que Byron Wien, vice chairman da gestora Blackstone, projeta uma alta de 20% para o metal este ano, principalmente por conta da inflação global. 

Esses são os pontos principais da live, mas recomendo que você fique por dentro de todos os detalhes e insights desses craques do mercado – assista ao vídeo completo “Perspectivas para 2022”, é só clicar aqui

 

Sobre o autor

Daniela Rocha

Coordenadora de Conteúdo na Empiricus. Jornalista com MBA em Finanças na FIA. Atuou nas editorias de economia da TV Cultura e da Band e foi colaboradora do Valor Econômico, Exame e RI. 

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